Com três décadas de carreira, Emanuel Jacobina só tem motivos para comemorar. Um deles é que, em abril, "Malhação", projeto que criou em parceria com Andrea Maltarolli (1962-2009), completou 25 anos no ar. De lá para cá, o autor veio colecionando sucessos em seu currículo. Além da série teen e da novela "Coração de Estudante", o carioca também colaborou com os folhetins "Kubanacan" e "Beleza Pura" e os humorísticos "Sai de Baixo", "Casseta & Planeta, Urgente!", "Dóris para Maiores", "Os Trapalhões", "Caça Talentos" e "A Grande Família".

Emanuel Jacobina reflete sobre os anos de carreira
Reprodução/Instagram
Emanuel Jacobina reflete sobre os anos de carreira

Em entrevista exclusiva à Coluna Marcelo Bandeira, Jacobina fez um balanço de sua trajetória e revelou que, se fosse mudar algo no texto da primeira temporada de "Malhação", "talvez tivesse oferecido mais humor à Nair Bello e ao John Herbert, mas apenas isso". O novelista também falou sobre como é escrever na era do politicamente correto e a que horas vai dormir quando está com uma produção, que leva a sua assinatura, no ar. Por fim, ele ainda criticou a atual gestão do governo comandado por Jair Bolsonaro (sem partido), principalmente em relação ao surto de coronavírus. Vem ver!

1) São 30 anos de carreira e 25 de "Malhação", projeto que criou com Andrea Maltarolli. Qual é o balanço que faz da sua trajetória?

Comecei escrevendo humor, programas de esquetes, como "Trapalhões" e "Casseta & Planeta, Urgente!", depois fiz uma oficina de formação de autores em teledramaturgia, em que, junto à Andrea, apresentei o projeto de "Malhação". Escrevi novelas, especiais, séries e seriados, e agora estamos vivendo todos nós, toda a humanidade, essa grande mudança de plataformas dos meios de comunicação, que retira a importância da TV aberta e aumenta muito a do streaming, de aparelhos individuais e portáteis, da interação direta com o público pelas redes sociais. Enfim, minha trajetória, como a de todos os profissionais de audiovisual, está diante de um novo caminho, de uma nova realidade. Mas acredito que a telenovela brasileira vai seguir renovada e reinventada.

2) Desde segunda, dia 21, o Viva está reprisando a primeira temporada de "Malhação". Faria algo diferente se voltasse no tempo?

Não. Acho que foi uma temporada inovadora, muito à frente de seu tempo, e que hoje continua moderna. Talvez tivesse oferecido mais humor à Nair Bello e ao John Herbert, mas apenas isso.

3) Como é escrever na era do politicamente correto?

Emanuel Jacobina
Divulgação

Emanuel Jacobina fala sobre a carreira

Acho que dá certa vergonha quando observamos a quantidade de piadas idiotas que todos nós, profissionais que vivíamos de escrever esquetes, fizemos com negros, homossexuais, mulheres... E é uma vergonha positiva, fruto de autocrítica.

4) Quando há novela sua no ar, dorme à que horas?

Não durmo (risos).

5) Entre seus diversos trabalhos existe um filho predileto? Qual é aquele que você vê com maior carinho até hoje?

Você viu?

É difícil dizer, porque, como você destacou, o sentimento é de paternidade, e não amo um filho mais que outro. Amo de formas diferentes. Isso porque a temporada de 1999 foi a da criação do "Múltipla Escolha", a de 2000 foi a da discussão sobre a Aids, e teve "Coração de Estudante", enfim, esses foram os três primeiros trabalhos em que fui criador e autor titular. Mais recentemente, houve "Pro Dia Nascer Feliz" e "Toda Forma de Amar". Eu tenho ótimas lembranças de todos e também, é claro, da primeira temporada de "Malhação".

6) Normalmente, que tipo de problema o Emanuel Jacobina escritor traz a você?

Isolamento. Distância da família e dos amigos. Estar no ar me coloca numa quarentena tão intensa quanto essa da pandemia.

7) Com a pandemia, como está sendo sua rotina?

Faço aulas de ginástica com personal on-line, leio livros on-line, escuto música on-line, faço aula de dança on-line, pago contas on-line, vejo filmes on-line e vou dormir off-line.

8) Como vislumbra o Brasil e o mundo depois da pandemia? Sairemos melhores dessa?

Eu confesso que estou um pouquinho pessimista. Mas, como sou um péssimo palpiteiro e costumo errar todas as minhas previsões, esse é um bom sinal. O certo é que o futuro pós-pandemia está sendo escrito hoje por pessoas que demonstram solidariedade e empatia pelos demais, e também por pessoas que tentam descartar os mais fracos, demitir os menos produtivos e ganhar mais dinheiro. Vamos ver o que o choque entre essas visões de mundo vai nos trazer. Tomara que vençam os primeiros.

9) Como avalia o desempenho do presidente em relação ao surto de coronavírus?

O desempenho é péssimo. O presidente é um irresponsável e um genocida. Inclusive, ele ganhou o prêmio IG Nobel, oferecido para as figuras mais irrelevantes da ciência. Ganhou na categoria Ignorância.

10) O que esse momento não consegue tirar de você?

A vontade de estar com minha família — e olha que estamos juntos o tempo todo, o dia inteiro, hein!

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