Integrante do júri técnico do Festival de Cinema de Vassouras - No Vale do Café, Isabel Fillardis compareceu ao evento na noite de quarta-feira (21) e conversou com a imprensa sobre a atual fase de sua carreira e o retorno às novelas da Globo após 11 anos afastada da dramaturgia da líder de audiência. Em seus primeiros dias gravando Amor Perfeito, a atriz revelou que chorou na praça de alimentação da empresa, emocionada com os novos tempos que atravessam a emissora.
"A minha maior observação de meu retorno para a Rede Globo é a diversidade. Isso é uma coisa que me emocionou muito pois, durante um almoço, eu sozinha, parei para observar a praça de alimentação e vejo o vai e vem de pessoas, várias mulheres, meninas, homens, pretos, passando de um lado para o outro, com deficiência, e daí eu penso: 'Nossa, que emocionante!'. Meus olhos ficaram marejados, parei de comer e fiquei por horas vendo aquilo e pensei: 'Estou viva, vendo isso, coisa que eu não via, pois eu comecei a trabalhar em 1992 na emissora e, se você via um, dois ou três, eram muito poucos, praticamente uma coisa rara", relatou.
"Esta evolução eu estou vendo a olhos nus, pessoas de cargos completamente diferentes, cargos de lideranças, e as coisas estão acontecendo, e isso é o meu maior prazer. Claro que poder voltar a fazer novelas, que é uma coisa que eu amo, que comecei a fazer uma personagem incrível, em um elenco maravilhoso, tendo uma família preta bacana, e tantas outras coisas, eu só posso dizer que esta novela é um presente para marcar os meus 30 anos de carreira, e afirmo que isso é o maior presente em poder ver tudo isso acontecer", completou.
A última novela em que Isabel teve um papel fixo na Globo havia sido em Fina Estampa (2011). Ela chegou a participar de um capítulo de Amor Eterno Amor (2012), mas depois enfrentou um período de seis anos afastada completamente da dramaturgia.
"Eu aproveitei esse tempo para olhar para outros lados, eu sou realmente uma artista, e dentro da arte não há limites, você pode se experimentar em qualquer área, desde que você faça com amor e que aquilo tenha uma reverberação, se o público está ali dizendo pra você que é muito legal, é para você continuar. Críticas você vai sempre ter na vida, normal, críticas que possam construir eu sou muito a favor, o olhar do outro pode ver algo que eu não tenha visto, isso algo para meu aprimoramento. Eu vejo dessa forma", comentou.
Em 2019, fez sua primeira novela na Record, Topíssima, e depois engatou um personagem de destaque em Gênesis (2021), pagando o pedágio quase obrigatório de ter que atuar em uma trama bíblica da casa. Até que no ano passado teve a oportunidade de fazer seu retorno à Globo como a personagem Abacaxi, na segunda temporada do The Masked Singer.
Jurada de festival
Isabel ainda refletiu bastante sobre a retomada das artes após os quatro anos do governo Bolsonaro, que travou o setor da Cultura no país, e a pandemia, responsável por inviabilizar inúmeros projetos do audiovisual, e vê com bons olhos o novo momento do Brasil.
"Um país sem cultura é um país sem identidade, a gente tem uma vastidão para percorrer e colocar para fora. Nós fazemos parte de uma grande fatia da economia que pertence a este país. Estamos em um momento muito precioso, muito bom, onde não podemos perder a mão", avaliou.
*A coluna viajou a Vassouras (RJ) a convite da organização do Festival de Cinema.