“The Perfection” é bizarra crônica sobre arte, violência e reparação

Longa da Netflix é sensual, inquietante, surpreendente e violento, uma das experiências cinéticas mais completas e acachapantes de 2019 até momento

Por Reinaldo Glioche | 28/05/2019 05:00

É preciso ter muita consciência de seus objetivos para construir uma narrativa calcada em truques narrativos e, ainda assim, conseguir provocar algum impacto no espectador. A despeito dos truques, mas também por conta deles, “The Perfection”, novo e bizarro thriller da Netflix, capitaliza justamente por ostentar essa rara qualidade.

Divulgação
"The Perfection" tem Alisson Williams como violoncelista

Dirigido por Richard Shepard, dos tresloucados “A Recompensa” (2013) e “O Matador” (2005), “ The Perfection ” é uma eletrizante e esquisita crônica sobre arte, violência e reparação, com uma bem-vinda aura feminista untando tudo.

Allison Williams , de “Girls” e “Corra!, é Charlotte, uma violoncelista que teve que abandonar um dos mais prestigiados cursos de música do mundo para cuidar da mãe doente. Após a morte da mãe ela contata seu antigo tutor para descobrir que ele tem uma nova protegida, que talvez seja até mesmo mais talentosa do que ela, papel de Logan Browning, da série da Netflix, “Dear White People”.

Há um interesse genuíno, cujos matizes propositalmente nunca ficam claros, de uma pela outra. A partir daí, a bizarrice toma conta. Uma narrativa farsesca sucede a outra e, embora tudo seja muito intuitivo para a audiência, ela se deixa surpreender por cada reviravolta na trama.

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“ The Perfection ” é uma experiência bastante cinética. Da rivalidade doentia no universo da arte, passando pela ansiedade de ser estrangeiro em um país estranho, pelo desatino da rejeição, do abuso, da repercussão da violência, de natureza física ou psicológica, tudo se alinha no longa de Shepard com alguma arritmia, é verdade, mas de maneira efusiva e assustadoramente sedutora.