Em sua 2ª temporada, “Love” tenta equilibrar perspectivas do casal protagonista
Anseios de Mickey ganham mesma relevância e oxigenação dos de Gus. Série mantém perspicácia em flagrar autossabotagens diárias nas relações sociais
Por Reinaldo Glioche |
Judd Apatow gosta de falar de amor. Em alguns de seus filmes mais marcantes (“Ligeiramente Grávidos” e “Bem-vindo aos 40”), o tema é eixo central. Nada que se compare a “Love”, série que desenvolve para a Netflix e cuja segunda temporada já está disponível na plataforma de streaming.
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O segundo ano começa exatamente do ponto em que o primeiro terminou. Mickey (Gillian Jacobs) confessa a Gus (Paul Rust) ser viciada em sexo e amor e sugere que eles se afastem já que ela entende que essa proximidade estaria afetando sua capacidade de recuperação. Acontece que eles não conseguem se separar nem mesmo nas horas que se seguem, como “On Lockdown”, primeiro episódio da segunda temporada de “Love” , se ocupa de mostrar.
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Ao longo dos 12 episódios que compõem essa nova safra, Apatow e sua turma de roteiristas, que comporta tanto Rust como Jacobs, tentam flagrar não só as contradições dos protagonistas, mas permitir que eles mesmos as flagrem. A temporada se estende por um período pouco superior a um mês e deixa com que Gus e Mickey se envolvam em situações diversas que contribuam ou afrontem essa relação ainda em construção.
Os episódios “Shrooms” (4) e “A Day” (5), por exemplo, permitem que o casal experimente certo idílio. Seja por Gus experimentar cogumelos sob a supervisão de Mickey e apresentar para ela o icônico “Duro de Matar”, seja por compartilharem memórias e uma tarde na praia. Já o duo “The Work Party” (7) e “Marty Dobbs” (8) proporciona o estranhamento. No primeiro, Gus acaba recebendo um conselho duro e totalmente inesperado de Dr. Greg, que ainda não superou o fato de Mickey não querer nada com ele, e no segundo se vê no meio da conturbada relação de Mickey e seu pai.
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“Love” continua adotando majoritariamente o ponto de vista de Gus, mas parece consciente de que para os propósitos da série, os conflitos de Mickey e seus receios e angústias em relação a Gus precisarão ser ofertados ao público de uma perspectiva mais dela. Este é um equilíbrio delicado que muita gente se queixou de que faltou no primeiro ano e parece mais ajustado nesse segundo ano.
No limiar, “Love” segue certeira no apontamento que faz dos nossos vícios nas relações sociais, em geral, e amorosas, em particular, e mantém-se como um prisma fiel das exacerbações do amor e das idiossincrasias dos gêneros.