Agora é oficial! Pabllo Vittar
foi longe demais: fez um dos shows mais comentados do Lollapalooza
, extrapolou as editorias de entretenimento para ocupar os espaços dedicados à política, virou pauta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a notícia de maior destaque nos principais portais brasileiros, incluindo, claro, o iG
. É uma das maiores artistas da atualidade e fez por merecer tamanho destaque.
Pabllo Vittar foi longe demais porque nasceu no Brasil, país onde ser homossexual afeminado exige uma intensa luta pela sobrevivência. A artista superou os traumas e ainda fez da própria história inspiração para o hit "Indestrutível". É a ressignificação da dor.
Pabllo nasceu no Maranhão e aprendeu desde cedo que a luta para os nordestinos é mais árdua. Mesmo assim, em 2022, ela se tornou a drag queen mais seguida do mundo nas redes sociais.
A artista foi longe demais porque voltou como uma das principais atrações de um festival do porte do Lollapalooza após, em 2017, roubar a cena no Rock in Rio em um pocket show em um stand de patrocinador e ao dividir o palco com Fergie. Ela deu o nome lá atrás e hoje ocupa o espaço que é dela por direito e merecimento.
Mas esse texto se dá após o ministro Raul Araújo, do TSE, atender a um pedido do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e proibir manifestações políticas nos shows do Lollapalooza . A foto de Pabllo Vittar, drag queen e nordestina, ostentando uma toalha feita de bandeira com o rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi demais para a parcela do Brasil que acredita no mito da "mamadeira de piroca".
O despacho do magistrado diz que fica proibida "a realização ou manifestação de propaganda eleitoral ostensiva e extemporânea em favor de qualquer candidato ou partido político por parte dos músicos e grupos musicais que se apresentem no festival" e estabelece multa de R$ 50.000,00 por ato de descumprimento.
Não é de hoje que Pabllo se posiciona politicamente. E não vai ser agora que ela irá parar. Em primeiro lugar porque a arte sempre foi instrumento de luta contra o sistema. E aqueles que estiverem no poder, independentemente da posição que ocupem no espectro ideológico, vão ter e lidar com isso. Depois porque a simples existência da drag queen é um ato político. A vida, o corpo, o sucesso dela são símbolos da resistência.
Pabllo Vittar foi longe demais. E vai ainda mais. Que assim seja.
Seguimos...