King Kong retorna triunfante no divertido "Kong - A Ilha da Caveira"
Com locações no Vietnã, novo filme dá tratamento original à mitologia de King Kong e tem potencial para agradar novos e antigos fãs; leia a crítica
Por Reinaldo Glioche |
Um dos maiores monstros do cinema, King Kong é sempre um acontecimento quando ressurge na tela grande. Sua última incursão, na refilmagem pilotada por Peter Jackson e lançada em 2005, foi ambiciosa e romântica. Era o Kong que sempre quisemos ver no cinema (com efeitos especiais caprichados, orçamento robusto, liberdade criativa, etc), mas ao mesmo tempo era o Kong que sempre vimos no cinema.
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“Kong – A Ilha da Caveira” chega para dirimir esse estranhamento. Não é um filme de origem, mas não é a história de King Kong que vimos em 1933, em 1976 e em 2005. Jordan Vogt-Roberts, do obscuro “Os Reis do Verão”, traz estilo e sustância visual para o filme que devolve o maior gorila do cinema a seu habitat. A ilha da caveira é puro exotismo e os personagens, por mais que remontem antigos clichês de gênero, transbordam carisma como a fotojornalista antiguerra de Brie Larson e o ex-militar britânico vivido por Tom Hiddleston .
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Elenco comenta o filme em vídeo exclusivo
Dois cientistas vividos por John Goodman e Corey Hawkins convencem um senador a custear uma expedição a uma remota ilha para descobrir o que está acontecendo por lá antes dos russos. A paranoia motivada pela guerra fria não será a única boa referência histórico-política do filme. Roberts empresta de um dos filmes de guerra mais icônicos e reverberantes de Hollywood, “Apocalipse Now” , toda a sua estrutura dramática e, embora tenha que fazer concessões – como o subtexto da bela e a fera inerente a todas as encarnações de Kong -, afere um frescor muitíssimo bem vindo ao subgênero de filme de monstro.
A grande ambição de “Kong – A Ilha da Caveira” é entreter e isso é algo que cumpre exemplarmente. O visual do filme é de encher os olhos. A cena em que Kong enfrenta um pelotão de helicópteros é das coisas mais impressionantes e empolgantes para o fã do bom cinema de ação que em algum tempo no cinema. Nesse sentido, embora enverede por uma narrativa completamente diferente da proposta por Gareth Edwards em “Godzilla” (2014) – e acredite: isso importa - Roberts alcança um resultado mais impactante de uma perspectiva de cinema enquanto espetáculo.
Em última análise, este é um filme feito por um fã para fãs de King Kong. Das lutas com lagartos gigantes maravilhosamente articuladas à rivalidade com o surtado coronel vivido por Samuel L. Jackson, mais do que atualizar o personagem, “Kong – A Ilha da Caveira” faz justa reverência ao rei mais longevo do cinema.