Assédio, padrões de beleza, sexualidade, feminicídio ou o lugar no mercado de trabalho são algumas das questões que permeiam as histórias de vida das mulheres. Pensando nessa convergência de temas, as mulheres do Coletivo As Minas criaram a peça “Eu Quase Morri Afogada” com um roteiro completamente original para mostrar como a desigualdade de gênero interfere no cotidiano das brasileiras.

O coletivo de teatro As Mina montou um texto próprio baseado em histórias reais de mulheres
Divulgação/Babi Guinle
O coletivo de teatro As Mina montou um texto próprio baseado em histórias reais de mulheres


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“Nós estamos nos encontrando há muito tempo, encontrando material e conversando sobre diversos temas. A partir disso muitas meninas foram dando depoimento e chegamos no texto”, revelou Rayza Noiá, idealizadora da peça de teatro “Eu Quase Morri Afogada” em entrevista concedida ao iG. A construção da peça, que é produzida totalmente por mulheres, foi uma forma das artistas também superarem as violências às quais foram submetidas. “Durante o processo só das mulheres falarem sobre isso, lançarem um olhar sobre os abusos que sofreram já era um processo curativo”, comentou a artista. “O mais importante é a sororidade. É que todas estamos juntas”, completou.

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Noiá também acredita que esse sentimento de união possa passar para o público de alguma forma e ajudar outras mulheres a se sentirem acolhidas em relação às situações que já viveram. “A mulher se ente muito sozinha quando se vê passando por essas situações difíceis, não recebem acolhimento da sociedade. Nós nos vemos no olhar da outra, então por mais que nós tenhamos passado por dificuldades, alguma amiga do seu lado também passou e juntas somos mais fortes e conseguimos superar. Isso com certeza vai passar para o publico de alguma forma. Nós falamos que as historias são fáceis das pessoas se identificarem”, comentou a artista.

Uma peça feminista

Com uma ficha técnica completamente composta por mulheres, Rayza Noiá afirma que uma das intenções da apresentação é revelar o que é o feminismo. “É para tirar o feminismo das palavras feias das pessoas. É comum que as pessoas achem que o feminismo seja algo como as mulheres superiores aos homens, sendo que o feminismo é a equidade de direitos”, comenta a artista. “A gente queria fazer basicamente que o nosso espetáculo disse: ‘olhe a importância dessa luta e vamos entender essa luta de uma vez por todas, por favor’”, completou a artista.

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Durante a construção do conceito da peça, Noiá afirmou que teve que fazer uma busca muito profunda para encontrar nomes de mulheres no teatro, uma arte que começou com a proibição das mulheres em cima dos palcos. “Até dentro do teatro a gente não tem a Shakespeare ou a Nelson Rodrigues. São sempre homens que estão à frente. Não é porque as mulheres não sejam boas, mas elas são subjugadas de uma forma que você tem que caçar seus trabalhos”, comentou a artista. “Quando eu idealizei esse projeto eu até encontrei bastante produções do universo feminino, mas com um diretor homem. Por mais que a pessoa simpatize com a luta, ele não vai entender isso como uma mulher. A gente conseguir um trabalho com mulheres competentes para falar sobre isso é a prova de que estamos aqui”, refletiu a artista.

Serviço

Eu (Quase) Morri Afogada Várias Vezes

Local: Sede das Cias.

Endereço: R. Manuel Carneiro, 10 – Escadaria Selarón - Lapa, Rio de Janeiro.

Inteira: R$40 / Meia: R$20.

**Ingresso-amigo (para todos que levarem 1kg de alimento não perecível a ser doado para instituição de caridade de apoio à mulheres): R$20.

**Ingressos vendidos somente na bilheteria do local.

Temporada no teatro: De 17 de março a 24 de abril - De sexta a segunda, sempre às 20h.

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