Agridoce, "A Vida de Diane" aborda custos da responsabilidade afetiva
Primeiro longa de ficção de Kent Jones, vencedor do festival de Tribeca, estreia nesta quinta (9) em SP, RJ, BH, Brasília e outras cidades do País
Por Reinaldo Glioche |
Autor de livros, diretor do festival de Nova York e documentarista responsável por pensar o cinema enquanto arte com filmes como "Hitchcock/Truffaut" (2015) e "Um Carta Para Elia" (2010), Kent Jones estreia no cinema de ficção com o tenro e agridoce "A Vida de Diane".
O longa acompanha a protagonista, vivida pela ótima Mary Kay Place, em uma jornada de servidão. Diane é daquelas pessoas que cuidam das outras. Sejam os familiares adoentados ou emocionalmente dependentes, ou pessoas estranhas dentro do contexto de seu trabalho voluntário na igreja. O que "A vida de Diane" advoga é que há um custo nessa lógica fransciscana.
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O filme de Kent Jones é bastante minimalista e se resolve como uma ode ao cinema de John Cassavetes, grande patrono do cinema independente americano. Premiado como melhor filme, roteiro e fotografia no festival de Tribeca, o longa se escora fundamentalmente na capacidade de sua protagonista de transmitir o esgotamento emocional ao qual atravessa no momento em que a encontramos.
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"A Vida de Diane" é, portanto, um filme que se apoia na singeleza de sua proposta e na força de sua atriz para se promover dramaticamente e é muitíssimo bem sucedido na abordagem e em seus efeitos.