Após Fausto Silva ser submetido a uma cirurgia de transplante de coração nesse domingo (27), uma onda de questionamentos e boatos surgiu na internet. Tudo porque o apresentador se tornou prioridade e conseguiu um doador exatamente uma semana após o Hospital Albert Einstein informar que ele teria que encarar o procedimento. Um debate acalorado surgiu na web sobre uma suposta fraude envolvendo pagamento de valores milionários para que o famoso fosse beneficiado e furasse a fila do SUS. Isso de fato aconteceu?
A resposta é simples: NÃO. E a coluna faz questão de cravar essa palavra em caixa alta e de maneira garrafal para que fique claro de uma vez por todas que no Brasil não existe a menor possibilidade de haver corrupção dentro do método de trabalho da Central de Transplantes do Estado de São Paulo. Portanto, Fausto Silva de fato foi beneficiado por se tratar de um paciente de alto risco.
Faustão tem sangue do tipo B, e ocupava o segundo lugar da fila de pacientes com características semelhantes às suas. Ele só conseguiu "furar a fila" porque a equipe médica do paciente que estava à frente do apresentador decidiu recusar o órgão.
"A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção", afirmou a Central de Transplantes do Estado de São Paulo em nota.
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo ainda informou que, normalmente, pacientes que possuem o tipo sanguíneo B costumam ficar de 1 a 3 meses na fila de espera pelo transplante. Quando a necessidade de Faustão se submeter ao procedimento foi divulgada, as informações iniciais apontavam que a espera por um doador poderia demorar até 2 anos.
De acordo com o Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, a lista de pacientes funciona por "ordem de chegada". Mas alguns pacientes acabam ganhando prioridade de acordo com a gravidade do quadro, como por exemplo, pessoas que passam por internações constantes e fazem usos de máquinas para auxiliar no suporte para circulação de sangue.
Além disso, outros fatores interferem no caminhar desta lista, como o tipo sanguíneo do doador e do receptor, que devem ser compatíveis. O porte físico também é levado em conta, portanto uma pessoa alta e gorda não pode receber o coração que venha de alguém baixo e magro. A distância também interfere na lista, uma vez que o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em um intervalo máximo de 4 horas.
Diante de toda a boataria sobre a possibilidade de Fausto Silva ter feito alguma manobra para conseguir rapidamente o órgão para seu transplante, o Ministério da Saúde usou suas redes sociais para explicar os detalhes de como é feita a análise de prioridade dos pacientes, e frisar, mais uma vez, que o apresentador não recebeu nenhuma regalia pelo fato de ser milionário.
"O Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo e isso é motivo de orgulho! A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. Toda a estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade. E quais os critérios da lista de espera por um órgão? São todos critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados."
"Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica. No caso do apresentador Fausto Silva, em razão de seu estado grave de saúde, ele recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento."
O Ministério da Saúde ainda fez questão de frisar que foram realizados outros 11 transplantes de coração na última semana, sendo 7 deles somente no Estado de São Paulo. E que no primeiro semestre deste ano, foram realizados 206 procedimentos como este, o que representa um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado.
Diante de todas as explicações que foram dadas pelo Ministério da Saúde e pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo, quaisquer especulações sobre fraudes não passam de situações de intriga. Mesmo sendo uma pessoa milionária, Fausto Silva não usufruiu de nenhuma regalia ou privilégio para conseguir se submeter ao transplante em "tempo recorde". Seu quadro clínico e condições físicas compatíveis com as do doador o fizeram conseguir se submeter ao procedimento.
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