A trilogia medieval "Angus" está sendo relançada pela editora Novo Conceito, e traz o final épico da história do valoroso cavaleiro medieval Angus MacLachlan , em uma mescla de romance ficcional com fatos históricos da idade média. O iG conversou com Orlando Paes Filho , autor da série, para entender como funciona essa miscelânia entre ficção e realidade.

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Angus
Divulgação
Angus

Orlando já atuou como representante da Marvel no Brasil, e afirma que a experiência foi bastante interessante, contudo, afirma que o mercado brasileiro ainda tem muito a melhorar, pois apesar de ser o segundo maior consumidor de quadrinhos, é o país em que os HQs custam mais caro e, por isso, tem menos variedade. Ele trouxe um pouco dessa experiência para a formatação da trilogia " Angus ".

Graças ao conhecimento adquirido através da Marvel, Orlando aprendeu a desenvolver o que chama de modelo de manual de marca de personagem da trilogia. Ele ainda explicou que trata-se de um livro completo com mais de mil ilustrações com poses e acessórios para que o personagem possa ser explorado comercialmente de diversas formas.

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Não é o Thor

Além disso, ele também ressalta que, apesar de ser um herói nórdico, Angus não tem qualquer relação com Thor, personagem da Marvel. "O meu personagem é um cavaleiro cristão, os nórdicos são pagãos e são inimigos dos católicos. Os pagãos tinham por regra matar crianças e escravizar mulheres, coisas que os católicos abominam. Por isso, o paganismo não sobreviveu nem por cem anos. Já o cristianismo perdurou por mais de três mil anos", esclareceu.

Quanto à questão da mescla entre história e ficção, ele garantiu que a trilogia está muito bem fundamentada quanto a isso, visto que o autor se dedica aos estudos desse importante período histórico há 40 anos, na Biblioteca do Mosteiro de São Bento, que conta com mais de 200 mil documentos históricos, que agem como fonte primária para os acontecimentos históricos relatados no livro.

Além disso, ele próprio tem seu acervo particular, que conta com cerca de 3 mil obras, entre elas, uma enciclopédia medieval britânica da Oxford, diversos livros de historiadores franceses, toda a obra de Santo Agostinho e São Tomas de Aquino, além de muito material sobre as cruzadas e livros sobre Constantinopla, que também aparece na trilogia. Há ainda nomes de peso como Carlos Magno e Alexandre, o Grande, que fundaram nações e não poderiam deixar de influenciar a história da trilogia.

Fascínio pela Idade Média

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Reprodução

Autor rejeita a comparação de seu herói nórdico com Thor

Orlando contou que é apaixonado pela Idade Média e pelos cavaleiros daquela época, que agiam de acordo com seus princípios, passados de geração em geração, e isso resulta em uma grande crítica social, que interpela pela retomada da moral cristã.

"O ser humano é capaz de grandes realizações e de grande nobreza de caráter, isso tudo está documentado principalmente na Idade Média. Isso se perdeu, naquela época, o homem era teocrático, com Deusem primeiro lugar, garantindo o equilíbrio entre habilidade e ação. Quando o homem moderno abandona deus para tomar a frente de suas ideias particulares, ele inverte o processo e não tem noção da sua missão, da complexidade da criação e não tem ciência da relação correta de valores dentro da criação. Dessa forma, ele quer substituir Deus sem ter conhecimento, sem ter poder, e fica subjugado do trabalho, do dinheiro e da ciência, sendo que estes são feitos para servir ao homem. Por isso, temos violência gratuita, desprezo pela vida humana e muita corrupção", explicou.

Universo nerd: será mesmo?

Apesar de ser vendido como um autor do universo nerd e geek, Orlando não gosta da denominação. Para ele, o termo nerd é extremamente pejorativo e busca manchar a imagem de quem se empenha nos estudos. "Pessoas que gostam de ler, de estudar, eu chamo esses jovens de pessoas que aderiram à alimentar sua inteligência, alimentar seus conhecimentos. Pessoas batalhadoras, esforçadas, não ganham de presente suas conquistas nos estudos", explicou.

Ele vai além e faz uma crítica à sociedade atual. "Nerd é um termo pejorativo que a classe executiva inventou porque é uma categoria lavadora de cérebros, porque todo mundo tem que ser um vendedor no mais baixo nível, fazer MBA, falar inglês e vender alguma porcaria. Todo o resto que escapa disso é nerd, louco, bicho grilo, rockeiro, porque os executivos que são muito inseguros. Maestro é nerd. Cientista é nerd. Doutor em literatura é nerd. Qualquer um que não seja um vendedor de pneus é chamado de nerd", divagou.

Além disso, ele também acredita que a construção social em torno do arquétipo do nerd foi uma estruturação feita pelo  Tavistock Institute , localizado em Londres, que estuda os fenômenos da engenharia social e o modo como ela pode afetar as relações humanas em todos os níveis. Na visão do autor, isso criou uma busca pela desmotivação da leitura, da ciência e da curiosidade, fazendo com que todos se prendam à uma estrutura engessada, que não apresenta chances de crescimento para os indivíduos.

Relançamento

O relançamento da saga do cavaleiro mediavel - que antes contava com sete livros - se deve ao fato de que ela nunca chegou ao fim nas publicações originais. Com a trilogia "Angus", o objetivo do autor é contar o final dessa história, que começou a se desenrolar nos anos 2000. O primeiro volume, "Angus - o primeiro guerreiro" segue similar ao começo da saga. Os dois livros seguintes, porém, são exclusivamente compostos por material inédito.

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Além disso, ele também explicou porque preferiu adotar o formato de trilogia "Angus". "Lançar sete livros no Brasil é muito demorado, os leitores mudam de faixa etária, e as editoras não gostam de temas medievais. Sendo assim, lançar uma trilogia é mais fácil para o leitor e para a editora sustentar", finalizou.

O livro

Lançado pela editora Novo Conceito, sob o selo Novas Páginas, "Angus - o primeiro guerreiro" conta com 368 páginas e está disponível nas principais livrarias do país. O preço sugerido é de R$ 39,90. 

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