Maurício de Sousa e Fundação Dorina Nowill para cegos lançam livro inclusivo

“A inclusão sempre foi uma de nossas metas nas historinhas da Turma da Mônica”, observa Maurício de Sousa, o escritor e criador das HQs

Todo em braille e com letras ampliadas, “Como Dorinha vê o mundo” é o resultado do projeto entre o Instituto Maurício de Sousa (http://www.institutomauriciodesousa.org.br/) e a Fundação Dorina Nowill (https://www.fundacaodorina.org.br/) para cegos, que terá distribuição gratuita para 500 escolas da rede municipal de ensino de São Paulo.

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Foto: Divulgação - Fundação Dorina Nowill para Cegos
Dorinha com uma criança

Falar sobre inclusão para pessoas com deficiência visual sem falar da Dorina Nowill é praticamente impossível. Dorina ficou cega repentinamente aos 17 anos e a partir daí dedicou sua vida com estudos e aperfeiçoamentos para que pessoas com deficiência visual tivessem acesso à leitura. Esse ano, ela completaria 100 anos.

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Em 1946 criou a atual Fundação Dorina Nowill , que atende crianças e adultos cegos ou com baixa visão e que proporciona atendimentos para que adquiram independência nas realizações de suas atividades diárias, incluindo, por exemplo, aprender a ler em braille.

Quando eu quis ir conhecer a fundação minha intenção era falar sobre os livros em braille, pois acho extremamente importante pensarmos e debatermos sobre a inclusão nas mais diversas esferas, incluindo a literária. Mas quando cheguei na sede, encontrei muito mais do que eu poderia supor. Existe uma infraestrutura moderna, com profissionais e voluntários altamente capacitados e muita, mas muita receptividade ao externo.

Foto: Divulgação - Fundação Dorina Nowill para Cegos
Livro Como Dorinha vê o mundo

E logo após receber a notícia de que a Lego, em parceria com a Fundação haviam lançado o Lego inclusivo, recebo também a do lançamento do livro “Como Dorinha vê o mundo”.

Maurício de Sousa, após conhecer Dorina Nowill e uma dúzia de conversas, se inspirou em algumas de suas características para criar a personagem Dorinha: “Nós já havíamos criado o Luca (cadeirante) e em 2004 pensamos a Dorinha porque são milhares de pessoas com deficiência visual que precisavam ter uma representatividade no Bairro do Limoeiro".

E mais, o livro traz a proposta de romper as barreiras do preconceito e mostrar como crianças com deficiência visual podem levar uma vida divertida e cheia de atividades como todos nós.  “A Dorinha mostra às crianças como ouvir o som do mundo, sentir seus perfumes e sugerir o hábito da inclusão, onde todos se tratam de igual para igual", explica o quadrinista.

Livros infantis têm papel fundamental não só na alfabetização, mas também no estímulo a formação de novos e potenciais leitores, e a Turma da Mônica , por décadas, faz parte desse processo.

Ciente do seu papel na literatura, o criador da turma mais famosa do Brasil sabe dessa responsabilidade e do poder transformador da leitura e nos conta como se encantou pelos quadrinhos: “Quando criança de uns 5 anos de idade encontrei uma revistinha meio rasgadinha na rua e levei pra casa. Meus pais viram meu interesse e começaram a trazer mais gibis e liam para mim. Chegou um momento que eu queria aprender a ler para não precisar mais do tempo de meus pais e minha mãe me alfabetizou em 3 meses. Então minha contribuição é continuar a fazer esse trabalho de estímulo à leitura”.

Foto: Divulgação - Fundação Dorina Nowill para Cegos
Mônica com uma criança

A inclusão de criança com deficiência visual no acesso à leitura por braille com personagens tão presentes na nossa cultura, como é a Turma da Mônica, é mais que um projeto especial e lindo, é o resultado concreto do poder que um livro tem.

Inclusão na literatura é a base para uma educação igualitária.

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Você sabia?

- O Braille não é uma língua independente e sim um sistema de leitura tátil que segue todas as regras gramaticais da Língua portuguesa.

- Apenas o sistema braille é capaz de alfabetizar uma pessoa que nasce cega.

- Uma página de texto equivale a mais ou menos três em Braille, por isso os livros em Braille são divididos em volumes de até 150 páginas cada.

- Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil, há mais de 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual.

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