“Souvenir” é declaração de amor do cinema francês por Isabelle Huppert
Comédia dramática que estreia nesta quinta-feira (9) no Brasil traz atriz na pele de uma cantora que caiu em ostracismo e tenta reavivar a carreira
Por Reinaldo Glioche |
O cinema francês sabe tratar bem suas atrizes. A cinematográfica Isabelle Huppert, que recentemente concorreu ao Oscar e ganhou uma cota de prêmios por seu desempenho em “Elle” , é a grande razão de ser de “Souvenir” , que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9).
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No filme de Bavo Defurne, Isabelle Huppert é Liliane Cheverny, uma mulher solitária que trabalha em uma fábrica de torta salgadas e leva uma rotina um tanto quanto entediante. O que logo descobriremos é que no passado ela foi Laura, uma cantora de certa fama que fez muito sucesso com a canção Souvenir. Ela caiu no ostracismo depois de ser abandonada pelo namorado, produtor e empresário Tom Jones (Johan Leysen).
Liliane devaneia em seu íntimo com seus dias de glória e fama, mas evita a fantasia sempre que pode. No entanto, Jean (Kévin Azaïs), um jovem boxeador que trabalha como temporário na mesma fábrica de Liliane, se empolga ao descobrir que está diante de Laura e à medida que se aproxima dela tanta convencê-la a se lançar novamente no mercado.
Defurne sabe que se tem Isabelle Huppert em seu filme, ela responderá exponencialmente por muito do que seu filme tem a ofertar. Trata-se de uma atriz que combina exuberância, carisma e talento em escalas muito próximas e que costuma provocar um misto de fascínio e condescendência no público. E aqui ela ainda canta.
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“Souvenir” não é exatamente um filme sobre o retorno de uma grande estrela, tampouco sobre a história de amor que oxigena a vida de um jovem ainda indeciso sobre que rumos seguir, mas um filme que espera agigantar-se na memória afetiva do público escorando-se sábia e conscientemente em sua protagonista.
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Huppert trabalha muito bem o impacto que o retorno de Laura tem em Liliane e o espectador pode intuir o que exatamente deu errado antes. Trata-se de um trabalho delicado de composição, trabalhado em cima de fragilidades que são apenas sugeridas.
“Souvenir” é um bom filme e tem Isabelle Huppert exibindo a mesma categoria que nos acostumamos a esperar dela. Mas é, acima de tudo, um testemunho eloquente da reverência do cinema francês a seus grandes nomes.