Douglas Souza
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Douglas Souza


Douglas Souza joga vôlei desde os 10 anos por recomendação médica. Sete anos depois, virou profissional no esporte. Mas ele ficou mesmo conhecido nas Olimpíadas de Tóquio, que aconteceram este ano. Graças à sua visibilidade no esporte - e na vida pessoal - o atleta agora se dedica também à carreira de influencer. Além disso, é streamer e youtuber. Ufa! Quanto trabalho! Na entrevista a seguir, ele fala de todas as suas facetas e também sobre homossexualidade e preconceito. Te convido a vir com a gente e bater esse bolão.


Quando e como o vôlei entrou sua vida e em que momento você percebeu que seria um atleta profissional?

O vôlei entrou na minha vida quando eu tinha 10 anos, por recomendação médica para tratar problemas de bronquite. Só que eu acabei gostando muito do esporte e não parei mais de jogar, e aí eu percebi que precisava tomar a decisão de entrar em um clube profissional se eu quisesse levar a sério e seguir carreira como atleta. E foi o que eu fiz: com 14 anos entrei no clube Pinheiros, em São Paulo, e com 17 eu virei profissional, jogando pela liga adulta.


Há quase 10 anos um jogador de vôlei (Michel) sofreu preconceito por sua orientação sexual. Tiffany também e bem pouco tempo atrás. Você nunca sofreu preconceito nas quadras? Por que acha que com você foi diferente?

Eu acho que comigo foi diferente e está sendo diferente porque o mundo veio evoluindo bastante. Não na velocidade que gostaríamos, mas a parte boa é que vem evoluindo sim e a tendência é ir disso para melhor. As pessoas hoje em dia estão mais abertas, mais conscientes dos atos delas, principalmente com relação ao preconceito. Acho que por isso que comigo foi diferente a reação das pessoas.

Você já teve um plano B ou ainda pensa em seguir outra carreira?

Plano B, na verdade, desde que eu saí de casa, com 14 anos, nunca existiu. Já sabia que seria jogador profissional de vôlei. Que iria atrás disso. Mas também, hoje em dia, antes mesmo de ter acontecido esse 'boom', já tenho outra carreira: sou streamer e youtuber. Agora que aconteceu tudo isso na Vila Olímpica, de eu ter essa quantidade de seguidores e engajamento, sou também um influencer, então são várias carreiras em uma pessoa só. Não é só o jogador de vôlei. Mas a gente vai conciliar isso muito bem. Minha equipe tem ajudado muito. Principalmente quando estiver em época de campeonato, ela vai me permitir ter foco total nas competições, e me ajudar a organizar melhor com tudo. Acredito que vai funcionar de uma maneira bem legal e agradável para todo mundo.


Acredita que possam existir ainda atletas de alto nível técnico que não revelam sua orientação sexual por medo do preconceito?

Acredito, com certeza. Não só no vôlei, mas isso em qualquer área, em qualquer profissão vai existir esse tipo de medo. Infelizmente, a gente sabe como o mundo pode ser violento e preconceituoso com relação à sexualidade das pessoas. Então, com certeza, o medo vai sempre fazer parte de uma pessoa da nossa comunidade LGBTQIA+. Infelizmente é a nossa realidade. Mas como eu falei, acho que isso vem mudando com o passar dos anos e espero que daqui a pouco, todo mundo se sinta à vontade para ser quem é, sem medo.

Boninho disse que você é um forte candidato a entrar no 'BBB 22'. Você diz que vai, sua mãe diz que não vai. Como vai ser impasse? Conseguiria ficar confinado? Acha que ganharia?

Não tem impasse, na verdade. Eu sempre falei que sou um fã de reality show e amo 'Big Brother'. Assisti quase todas as edições. Com certeza, se o convite fosse real, eu iria, sem sombra de dúvidas. Zero problemas com isso. E depois eu veria o que iria acontecer. Não sou o tipo de pessoa que fica pensando muito no futuro "ah, e depois?". Não. Eu penso no agora. Se receber o convite agora, vou e é isso. Acho que funciona assim. Não posso ter medo de arriscar e ser feliz. Se é o que quero, é minha vontade, com certeza eu faço.


Como você e seu namorado se conheceram?

Nos conhecemos através de amigos em comum. Nós dois somos do interior e todo mundo frequentava, na época, a mesma festa, em 2017. Não existia pandemia ainda, então era tudo liberado.

Quais foram o melhor momento da sua carreira e o pior momento?

