Gabriel Perline

Dono de afiliada da Jovem Pan admite financiamento em atos golpistas

Milton de Oliveira Júnior admitiu ao vivo que auxiliou apoiadores de Bolsonaro a invadirem Brasília no início do ano

Foto: Reprodução
Radialista fez comentário em programa da manhã de quinta-feira (20)


Dono da Jovem Pan Itapetininga, Milton de Oliveira Júnior admitiu ao vivo na manhã desta quinta-feira (20) que financiou os atos golpistas de janeiro quando bolsonaristas invadiram e depredaram a praça dos Três Poderes, além das sedes Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o resultado das eleições presidenciais que decretaram a vitória de Lula (PT). 


"Eu contribuí, deputada. Eu contribuí. Entrego o recibo para a senhora. Não tenho medo de assumir o que eu faço, está lá", disse o também radialista, quando comentava no ar a notícia de que a deputada federal Simone Marchetto (MDB-SP) era contra ao andamento da CPMI dos Atos Antidemocráticos no Congresso. 

Ele prosseguiu com ironia: "Se eu tiver que ser preso porque ajudei patriotas a irem para a Brasília fazer protesto contra um governo ilegítimo, que eu seja preso, não há problema nenhum. Temos que assumir os compromissos que fazemos. Não tenho medo da Justiça. Eu contribuí, deputada, se a senhora quiser eu mando no seu WhatsApp os recibos de pix, está tudo com o meu CPF". 

A confissão de culpa do empresário, no entanto, não caiu bem até com a matriz da Jovem Pan  --que flerta com o bolsonarismo em sua linha de cobertura. Por isso, horas depois do trecho viralizar nas redes sociais, a emissora anunciou que cortou vínculos com a afiliada. 

"A referida emissora exibiu conteúdo em sua programação e nas plataformas digitais que expõe a marca da Jovem Pan e viola cláusulas contratuais que têm como objetivo a preservação da marca e a reputação da Jovem Pan enquanto empresa de comunicação. A rede Jovem Pan SAT tem como premissa que as emissoras afiliadas, ainda que responsáveis pelo conteúdo que geram regionalmente, devem refletir os princípios e valores que o Grupo Jovem Pan defende há 80 anos", acrescentou a nota.

 "Quando essa postura não é observada, gerando prejuízo para a Jovem Pan enquanto instituição , nos obrigamos a adotar as medidas legais cabíveis com o rigor necessário", finalizou a emissora. 

Milton de Oliveira Júnior desconversa sobre assunto nas redes sociais

Em sua página pessoal no Facebook, o empresário desconversou ao dizer que não falou que financiou os manifestantes durante os atos golpistas. Ele falou que se referiu a ajuda de um amigo durante a viagem de retorno de Brasília no dia 20 de novembro de 2022.

 "Ou seja. muito antes e nada relacionado aos atos de depredação do patrimônio público de 8 de janeiro. Quando me manifestei que não temo a Justiça, é porque sempre respeitei a Constituição e as leis vigentes", reiterou.


Fora da CNN Brasil desde quarta-feira (19), Felipe Moura Brasil tem uma visão diferente pelos motivos que o fizeram sair do canal de notícias. Enquanto a emissora afirmou por meio de nota que o comunicador foi desligado por comum acordo após não ter chegado a um acordo sobre suas próximas aparições, o ex-âncora do CNN Arena afirmou nas redes sociais em um recado que "nunca deixará a vigilância ácida por medo de retaliação". 


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A notícia da demissão do jornalista foi confirmada pela coluna de Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo. Em nota enviada ao veiculo, a CNN Brasil disse que ela e Moura Brasil "decidiram, em comum acordo, pelo distrato do contrato por não terem chegado a um consenso sobre a conciliação das diferentes frentes de trabalho do jornalista com as demandas da emissora".

O comunicador, por sua vez, pensa diferente. Em um recado replicado em todas suas redes sociais, o jornalista afirmou que acreditou ter sido derrubado do canal do notícias após ter zombado da Procuradora Geral da República por ter denunciado o senador Sergio Moro por calúnia contra o ministro do STF, Gilmar Mendes. Na ocasião, o política afirmou em uma conversa que o magistrado vende habeas corpus. 

"Jamais fui nem serei cúmplice da prisão de alguém, só por piadas privadas, vazadas em registros de terceiros. Tive a mesma posição, em épocas distantes, com Lula (Pelotas), Hillary Clinton e Sergio Moro, entre outros", disse ele. 

"Seguirei ironizando denúncias ineptas sobre isso - sem data, local, contexto - e/ou contra desafetos do sistema, ainda mais quando eu mesmo divulgar um vídeo que confirma o contexto da brincadeira (como 'prisão' de festa junina). Ironizar erros e abusos de autoridades públicas é tradição na imprensa brasileira (Lima Barreto, Pasquim, Nelson Rodrigues, Paulo Francis, Diogo Mainardi, entre outros), assim como pedidos de cabeça por parte delas. Nunca deixarei a vigilância ácida por medo de retaliação", finalizou. 

*Texto de Daniele Amorim
Daniele Amorim é jornalista formada pela Anhembi-Morumbi com pós-graduação na USP. Apaixonada por música, séries, futebol, maquiagem e falar amenidades no Twitter. Siga: @eudaniamorim.