Empresas cancelam patrocínios após fala antissemita de Monark
Flow Podcast perdeu ao menos quatro investidores por conta das opiniões de um de seus apresentadores
As falas antissemitas de Monark já começam a render perdas ao Flow Podcast. Patrocinadores do canal de entrevista estão encerrando seus contratos após o apresentador declarar ser favorável à existência de um partido nazista no Brasil.
A primeira empresa a pular fora foi a Flash Benefícios, que enviou uma nota de repúdio às declarações de Monark e comunicou o encerramento da parceria comercial.
"No último dia 07 de fevereiro, durante a exibição do episódio 545 do Flow Podcast, um dos apresentadores fez comentários inadmissíveis e dos quais discordamos de forma veemente. Diante disso, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow", disse a empresa.
A coluna também procurou o iFood, que patrocinou o canal por muito tempo. A empresa encerrou seu contrato em novembro com o Flow Podcast "de maneira definitiva", deixando evidente o descontentamento com a linha editorial do programa.
A Puma frisou que não é patrocinadora do Flow Podcast, mas lembrou que fez apenas uma ação isolada e já pediu em outros momentos a retirada de seu logotipo do time de empresas que financiam o canal. "A Puma discorda e repudia veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast, transmitido na noite de segunda-feira (7)", disse a empresa em nota.
A rede de vestuário Insider Store, que tem como sócio um judeu, também reitrou o patrocínio do canal de Monark. "A gente está suspendendo qualquer tipo de parceria com o podcast Flow e do nosso lado também exigindo a saída do Monark do podcast. A gente acredita que mensagens de ódio não podem ser disseminadas para a população".
A plataforma Finclass também procurou a coluna para comunicar que encerrou a parceria com Monark e com o Flow Podcast. "A Finclass repudia veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast, transmitido nesta segunda-feira, 07/02/22. Esclarecemos ainda que a Finclass não é uma das patrocinadoras do podcast. Fizemos apenas uma ação pontual no passado, e pedimos para que nosso logo fosse retirado do mídia kit - um pedido que reforçamos aqui mais uma vez."
O grupo Habib’s, detentor da rede de fast food Ragazzo, enviou uma nota à coluna repudiando as falas de Monark. "Em relação à recente polêmica envolvendo o Flow Podcast, a companhia esclarece realizou no passado ações pontuais com o canal e que atualmente não tem nenhum vínculo com o podcast ou seus apresentadores."
A Mondelez, fabricante do chocolate Bis, emitiu um comunicado em suas redes sociais avisando que não era patrocinadora do canal e que havia feito apenas duas ações comerciai pontuais em 2021, e aproveitou para repudiar as declarações de Monark.
A coluna também procurou as demais empresas que patrocinam o canal de entrevistas, como o Prime Video e a rede de escolas de idiomas Wise Up, mas nenhuma delas se posicionou sobre o caso até a publicação deste texto.
Entenda o caso
Na noite de ontem, Monark entrevistava os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB) quando defendeu a criação de um partido nazista no Brasil, pedindo, inclusive, que fosse reconhecido por lei.
"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse Monark.
Tabata Amaral ficou boquiaberta com as declarações do apresentador e rebateu, lembrando a tragédia que foi o Holocausto e os riscos às milhões de vidas que podem vir a serem dizimadas por conta de uma validação de um pensamento nazista.
"Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco. A comunidade judaica até hoje tem que se preocupar com sua segurança porque recebe ameaça. O antissemitismo é uma coisa que tem ser combatida todos os dias", disse a deputada.
"Deveria existir um partido Nazista legalizado no Brasil". Cerca de cinco milhões de judeus foram mortos durante o regime . É esse partido que Monark defende a legalização. É tão problemático que chega a ser difícil acreditar que alguém teve coragem de falar tamanho absurdo. pic.twitter.com/PMzIIv8hFB
— Alexandre Padilha (@padilhando) February 8, 2022