Lançado na esteira de recordes colhidos pelos singles Shape of You e Castle on the Hill, “÷” (Divide) é o terceiro disco de Ed Sheeran, que retorna com toda a sua ruivice fofa depois de um ano praticamente sabático. As 12 faixas do álbum, 16 na versão deluxe, entregam esse viés calculista do britânico que se experimenta para multiplicar seus fãs.
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O terceiro disco de Ed Sheeran , que sucede “+” (2011) e “X” (2014) traz as baladas que fizeram sua fama com aquele pop calculado e cheio de batidas eletrônicas tão certeiras como viciantes, mas também traz um cantor/compositor mais ousado – e essa é boa notícia do disco.
Galway Girl, que o cantor teve que brigar para incluir no disco, é bem melhor do que os singles que dominam as paradas. É uma deferência do britânico a suas raízes irlandesas e é toda ela cativante, daquelas que você começa a assobiar sem se dar conta. O britânico também cede aos arranjos latinos em Barcelona e Bibia be ye ye, e encara inseguranças fazendo rap em Eraser, que abre o disco.
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Os momentos mais convincentes, no entanto, são mesmo quando Sheeran atua na sua área de conforto e as baladas românticas Perfect, com uma inesperada pegada jazzística e feita para a namorada, Happier, Hearts Don´t Break Around Here e Save Myself devem garantir a satisfação de quem já estava acostumado ouvir o britânico e espera encontrar o que lhe agradou nos dois primeiros trabalhos.
Sheeran manda muito bem nas divertidas e “pra cima” New Man, que se caracteriza por certa ironia narrativa, algo incomum no pop grudento do cantor, e What do I Know?, que faz lembrar um Jack Johnson no auge. “Love can change the world in a moment/But what do I know?”, canta Sheeran fazendo quem ouve cantar junto.
Versos irresistíveis e uma sonoridade bem mais diversa e multifaceada do que poderíamos esperar são os pontos altos de “÷” (Divide), mas talvez fosse melhor que Ed Sheeran tivesse maneirado nas baladas românticas. A sensação que se tem é que ele quis ousar, mas não o suficiente para alienar seu público. Faltou ousadia na ousadia do britânico. De toda forma, seu disco será um dos acontecimentos de 2017. Se sobreviverá ao ano para ganhar pujança histórica já é outra conversa.
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