O crescimento do mercado de streaming marca também a evolução no segmento de dublagem. O meio digital permite que o público conheça e tenha acesso a outras histórias em idiomas além do Inglês, aumentando o volume de produções que precisam passar pelo processo de dublagem. Isso sem falar nos games. Em conversa com a dubladora Lhays Macêdo, ela comenta como chegou a esse mercado pujante e suas expectativas dentro do setor.
"Estudei teatro desde pequena e sabia que gostaria de trabalhar dentro desse mercado. Aos 16 anos, meus pais me emanciparam e eu mudei para o Rio de Janeiro para fazer cursos de dublagem. Aos poucos, fui aprendendo a técnica e, antes mesmo do curso terminar, fui indicada para fazer uma pontinha em uma novela mexicana. De lá para cá não parei mais", relembra.
A dubladora comenta que a descoberta pela profissão foi marcada quando assistia o seriado Chaves, exibido na época pelo SBT. "Percebi que os atores não eram brasileiros mas falavam português. Fiquei encantada com essa transformação de idioma e me apaixonei ali", conta.
"A maior dificuldade na época que comecei foi conseguir oportunidades de ser ouvida pelos diretores e fazer testes. Eu passava horas nas portas dos estúdios, na espera de algum diretor passar, para me apresentar e pedir uma chance. Depois de muitos ‘nãos’, as oportunidades começaram a aparecer", afirma. "Atualmente, meus personagens mais relevantes são a Ju-Kyung no dorama sucesso da Netflix “Beleza Verdadeira”, a Lucky na franquia “Spirit: Cavalgando Livre” e “Spirit: O Indomável”, a Lola do desenho e live action da Nickelodeon “The Loud house”, entre outros. Acredito que já dublei mais de 10 mil personagens, ao longo desses 14 anos de carreira", orgulha-se Lhays.
Sobre o novo momento e o futuro da profissão, ela é enfática: "Estamos enfrentando uma fase de incertezas com relação a ação da Inteligência Artificial nos nossos trabalhos. Atualmente, estamos aguardando que todos os distribuidores insiram em seus contratos a cláusula de proteção contra 'IA' aprovada pela categoria. Essa ferramenta já é algo real que se desenvolve muito rapidamente, mas nós temos o material humano e artístico que sempre será insubstituível. Acredito que teremos ainda desafios, mas penso que haverá um futuro que honre toda a história da dublagem", finaliza.