Acostumada a falar sobre os reality shows que participou, e das amizades e inimizades que conquistou, Deborah Albuquerque decidiu falar pela primeira vez sobre seu passado antes da fama. Ela revelou que foi vítima de abuso sexual aos seis anos de idade, viu seu algoz ser algemado e preso, e até hoje ela precisa lidar com os traumas que carrega desde a infância.
Emocionada ao tocar nesta ferida, Deborah se sentiu confortável em relatar o caso em sua participação no podcast Não É Nada Pessoal, apresentado por Arthur Pires e por este colunista que vos escreve. O assunto surgiu quando Deborah foi questionada se as roupas infantis e coloridas que usou nos realities tinham alguma relação com sua infância.
"Eu sofri um abuso seríssimo com seis anos. Eu não falo disso porque fiz tratamento para bloquear. Meu pai se sentiu muito culpado", disse ela ao entrar no tema.
"Naquela época a gente brincava na rua. E tinha uma praia, Capão da Canoa (RS), que a gente passava todo o veraneio. Na cobertura do meu prédio tinha um salão de festas. Teve uma festa de crianças e meus pais me deixaram sozinha e ficaram no apartamento, que era no terceiro andar", continuou ela.
A situação traumática ocorreu no momento em que ela decidiu voltar ao seu apartamento. Sozinha, pegou o elevador e foi abordada pelo vizinho, responsável pela violação sexual.
"Quando fui descer do elevador, um homem mais velho me abordou. E aconteceram coisas comigo. Esse homem foi preso, inclusive. Só que meu pai se culpou muito, ele se culpa muito por ter me deixado sozinha lá. Só que não é culpa dele, as outras crianças também estavam, eu não tive sorte", explicou.
Deborah começou a frequentar psiquiatras e psicólogos ainda na infância para poder bloquear a situação de sua mente e não fazer o trauma se manifestar negativamente em sua vida, mas alguns detalhes daquela ocasião seguem vivos até hoje na memória.
"Uma cena que eu lembro, e que nenhum psiquiatra consegue bloquear, é o meu pai chutando o carro desse homem e a panturrilha dele toda sangrando, e ele sendo algemado, passando algemado na parte de baixo do prédio", comentou.
A "pavoa" disse que alguns gatilhos a respeito deste tema foram ativados em A Fazenda 14 ao ver alguns participantes da casa banalizando o tema. Mesmo sem citar nomes, a gente bem lembra que Bia Miranda e Pétala Barreiros eram as que mais falavam besteiras a respeito do assunto.
"Isso é muito sério pra mim, é muito forte. E eu vi essas pautas sendo levantadas no programa e resolvi não levantar, porque já tem essa questão do vitimismo", explicou.
"Eu nunca levantei isso e meu pai também não vai gostar, mas eu vi que as pessoas não entendem de onde vem os traumas das pessoas, por que as pessoas usam remédios. Chega a dar uma estafa mental ver pessoas banalizando causas de remédios, banalizando causas como estupro e abuso sexual. Não pode banalizar", completou.
A questão do abuso sexual interferiu diretamente na gravidez de Deborah. Casada com o médico Bruno Salomão, ela é mãe de Bella, de 7 anos de idade. Quando descobriu que estava grávida de uma menina, logo ela passou a lembrar do sofrimento que teve na infância.
"Minha filha tem 7 anos. Eu tenho medo. Quando descobri que estava grávida de uma menina eu caí em prantos, só chorava. O Bruno falva que eu estava rejeitando o bebê, mas não estava. Era todo um processo: 'E se fizerem com ela o que fizeram comigo?'", disse.
Na entrevista ao podcast Não É Nada Pessoal, Deborah ainda falou sobre sua entrada no grupo As Ronaldinhas, não fugiu das perguntas a respeito do reality show e ainda relatou as ameaças que passou a receber dos fãs de seus rivais no programa da Record.