Em 2022, a cantora Céline Dion revelou em suas redes sociais que sofria de espamos musculares, que a afetavam desde o caminhar até cantar. "Os espasmos que tenho tido afetam cada aspecto da minha vida diária, às vezes causam dificuldades quando eu ando, [outras vezes] não me permitem usar minhas cordas vocais para cantar do modo como estou acostumada", expôs a artista de 55 anos na ocasião.
A doença neurológica rara a que Céline se referiu é a síndrome da pessoa rígida, que avançou, e sua irmã confirmou a piora em seu quadro de saúde, com a perda do controle dos músculos. Embora o tratamento continue e tenha acompanhamento com diversos especialistas, a doença não tem cura até o momento.
O que é a síndrome da pessoa rígida?
A síndrome da pessoa rígida, também chamada de síndrome de stiff person, é um distúrbio neurológico raro que causa espasmos musculares intensos e rigidez. No Brasil, ainda não há dados específicos sobre a prevalência dessa condição.
Os sintomas iniciam com rigidez no tronco e no abdome, progredindo para membros superiores e inferiores, culminando em rigidez nos músculos da deglutição e respiração. Contraturas e espasmos musculares podem ser desencadeados por barulhos repentinos ou estresse.
A doença, mais comum em mulheres, é considerada imunomediada, indicando uma possível relação com doenças autoimunes. Ela pode estar associada a problemas de saúde como diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto e diversos tipos de câncer, entre eles o de mama, colo, pulmão e renal.
O corpo da pessoa com a síndrome produz anticorpos (anti-GAD) que atacam células nervosas na medula espinhal, responsáveis pelo controle muscular. Esse ataque prejudica o equilíbrio entre contração e relaxamento muscular, resultando em espasmos e rigidez excessiva.
O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue que identificam os anticorpos anti-GAD e estudos dos nervos e músculos. Essa abordagem permite diferenciar a síndrome de outras condições neurológicas, como Parkinson, esclerose múltipla, fibromialgia e ansiedade.
O tratamento, sob a supervisão de um neurologista, pode incluir o uso de relaxantes musculares, imunomoduladores, corticoides, anticorpos e terapias de filtragem do plasma do sangue, adaptadas às necessidades de cada paciente.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho