Com referências a “Alien” e “Gravidade”, “Vida” diverte fãs de ficção-científica
Filme estrelado por Jake Gyllenhaal e Ryan Reynolds é a principal estreia desta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros; confira a crítica
A Sony não anda com sorte com suas recentes ficções-científicas. Mas em ano de “Blade Runner 2049” talvez seja apenas equilíbrio divino. Fato é que “Vida”, que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros, tem pedigree. É o novo filme do sueco Daniel Espinosa , que causou ótimas impressões com “Protegendo o Inimigo” (2012 e “Crimes Ocultos” (2015). Aqui ele adentra o vasto e frutífero terreno da ficção-científica com os préstimos do roteirista Paul Wernick, de “Deadpool” e “Zumbilândia”.
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Se você está vendo Ryan Reynolds como o elemento comum entre Wernick e Espinosa, acertou. O astro canadense que trabalhou com Espinosa em “Protegendo o Inimigo” foi o grande interlocutor para tirar “Vida” do papel. O filme bebe da fonte de “Alien – O Oitavo Passageiro” e, em alguns momentos, se aproxima perigosamente das circunstâncias dramáticas de “Gravidade”. Decalque de um, homenagem de outro, o filme ainda foi alvo de rumores de ser uma não assumida prequela de “Venon”, spin-off de “Homem-Aranha” que o estúdio está elaborando.
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Essa salada diz muito sobre o que “Vida” se tornou. Um filme que começa com bom torque filosófico e acaba aceitando sua vocação trash de peito aberto. E temos Jake Gyllenhaal e Ryan Reynolds como excelentes termômetros dessa condição. Completam o elenco os britânicos Ariyon Bakare e Rebecca Ferguson, o japonês Hiroyuki Sanada e a russa Olga Dihovichnaya.
O filme abre e logo temos um plano-sequência, tal qual em “Gravidade”. Daniel Espinosa é um cineasta de grande propriedade visual, sapiência narrativa e que consegue dar viço a um elenco tão heterogêneo como o dessa ficção, mas não é Denis Villeneuve – que só para não perdermos a analogia de vista é o diretor de “Blade Runner 2049”. Um time de cientistas a bordo de uma estação espacial internacional encontra um organismo vivo em Marte. A descoberta, muito comemorada a princípio, logo se revela aflitiva e com potenciais consequências catastróficas para eles.
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É a partir dessa sinopse que Espinosa vai arrefecendo o potencial filosófico do filme, abraçando referências visuais da série “Alien” e submetendo seus personagens a dilemas de vida ou morte.
Divertido, “Vida” comporta um paradoxo e tanto. Ainda que se mostre menos filosófico do que julgamos a princípio, é das ficções recentes a empreender maior pessimismo sobre as conquistas do homem no espaço.