As duas maiores redes livreiras de lojas físicas do Brasil entraram em recuperação judicial e já fecharam mais de 20 lojas. No meio da avalanche descontrolada dos não pagamentos às editoras e das demissões em massa, temos o leitor que se sente sem um lar para chamar de seu.

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Livraria do Comendador, em São Paulo, traz a proposta de espaço para encontros, debates, além de uma cafeteria intimista
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Livraria do Comendador, em São Paulo, traz a proposta de espaço para encontros, debates, além de uma cafeteria intimista

Livrarias são como uma casa de vó para esses leitores. Um lugar aconchegante, onde ele se sente seguro e sempre pronto para recebê-lo. Essa identificação com grandes redes sempre será maior por uma questão numérica, pelo simples fato de terem mais lojas físicas espalhadas pelo Brasil e por estarem majoritariamente presentes nos shoppings e grandes centros comerciais.

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Tem sido muito recorrente eu ler em grupos de livros sobre esse sentimento, digamos, de abandono, que os leitores estão sentindo, como se estivessem ficando desabrigados. Parece que duas livrarias, por mais que dominem o mercado, representam, na verdade, a totalidade dos meios de comercialização do mercado editorial.

Vou além. Essa associação atinge até os escritores. Para muitos, não ter seus títulos disponibilizados para venda em umas dessas grandes redes, por exemplo, é não fazer parte do mercado. É como se isso impactasse diretamente em seu sucesso.

Você viu?

Claro que não é confortável vermos duas gigantes em situação tão complicada, até porque isso tem impacto direto no lucro das editoras. Mas vejam só: O mercado livreiro é muito amplo, com diversas frentes de atuação. Vejo um grande esforço de profissionais para trazer atividades em parceria com outras redes e livrarias independentes. Aliás, fico extremamente feliz quando vejo novas lojas de rua abrirem com um charme intimista e uma combinação perfeita entre café e livro.

Bate-papo na livraria independente Rara Books, na cidade de Poá.
Elisa Dinis
Bate-papo na livraria independente Rara Books, na cidade de Poá.

É a mostra de que o mercado está em busca de se reinventar, e nos mostra também o quanto é perigoso apostar todas as suas fichas em um ou dois caminhos. Existem várias livrarias independentes que buscam alternativas com atividades, debates e se mostram um caminho excelente para vendas.

Vale também lembrar que a internet tem um papel importante nesse processo. Por lá vivem leitores mais jovens e antenados, em busca constante de atualização e, ainda, nos mostrando uma nova forma de tratar o livro. A venda online é uma realidade e devemos usá-la ao nosso favor, como um caminho sólido para comercialização e promoção do livro.

A livraria física continua como um ponto de venda importante, como sempre foi. O que precisamos é ajustar, não só o olhar do consumidor para além da crise, mas manter cada vez mais constante o nosso olhar profissional atento. São inúmeras as novas oportunidades de atividades interativas, rodas de conversas, debates que proporcionam ao nosso público consumidor experiências que o aproximem cada vez mais do livro.

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Livrarias são a porta de entrada para o conhecimento, aconchego e paz, e estão prontas para receber o leitor, assim com a casa de uma vovó.

Para pautas e sugestões: colunaquartacapa@gmail.com

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