Vencedor do Nobel de Literatura, Bob Dylan volta a causar sensação com o lançamento de “Triplicate”, primeiro álbum triplo da carreira do americano. Disponível nas lojas e plataformas digitais desde o dia 31 de março, o disco traz 30 novas gravações de músicas clássicas americanas feitas pelo artista de 75 anos.
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Este é o terceiro disco em que Bob Dylan interpreta clássicos americanos. Os outros foram “Fallen Angels”, de maio de 2016, justamente seu último lançamento, e “Shadows in the Night”, lançado em 2015. Figuram em “Triplicate” compositores renomados da cultura norte-americana como Charles Strouse, Lee Adams, Harold Arlen, Ted Koehler, Cy Coleman e Carolyn Leigh.
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Cada álbum da compilação tem um nome. O primeiro é “Til The Sun Goes Down”, com canções mais solares e enérgicas. Em “Devil Dolls”, Dylan se permite soturno e reflexivo e investe em canções como The Best is yet to Come e Where´s the One? . Já em “Comin’ Home Late”, temos um Dylan mais melancólico e à vontade com o blues que tanto lhe fez bem. São quando surgem It´s Funny to Everyone But Me e These Foolish Things .
Dá para dizer que “Triplicate” é um álbum mais afeito à percepção que temos de Frank Sinatra do que de Bob Dylan e não seria uma ilação incorreta. Mas Dylan investe personalidade em sua voz e apresenta interpretações agridoces de algumas das composições mais vívidas e referendáveis da música norte-americana. Mas a proposta não é a prova de críticas. Nem todas as baladas que compõem o disco funciona sob o jugo de Dylan, que inclui guitarra, baixo e bateria.
Bob Dylan já vendeu mais de 125 milhões de álbuns no mundo todo. E essa espiral de regravações de clássicos americanos se assevera como uma investigação, uma trip mesmo, de um autor pelos vestígios de sua arte. “Triplicate” é, sim, um Dylan mais insinuante, mas é também um gênio mais reconhecido pela qualidade de suas composições do que por sua força interpretativa dando a cara à tapa. Essa trip pode ser percebida como ególatra ou como um gesto de humildade de um cara que não tem mais nada para provar e que não se contenta em ser só um músico ganhador do Nobel de Literatura .