Gabriel Perline

Band e SBT são acusados de ensaiar conversa com Bolsonaro sobre crime

Site diz que as emissoras combinaram as perguntas e respostas de entrevista com o ex-presidente inelegível sobre morte de Marielle Franco

Foto: Reprodução
As acusações afirmam que toda a entrevista foi ensaiada

Em 30 de outubro de 2019, o ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista à Band e ao SBT sobre o depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde ele morava, em relação ao caso Marielle Franco. Entretanto, a conversa teve as perguntas e respostas ensaiadas, e tentativas repetidas para o ex-presidente reagir corretamente aos questionamentos. As afirmações são do site Diário do Centro do Mundo.

Segundo a publicação, as gravações dos vídeos dos bastidores dessas entrevistas foram concedidas pelo inelegível durante sua viagem ao Oriente Médio.

Nas entrevistas, os jornalistas Caiã Messina (Band) e Patrícia Vasconcellos (SBT) e a equipe por trás das câmeras orientaram o ex-presidente nas respostas, e repetiram as gravações de perguntas e respostas até que estivessem conforme as perspectivas de Bolsonaro. Inclusive, os mesmos abriram seus microfones para que ele criticasse e atacasse a Globo e o até então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

No SBT, um dos produtores da emissora teria interrompido a gravação e a fala de Bolsonaro para que refizessem as duas, sem que o ex-presidente dissesse que já sabia da reportagem da Globo. Já na Band, o jornalista teria gravado a mesma pergunta e resposta três vezes, até o entrevistado estar de acordo com o andamento da entrevista. 

A assessoria do SBT enviou à coluna um posicionamento: 

"A reportagem do DCM não tem nenhuma conexão com a realidade dos fatos. Seu autor demonstra desconhecer os critérios mais comezinhos do Jornalismo. Por partes. O DCM tira da cartola, sem nada que a respalde, a informação de que um produtor do SBT interrompe a entrevista para que a pergunta e a resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro sejam refeitas. Nossos correspondentes não viajam com produtores. Quem interrompe a entrevista é um assessor do presidente. A pergunta não foi refeita; por causa da interrupção, foi repetida.

O autor da reportagem desconhece a prática basilar do Jornalismo, que manda ouvir todos os lados envolvidos na matéria. Ora, o ex-presidente foi vítima de uma acusação, noticiada pelos nossos telejornais, e era nosso dever ouvir o que tinha a dizer a respeito. Da mesma maneira, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, acusado por Bolsonaro na entrevista, teve sua defesa exibida em nossos noticiários. Ou o DCM acha que também 'ensaiamos' a resposta de Witzel?

O DCM comete um deplorável erro ao por em dúvida a reputação da premiada correspondente Patrícia Vasconcellos -- uma referência de excelência em cobertura internacional -- e, com base em achismo, tirar uma conclusão grosseira sobre seu trabalho. Carência de views e likes costuma levar a isso".

Até o momento da conclusão desta matéria, a coluna não recebeu uma resposta da assessoria da Band sobre o ocorrido. 

*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko