JonJon estreia coluna no iG Gente
Reprodução/Instagram - 18/12/2022
JonJon estreia coluna no iG Gente

A gente sabe que brasileiro não desiste nunca, né? E com o hexa não é diferente. Não foi dessa vez que levamos mais uma estrela para a camisa, um dia vai acontecer e não quero tristeza na minha primeira aparição aqui. Vamos celebrar as vitórias e lembrar o que essa Copa do mundo representou para a gente e ao resto do mundo. Porque, sim, tivemos muito o que celebrar: essa foi a copa das minorias e falar de minoria é sempre muito importante. 

Vimos Seleções “pequenas” se destacando, desafiando os favoritos da competição. No início dos jogos tivemos a Arábia Saudita vencendo a Argentina, a Tunísia ganhando da França e ele, o novo queridinho dos brasileiros, o Marrocos, que conseguiu eliminar os grandões Bélgica, Espanha e Portugal e se tornou a primeira equipe africana a garantir vaga na semifinal. Construíram talentos no futebol apesar das condições de desigualdade no país. Algo em comum com o Brasil? É o poder dos sonhos transformando pequenos em gigantes. 


Falando de Catar, essa foi a primeira Copa realizada no Oriente Médio, considerando que, até 2002, as sedes estavam muito concentradas na Europa Ocidental e nas Américas. O país-sede deu (e está dando) o que falar devido à política interna de exclusão às minorias. Lá é crime ser gay, lésbica, bissexual ou transgênero, o que é um absurdo. As mulheres também possuem liberdade restrita. Mas, apesar disso, preciso citar que tivemos avanços justamente por essas questões estarem na boca do povo e da mídia. Vimos uma pressão e cobrança em relação à situação das mulheres no país-sede, por exemplo. E digo mais, a mulherada veio com tudo!

O sonho não acabou
Lance!
O sonho não acabou


Agora vamos falar de música? Tivemos diversidade nessa área também, e não seria minha coluna se eu não mencionasse o funk, né? Fico muito feliz em ver que o gênero foi protagonista desse evento. Durante a Copa, tivemos a oportunidade de mostrar que somos bons no esporte e também na cultura!

Pega a visão: já vimos em outras edições a presença forte do nosso samba e do pagode, na concentração e/ou nas tão famosas dancinhas de comemoração do gol. Em 2022 chegou, sem dúvidas, a vez do FUNK! O som das minorias, da quebrada, da favela estava presente em todos os cantos.

Desde a apresentação dos jogadores até na comemoração dos gols, pudemos ver a presença dos nossos passinhos de funk, das trends do TikTok e das músicas nas caixas de som portáteis. A própria “Dança do Pombo” de Richarlison que ficou famosa é um funk do MC Faísca.

O jogador Paquetá revelou que o hit ”Ai, 'Pedro'” tomou conta do vestiário da Seleção e virou uma paródia que faz referência ao atacante Pedro. Isso sem falar que uma das grandes marcas patrocinadoras da Copa lançou “Atura o Baile” como música oficial, que conta com os ilustres Mano Brown, L7NNON, Papatinho e Lil Baby, uma mistura de funk e rap.

De acordo com dados do Spotify, de outubro de 2021 a setembro deste ano o Brasil foi o país da América Latina que mais consumiu música e podcasts relacionados à Copa do Mundo do Catar. Nas 10 principais playlists mais tocadas durante a Copa na plataforma de streaming, mais de 50% das músicas são funks. Achamos hits como “País do futebol” (Mc Guimê), "Tá tranquilo, tá favorável" (Mc Bin Laden) e “Baile de Favela” (Mc João), funks que fizeram sucesso nas edições passadas. 

Além disso, a Copa de 2022 gerou inspiração para novos lançamentos como “Chapadinha na Gaveta”, da Gabily com a Vanessa Lopes, “Seleção do Tite”, do MC Rick G, “Funkbol”, do MC Livinho, “Seleção Brasileira- Vai Brasil”, do MC Teteu, “Aquecimento da Copa” do Bonde das Maravilhas, e várias outras.

Achou que parou por aí? Nada disso! O funk não contagiou só a torcida e os jogadores. No Catar podemos ver através das redes sociais o funk presente no dia a dia dos gringos, seja numa dancinha ou até mesmo se arriscando em cantar uma música! Aquela cena do improvável? Sim, tem sheik dançando funk, tem duelo de passinho e os caras dançando “Tubarão te amo” do Mc Daniel, DJ LK da Escócia e MC Ryan SP. É aquilo: “é som de preto, de favelado! E onde toca ninguém, fica parado”. 

O assunto está tão em alta que para escrever esse texto me deparei com a grande notícia de que o Kondzilla lançou recentemente uma série chamada Funkbol. Nessa série, é retratado o quanto o funk e o futebol são aliados nessa conexão entre a favela e o asfalto, o impossível se tornando real. A chave da mudança, a mistura perfeita. 

E por falar em favela, não tem como deixar de mencionar também a presença dela no campeonato. Na Seleção brasileira atual, 90% dos jogadores saíram da mesma realidade: Thiago Silva, Vinícius Júnior, Richarlison, Casemiro, Antony e Gabriel Jesus. É a favela provando que tem alto potencial de formar talentos. Além deles, outros craques de outras gerações como Philippe Coutinho, Adriano Imperador, Ronaldo, Romário e Garrincha também vieram de comunidades ou bairros carentes.

Graças a arte e o esporte, eles conseguiram mudar suas vidas e a de todos que estavam ao seu redor, deixando um legado e servindo de inspiração para aqueles que muitas vezes não tem referência. Por isso, acho que o sonho continua. Estou falando do sonho do hexa e de muitos outros sonhos. Termino aqui a minha primeira coluna no Portal iG, grato pela oportunidade de levar um pouquinho do meu olhar sobre a minha vida, meu universo, minha família: o FUNK.

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