Estrela de "Bia", do Disney Channel, Gabriella Di Grecco fala sobre vida e série
Em bate-papo exclusivo com o iG Gente, ela abriu o jogo e o coração e coroou a boa fase: "Aprendi demais! Costumo dizer que vivi dez anos em dois"
Gabriella Di Grecco
é a brasileira coprotagonista de "Bia", uma das maiores audiências do Disney Channel, atualmente disponível no Disney Plus e sucesso na Europa e América Latina. Aposta do canal, a atriz apresentou até o início de 2021 o programa "Disney Planet News", ao lado de Bruno Heder, sendo a responsável por cantar a música de encerramento no lançamento da plataforma, em novembro do ano passado, que contou com a participação de nomes como Michel Teló e Claudia Leitte.
Gabi, que tinha feito sua base nos palcos, onde teve papéis centrais em musicais de renome como "Cinderella" e "Cinza", também passou por Globo e SBT, nas novelas "Além do Tempo" e "Cúmplices de Um Resgate", respectivamente, mas foi na trama da Disney que ganhou uma legião de fãs latino-americanos fiéis, motivo pelo qual seus stories costumam ser em espanhol. Procurada, topou falar da experiência de se mudar para a Argentina e como fez para se virar no castelhano. Confira aqui!
1. Sabemos que muitos atores e cantores que começaram como estrelas do Disney Channel têm uma carreira incrível. Enxerga isso como inspiração? E qual a diferença de ser lançado na Disney americana e na latina?
Realmente, quando você é aprovado para um projeto, ainda mais num papel relevante, é inevitável não se lembrar das grandes personalidades que passaram por lá também. Então, por um lado, fiquei muito feliz porque minha arte poderia chegar a mais pessoas. Por outro, a projeção nunca foi o meu foco principal, pelo contrário, busquei manter a minha mente no que amo fazer, pois foi isso que me trouxe até aqui.
Já a Disney é uma empresa competente e procura conservar um padrão de qualidade e cuidado em tudo que faz. Nesse sentido, não vejo diferenças entre o Disney Channel EUA e Latino-américa, além da experiência produzindo séries. A unidade dos Estados Unidos faz isso há décadas; na América Latina, há menos tempo.
2. Como define a experiência de fazer parte do elenco de "Bia", que é esse sucesso todo?
Extraordinária! Com ela se aprende sobre arte, disciplina, estar disponível, encontrar soluções criativas, a indústria do entretenimento... É aquela coisa: "Só quem viveu sabe!". Pude desfrutar desse processo. Ainda mais com colegas de tantos países diferentes! Aprendi demais! Costumo dizer que vivi dez anos em dois! Sou agradecida por ter vivido isso.
3. Embora a Disney ofereça produtos para toda a família, ainda se tem a imagem de que é voltada para o público infantojuvenil. A responsabilidade é diferente?
É normal pensar que se deve falar com jovens com responsabilidade. Mas, na verdade, penso que devemos ter esse cuidado com qualquer pessoa. Busco conversar com todos da mesma forma, com atenção, afeto, seriedade, carinho e amor. Adolescentes e crianças são inteligentes! Entendem absolutamente tudo! Amo trocar ideias com os fãs da série! Eles me ensinam mais do que jamais poderia ensiná-los.
4. Pelo que li, você aprendeu espanhol rápido. Poderia dividir um pouco mais dessa metodologia?
Costumo dizer que meu nível não era nem básico. Era de sobrevivência mesmo (risos) e aconteceu assim que me mudei para a Argentina. Estudava várias horas, todos os dias, além da experiência imersiva de estar vivendo em um país que fala esse idioma. Foi intenso no começo, mas era necessário. Depois, o aprendizado era diário, conversando com as pessoas, lendo os roteiros, vendo os noticiários na TV. Então, não há caminho certo e errado. Tem o do contato que se faz com a língua; o resto é didática.
5. O que tem assistido nesse momento e que séries indicaria?
Esses dias, vi "Raya e o Último Dragão", do Disney+, e simplesmente amei. Lindo de viver! Todo mundo precisa ver esse filme, sério! Também recomendo o "Soul". Sobre os seriados, como estou na saga de aprender japonês, tenho visto "Terrace House Tokyo", que é um reality de convivência, e "Death Note", anime que fala sobre como as pessoas reagem ao saber que têm um grande poder nas mãos.
6. Você sempre pensou em atuar?
Segundo a minha mãe, desde que era pequena. Acho que a minha história com atuação tem a ver com a curiosidade que tenho sobre o mundo. Nunca entendi direito e costumava me perguntar: "Quem sou?", "O que estou fazendo aqui?", "De onde vim?", "Para onde vou?". Num momento bastante difícil da minha vida, aos vinte e um anos, essas questões foram colocadas em xeque.
Foi aí que resolvi escutar meu coração e fui para a arte. Montei a minha banda Helena de Troia, me envolvi com fotografia e direção e comecei a buscar a carreira de atriz. E, sinceramente, fazer o exercício de abrir mão de mim mesma, das minhas convicções e crenças para vestir a pele de outra pessoa tem me dado respostas para aquelas perguntas existenciais.
7. Conte um pouco sobre a experiência de se mudar para a Argentina por conta das gravações.
Enriquecedora! Estar em contato com outras culturas e sistemas de pensamento te desconstrói e te faz crescer bastante. Lidar com esse projeto me desenvolveu como ser humano e artista, e até mesmo me ajudou a aprimorar minhas práticas de sustentabilidade. Quando estamos disponíveis, surge uma grande oportunidade para evoluir. E esse é um dos temas mais importantes da série. Conviver com as diferenças, aceitá-las, respeitá-las, apreciá-las e aprender com elas nos torna melhores.
8. E o que acha que "Bia" tem de diferente?
Um dos pilares é sobre ser você mesmo, não importa o que diz a sociedade. E esse aspecto é mostrado por meio de núcleos distintos. Outro diferencial, que creio ser um dos mais importantes, é o amor fraternal entre as irmãs (Bia e Helena) que se separaram por um acidente. E é o sentimento que as leva a buscar esse reencontro, custe o que custar. No ano passado, por exemplo, ganhamos o Kids Choice Awards de melhor programa de TV. Foi gratificante! Com certeza, é uma experiência que levo no meu coração e ainda sigo aprendendo com ela. Agora que se abriu espaço na carreira internacional, como artista, as possibilidades são inúmeras, e estou estudando e formando parcerias para levar a arte para diversos lugares!
9. Você tem um projeto no YouTube chamado "Tamo Junto". De onde veio a ideia?
De um momento em que senti que precisava me conectar mais com as pessoas. Estabelecer conexão com alguém significa estar disponível para entrar no mundo dela, entendê-la de verdade. Nós, como atores, fazemos isso na etapa de construção de um personagem. E me dei conta de que, na vida, como Gabriella, necessitava colocar esse processo profundo de empatia mais em prática. Daí surgiu o "Tamo Junto", em que realmente faço o exercício de adentrar totalmente o universo do convidado.
10. Quais são seus próximos projetos?
Além de um como atriz e outro como cantora, também estou viabilizando a terceira temporada do "Tamo Junto" na web. Na educação, montando uma estrutura para ajudar as pessoas que querem não só entrar, mas também se manter no universo artístico! Em breve, vou poder contar tudo!