A continuação da comédia “ Os Penetras ” faz o título do filme parecer simbólico, já que dessa vez o grupo é na verdade o grande convidado da próxima vítima. A trama começa com um súbito desaparecimento de Marco Polo ( Marcelo Adnet ), que no filme anterior tinha como objetivo liderar o grupo de trapaceiros pelas festas e eventos dos personagens mais ricos do Rio de Janeiro. Para seus companheiros Nelson ( Stepan Nercessian ) e Laura ( Mariana Ximenes ), Marco Polo é um grande vigarista que traiu a confiança de todos e pegou todo o dinheiro conquistado no fim do último filme para si mesmo. Apenas Beto (Eduardo Sterblitch), em sua inocência que quase beira uma realidade paralela, acredita que o amigo vai voltar.
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Na trama, Marcelo Adnet deixa o protagonismo do filme de lado, Nelson assume a liderança do grupo e o desaparecido transforma-se em uma ilusão que persegue Beto. Assim, Marco Polo passa a ser o alter ego do desequilibrado personagem que constantemente tenta se encaixar no perfil do amigo, ainda que os conselhos vindos dessa imagem flertem frequentemente com o clichê do “seja você mesmo”. Com um nível de loucura mais avançado e a interpretação lúdica de Eduardo Sterblitch , Beto rouba o protagonista do filme: graças a ele Santiago ( Danton Melo ) pode entrar em cena e a próxima vítima dos golpistas, o russo Oleg ( Mikhail Bronnikov ), acaba convidando os seus próprios inimigos para dentro de casa.
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Para Eduardo Sterblitch, trazer este complexo personagem novamente para “Os Penetras” é necessário se reinventar. “É preciso ficar preocupado sempre com a composição, com os detalhes”, afirmou em coletiva de imprensa realizada em São Paulo. Apesar de ser identificado como o louco da história, Beto é o personagem mais humanizado de toda a trama. Ainda que a sua relação com Marco Polo seja recente na história, ele é o único que verdadeiramente sente a ausência do amigo e o que deixa seus sentimentos entrarem em conflito com a imposição da ganância, como demonstra na desistência de roubar o mafioso russo.
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Pela falta de humanização dos outros personagens, suas figuras acabam caindo em clichês que pouco contribuem para a comédia. Os russos, por exemplo, não conseguem fugir da caricatura do imaginário ocidental de seres efusivos e violentos e as mulheres, que possuem papel destacado apenas nas personagens de Laura e Svetlana ( Elena Sopova ), são sensuais, frias e gananciosas, reafirmando o estereótipo já calejado de mulher interesseira. Ainda que as cenas entre Beto e Oleg deem margem ao riso, a comédia fica por conta da inocência e espontaneidade da figura do louco e não pela caricatura representada no personagem russo.
Em geral, o filme possui um enredo leve que tenta fugir do óbvio, o que beneficia a comédia e torna o longa divertido. Além disso, “Os Penetras 2: Quem dá mais?” não possui um final exato e dá margem para mais histórias, deixando o espectador curioso em relação ao futuro do grupo, que termina o filme maior e mais unido.
Os bastidores
Segundo o diretor Andrucha Waddington, a proposta de “Os Penetras 2: Quem dá mais?” era realizar um “filme independente do primeiro sem trair o público”. O filme foi um desafio para Andrucha que, em coletiva de imprensa, afirmou que nunca havia realizado uma sequência anteriormente. “Os personagens já existiam, o elenco já sabia como os personagens se comportavam”, afirmou o diretor em referência aos desafios enfrentados no set de filmagem.
Apesar disso, Andrucha foi bastante elogiado pelos colegas, como pelo comediante Adnet, que revelou que o diretor é “um cara que vai para o set com a mente aberta” e pelo ator Eduardo Sterblitch, que acredita que o diretor dá uma liberdade para o elenco expor sua versão das situações do enredo. Além disso, tanto a produção quanto o elenco do filme se preocupou em trazer para as telonas uma homenagem ao antigo diretor de fotografia Ricardo De La Rosa, que faleceu em abril de 2015 e ao ator Luiz Carlos Miele, que morreu em outubro do mesmo ano.