O melhor momento de minha carreira, sem sombra de dúvidas, esse ano de 2021. Porque até o final de 2020, estava sofrendo muito com lesões. Desde que voltamos da pandemia, fiquei cinco messes dentro de casa, sem fazer nada, sem poder treinar e quando voltei, em 2020, meu corpo estava sentindo muito, principalmente a parte física, por ter ficado todo esse tempo parado. Aí, em 2021, eu ainda era uma dúvida para as Olimpíadas, mas consegui, com muito treino e disciplina, chegar até as Olimpíadas. Estava vivendo um momento muito bom fisicamente, comigo mesmo, consegui ajudar meu time a ser campeão da Super Liga, na temporada 20/21. Para mim foi sensacional. E o pior momento foi no final de 2017 e começo de 2018. Não estava em um momento muito bom. Não me sentia confortável perto das pessoas que eu estava próximo. Enfim, para mim foi um momento bem delicado. Mas depois disso, foi só alegria. Ainda bem.


Seu maior ídolo na vida e no esporte?

Na vida e no esporte é o mesmo: o Serginho Escadinha. Acho que ele foi um jogador incrível. Tive o prazer de jogar com ele. Era extremamente humilde e saiu de um lugar muito difícil, com uma infância muito difícil, e conseguiu construir uma coisa muito legal com a família dele e é exatamente isso que eu quero fazer para a minha também.


Douglas tem medo...

Douglas tem medo de não ser feliz e de se limitar. Agora estou vivendo um momento na minha vida em que faço muitas coisas ao mesmo tempo. Posso conciliar minha carreira como jogador de vôlei, influencer, youtuber e streamer. Eu amo tudo isso. Não gosto de ser só uma coisa. Não gosto de ser colocado dentro de uma caixinha e faço muito bem isso, de sair da caixa. Acho que é um ponto forte meu. Então, tenho um medo muito grande de que as pessoas fiquem colocando rótulos em você.

O que gosta de fazer em um dia de folga?

Um dia de folga é muito raro, na verdade. Não vou negar. Por estar acontecendo muita coisa na minha vida, não tenho um dia de folga. Mas seu eu tivesse, ia gostar de ficar me casa, tranquilo, com meu namorado, assistindo um filme, maratonando uma série. E sair com os amigos também. Gosto muito de reunir meus amigos em casa e conversar sobre a vida. É isso que eu gosto.

Douglas é bom em...

Como já falei, Douglas é muito bom em sair da caixa. Acho que isso é superimportante para todas as pessoas. Hoje em dia uma palavra muito legal e muito forte, é: se reinventar. Acho que a gente precisa se reinventar o tempo todo. Porque viver aquela mesma coisa durante muitos anos enche o saco e eu não gosto muito disso.


Douglas é ruim em...

Douglas é ruim em esperar. Odeio esperar, com todas as minhas forças. Sou aquele que gosta de chegar e fazer o negócio acontecer. Independentemente do que seja, gosto de correr e ir atrás. Não gosto de ficar esperando o negócio acontecer. Esse negócio de esperar não é muito comigo, não.


Vi que você assinou com a Adidas e fez um ensaio fotográfico. Você se considera um influencer?

Meu contrato com a Adidas já existia antes das Olimpíadas, na verdade. É meu terceiro ano, se não me engano, junto com a Adidas. Já estava com eles desde 2018, com contrato assinado. Na verdade, fiz dois ensaios fotográficos. Sim, sou influencer. Já era antes de ir para as Olimpíadas. Agora, com certeza, ainda mais, com uma proporção ainda maior.


Você também é streamer. Como surgiu essa ideia?

Eu sempre amei games. Devo ter ganhado o primeiro videogame da minha mãe quando eu tinha uns 8, 9 anos. Desde então nunca desgrudei. Sempre joguei muito com meus amigos e comecei a pensar: "Eu podia fazer uma live para as pessoas conversando, brincando, zoando". Hoje jogo League Of Legends (LOL), Valorant, jogo Overwatch também, jogo de tudo um pouco. Então comecei a testar esses jogos e faço lives todos os dias.


O que você mais aborda em seu canal?

Como jogo muito em live, meu canal no Youtube é praticamente dedicado a isso. Mas depois da visibilidade que eu tive nas Olimpíadas, o meu público cresceu muito, então abri para falar sobre outros assuntos. Mês passado fiz um vídeo especial de cem mil seguidores que fez muito sucesso. É um vídeo que pediram muito: como contei sobre a minha sexualidade para os meus pais. Hoje também interajo muito mais com o público diretamente, respondendo as perguntas que me mandam.

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