O Lollapalooza foi criado para refletir o cenário da cultura alternativa do início da década de 1990, mas atualmente está bem longe de ser o que seu criador, Perry Farrel, idealizou. Hoje os papeis se inverterem e, o que um dia foi o “carro chefe” do evento agora se tornou o “lado B” que se esconde atrás de grandes artistas e shows monumentais. Enquanto nomes de peso como Metallica servem de fachada para conquistar o público e esgotar rapidamente os milhares de ingressos oferecidos, artistas menores preenchem o maior espaço do festival e se fortalecem com a visibilidade do evento.
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Aprendendo com os erros
Depois do experimentar o sucesso nos anos subsequentes à sua criação, seu reconhecimento como festival alternativo foi o pretexto para sua própria ruína: em 1996 o Metallica foi convidado para encabeçar o lineup do evento que, até então, só contava com artistas “underground” e que não faziam parte do circuito comercial. A adição polêmica da banda de rock ao festival causou boicotes que acabaram levando o evento daquele ano ao fracasso. No ano seguinte o Lollapalooza foi cancelado e até 2003 ficou mergulhado em um hiato que parecia não ter fim.
Seu resgate efetivo só aconteceria em 2005 quando a organização passou a apostar em artistas de renome para atraírem público e se tornarem os “headliners” do festival. A edição deste ano do festival no Brasil, por coincidência, terá o Metallica – a banda que transformou o “Lolla” em um fiasco em meados da década de 1990 – como principal atração para o final de semana de shows que terá, no total, 47 apresentações divididas em quatro palcos.
Indo de carona
A troca mútua entre o evento e os artistas foi benéfica, principalmente, para pequenos artistas que sozinhos não teriam chances de alcançar o público que o festival abrange. Por um lado o Lollalapooza usa bandas como The Strokes para ganhar popularidade , por outro são os artistas do cenário “undergroung” que enchem o lineup e proporcionam horas de músicas e apresentações continuas em diferentes pontos do Autódromo de Interlagos. Dos 46 artistas e bandas, 85% são menores e acabam pegando “carona” na imensa popularidade das outras.
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Reconhecendo seu mérito
Os gêneros das atrações menores podem variar muito – elas vão do pop, passando pelo indie , rock, rap e finalizando na música eletrônica – e a diversidade de estilos sempre foi um dos pilares do evento que, desde sua criação, dava espaço para artistas como Ice-T. Os brasileiros também estão infiltrados no meio de tantos nomes internacionais: Criolo , Jaloo , Céu e BaianaSystem são os destaques nacionais do lado alternativo do festival.
Os DJs também chegam com força no lineup desse ano – ao todo, serão 14 representantes do gênero de diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, para agitar o festival. As bandas Bratislava, Doctor Pheabes e Jimmy Eat World irão dar um tom mais pesado ao evento com diferentes estilos de rock.
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Mesmo sendo pouco mencionados e muitas vezes “deixados de lado” na divulgação do evento, os artistas que integram “lado B” do Lollapalooza são fundamentais para seu sucesso e sustentam a estrutura do festival para ter os gigantes sob os holofotes. Talvez o festival não tenha se afastado tanto de suas raízes quanto parece, pois, de uma forma ou de outra, está viabilizando a expansão da música alternativa.