Lizbeth Meredith relembra o drama que viveu entre o Alasca e a Grécia quando o seu ex-Marido Grigorios sequestrou Meredith, de 4 anos, e Marianthi, de 6 anos, filhas do casal, enquanto elas visitavam o pai. A história que envolve violência doméstica e uma série de abusos será contada no filme Sequestradas Pelo Pai, nesta quinta-feira (3), pelo canal Lifetime.

O medo por ter vivido violência por parte do grego fez Lizbeth temer pela vida das suas filhas e a motivou a lutar pelo resgate das meninas. 

"A escolha de viver com o pai das minhas filhas as colocaram em perigo, porque eu vivia um relacionamento violento. Quando eu o deixei, sequestrar minhas filhas foi a expressão máxima de violência que ele fez contra mim. Eu preferia que ele tivesse me matado ao invés de ter levado elas, isso seria mais fácil", comentou a escritora em entrevista exclusiva à coluna.

Adaptado do livro Pieces of Me: Rescuing My Kidnapped Daughters, um relato real vivido e escrito por Meredith, Sequestradas Pelo Pai, de Simone Stock, mistura ficção e realidade para transmitir a difícil luta que uma mãe enfrentou para conseguir ter suas filhas de volta.

Em 1994, Grigorios, cidadão grego que trabalhava no exterior, tinha guarda compartilhada das meninas com Meredith. Dois dias depois de ter deixado as filhas com o ex, ela foi notificada que ele tinha levado as crianças -- sem autorização -- para a Grécia. 

O drama real que se confunde com história de ficção trouxe muitas dificuldades no percurso de resgate das filhas de Lizbeth, mas também despertou apoio da comunidade e contribuições para que ela conseguisse ir até o país natal do seu ex-marido. 

Em sua segunda viagem à Grécia, em 1995, Meredith lidou com um novo medo de ser presa. Por conta de complicações legais ela foi detida pela polícia, mas logo depois conseguiu ser liberada. 

"Foi horrível. Nunca tinha passado pela minha cabeça antes ser presa, não aconteceu, mas foi aterrorizante estar detida sem um intérprete, sem uma ajuda profissional. É um país [Grécia] que se orgulha por muitas coisas boas, mas se orgulhar de não mudar um pouco as coisas é assustador para quem é uma mulher", revelou. 

Um ano depois da sua detenção, o tribunal grego suspendeu a sentença favorável à escritora e concedeu a custódia temporária das meninas a Grigorios, que apresentou uma petição para provar que Lizbeth não tinha condições de ser mãe. Mais tarde, com pressão do governo e órgãos legais, a decisão foi revogada e ela conseguiu voltar para o Alasca com Meredith e Marianthi.

Ao transformar sua escrita em filme, ela acredita que a agressão que viveu pode ter um lado positivo ao alertar outras pessoas que passam pelos mesmos problemas e não conseguem identificar o abuso.

"Eu sinto que essa história pode beneficiar outras pessoas, ela é sensível e é um tópico que não é muito falado, mas é importante falar do problema e ajudar outras pessoas que passam por algo parecido", disse Meredith. 

"A minha história é impetrante para que o público se reconheça e pense: 'É isso que eu estou vivendo?' É importante termos essa conversa porque às vezes estamos sentadas sozinhas, vivendo esse abuso, e não sabemos que é muito comum outras mulheres viverem o mesmo", explicou. 

Sequestradas Pelo Pai, adaptação do Lifetime, é um dos diversos filmes que vão ser exibidos no canal hoje, em uma maratona especial ao mês de combate da violência contra mulher. 

*Com a colaboração de Amanda Moreira.