"X-Men" chega à Disney com franquia desgastada, mas boas potencialidades

Com "Fênix Negra" nos cinemas e expectativa pelo ingresso dos mutantes no Universo Cinematográfico Marvel, momento é de reavaliação e projeções

"X-Men: Fênix Negra", detonado pela crítica internacional, é um filme importantíssimo no contexto histórico de Hollywood. Ele representa o último suspiro da fase criativa dos mutantes no cinema pela FOX antes do controle da Marvel sobre os personagens - uma das variantes da compra do estúdio pela gigante Disney.

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Cena do filme X-Men: Fênix Negra

Não é um suspiro dos mais fortes. Foram 12 filmes, se contarmos os dois longas de Deadpool, desde 2000. Aquele primeiro filme, orçado em US$ 75 milhões, foi um risco que um estúdio com as diretrizes comerciais e cultura de negócios da Disney jamais correria. O longa de Bryan Singer, hoje um pária na indústria, privilegia os dramas e conflitos que fizeram os X-Men culturalmente relevantes.

"Fênix Negra" (2019) e  "Apocalipse" (2016) encerram essa fase em outro tom. Aqui a orgia do CGI é primazia e, no caso de "Fênix Negra", o próprio mote é repetido. A trama já foi abordada, com eficiência discutível, em "O Confronto Final" (2006), um filme que a bem da verdade funcionaria melhor sem esse recorte. 

Essa desorientação aconteceu pela falta de tato do estúdio com sua propriedade intelectual. "X-Men Origens: Wolverine" (2009) foi um sinal de que seria preciso muito cuidado na abordagem da franquia mutante depois da trilogia original. 

Esse cuidado veio na forma de "Primeira Classe" (2011). Matthew Vaughn, produtor dos filmes de gangster de Guy Ritchie, tinha no currículo o melhor filme de gangster do século XXI, que de quebra colocou Daniel Craig no radar para ser James Bond ("Nem Tudo é o que Parece"), e "Kick Ass- Quebrando Tudo" (2010) e enxergou no universo mutante aquilo que ele tinha de melhor: um ambiente para trabalhar as complexas e controvertidas relações humanas com um forte viés político.

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Michael Fassbender: excelente novidade em 'Primeira Classe' chega sem inspiração a 'Fênix Negra'

Levando a trama para os anos 60 e com Michael Fassbender e James McAvoy assumindo os icônicos Magneto e Charles Xavier, o filme foi um estouro de bilheteria e de crítica. Mas Vaughn prefiriu tocar "Kingsman", um projeto pessoal dentro do estúdio, a tocar a sequência, que acabou supervisionando o roteiro e produzindo. 

Foi a deixa para que Bryan Singer, responsável pelos dois primeiros e melhores filmes da franquia até a chegada de "Primeira Classe", voltasse. "Dias de um Futuro Esquecido" (2014) registrou uma das melhores bilheterias da saga, mas dividiu a crítica. 

Ali há um esforço nobre de corrigir a linha temporal da série. Se falha parcialmente nesse aspecto, o filme consegue dimensionar a ideia de espetáculo cinematográfico como nenhum outro filme da franquia fizera. De quebra, aproxima-se da linguagem clássica da HQ em diversas frentes.

O futuro

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Cena de 'Logan', que ganhou uma belíssima versão em preto e branco ainda em 2017

A chegada na Marvel deve promover muitas mudanças significativas. A começar pela mudança do elenco. A Marvel vai anunciar seu cronograma de novos filmes apenas depois da estreia de "Homem-Aranha: Longe de Casa", em julho, mas é possível intuir que nenhum da franquia mutante esteja nesse calendário - as apostas apontam para a possibilidade do Quarteto Fantástico figurar nessa primeira lista.

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O que não quer dizer, que a empresa não trabalhe alguns desses personagens em filmes solo de outros. "Viúva Negra" "Pantera Negra 2" e "Doutor Estranho 2" podem facilitar essa transição. Outra possibilidade será desenvolver séries para o Disney +, plataforma que a Disney lança no final do ano.

Entre tantas apostas, a mais segura delas, é que depois de "Fênix Negra", um novo filme do grupo mutante não deve chegar tão cedo. Desgastados, os mutantes vão passar por reengenharia genética quando aterrisarem na Marvel .