Metaverso a sexualidade: Tramas de Travessia que não serviram pra nada

Sempre que Gloria Perez entra no horário nobre da Globo, o público tem uma certeza: diversas pautas sociais serão debatidas no meio de sua novela. Em Travessia não foi diferente. Mas ao contrário de situações anteriores, em que a autora conseguiu mobilizar o país com suas abordagens, desta vez ela fracassou em todas as tentativas. E entregou um dos piores folhetins já exibidos pela líder de audiência.

Recordar é viver

Em 1995, Gloria mobilizou o Brasil com a história de Odaísa (Isadora Ribeiro), na novela Explode Coração. Ela lutava para encontrar seu filho desaparecido e uma campanha nacional foi criada. Graças à novela, mais de 60 crianças, que haviam sido sequestradas ou se perdido de suas famílias, foram encontradas. A autora já tratou com maestria temas como alcoolismo, dependência química, imigração, tráfico humano e transplante de órgãos, mas em Travessia tudo parece raso e sem sentido. Confira:

Reprodução/Globo

Robô da discórdia

Haroldo surgiu em Travessia para incomodar o garçom Joel (Nando Cunha) no bar de Nunes (Orã Figueiredo). A entrada do "personagem" teve o objetivo de fazer uma crítica social sobre como a tecnologia pode acabar com determinados postos de trabalho e aumentar o desemprego e a crise financeira. Mas virou uma das histórias mais sem noção, sem sentido e sem humor já vistas na TV. Não há mensagem nenhuma por trás das intrigas entre o garçom e seu inimigo, somente cenas constrangedoras e textos capengas.

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Sequestro relâmpago

Outro tema que Gloria quis abordar foi sobre os golpes em aplicativos de namoro, onde criminosos se passam por iscas para seduzir pessoas, que caem em ciladas e são assaltadas. Em alguns casos, até mesmo assassinadas. Gil (Rafael Losso) conheceu uma gostosona por um aplicativo e decidiu ir a um encontro. Ao chegar no local, ele é abordado por brucutus, que o espancam e o depenam, levando celular, dinheiro, tudo. A trama foi trabalhada com tanta superficialidade que não durou mais do que três episódios. Sem contar na burrice do personagem, que sequer pesquisou o local onde encontraria a moça e foi parar numa quebrada do Rio de Janeiro. Tudo errado.

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Sem sexo

A ideia de falar sobre os assexuais pareceu boa, mas a falta de repertório e de pesquisa de Gloria Perez fizeram o personagem Caíque (Thiago Fragoso) não se desenvolver e protagonizar cenas de completo constrangimento. Algumas falas até carregam um teor explicativo sobre um dos gêneros menos populares da sigla LGBTQIAP+, mas o desnvolvimento mal ajambrado só joga luz nas frustrações de suas parceiras, como Leonor (Vanessa Giácomo), que interpreta a pior personagem de sua carreira.

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Metaverso

Gloria queria mostrar ao público que estava antenada na tecnologia e logo começou Travessia falando sobre metaverso. Foram bonitas as primeiras cenas da novela, que mostravam um protótipo de um shopping center que seria construído no mundo virtual. Mas o assunto morreu junto com Débora (Grazi Massafera), e a autora esqueceu o "grande projeto" no velório da moça, que mesmo morta não deixa Guerra (Humberto Martins) e Chiara (Jade Picon) em paz até hoje.

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Vício em games

A trama de Theo (Ricardo Silva) é uma das mais constrangedoras de Travessia. O menino é viciado em jogos de computador e simplesmente perdeu a vida social, além de ser o culpado pela derrocada do clima familiar em sua casa. Ok, a problemática tem seu valor. Mas o desenvolvimento capenga da história, além da passividade dos pais Laís (Indira Nascimento) e Monteiro (Ailton Graça) do adolescente, também tornaram o drama como algo caricato e superficial. O vício em games foi classificado pela OMS como uma doença psíquica em janeiro de 2022. E a autora não consegue sair do lugar há meses, sempre mostrando a agressividade do menino e a incapacidade dos pais em lidar com o problema. É contrangedor.

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Chuva de críticas

Além de tramas que não servem de nada, Travessia também tem vários personagens que estão perdidos no folhetim. Saiba quem são:

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Gabriel Perline