Publicado originalmente com o título “A Costureira e o Cangaceiro”, o livro “Entre Irmãs” da escritora Frances de Pontes Peebles virou um filme de Breno Silveira, protagonizado por Nanda Costa e Marojie Estiano . Em entrevista exclusiva ao iG Gente, Frances conta um pouco sobre o livro, que lhe renderam até mesmo prêmios importantes, e planos para o futuro.
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Depois de ver "Entre Irmãs" , já em cartaz nos cinemas, Frances conta que aprovou o filme e frizou a dificuldade de escrever um roteiro a partir de um livro de 600 páginas. Para ela, Patrícia Andade captou a alma e o espíro do livro. "O nível de fidelidade com a história me emocionou muito! O meu nível de participação foi simplesmente escrever o livro. Eu acho que o elogio mais forte e mais bonito que qualquer artista pode receber é que outro artista se inspire no seu trabalho. Isso me dá muita satisfação", contou ela, que não quis se envolver no filme e apenas confiou no resultado.
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Questionada sobre uma possível inspiração para a obra, a escritora diz que a história sempre esteve dentro dela, mas demorou para sair da maneira certa. "A inspiração vai se acumulando dentro de nós ao longo do tempo. A vida é cheia de momentos e pessoas marcantes, mas nem todas viram romance. Então, antes de escrever qualquer coisa, eu penso muito bem se a ideia e as personagens são duradouras, se eu quero passar dois, três, quatro anos, no caso do “Entre irmãs” seis anos com essas personagens", disse. Ela conta que desde jovem queria escrever sobre o cangaço de uma maneira diferente e ao procurar informações a respeito, percebeu que não existiam, o que a deixou interessada, porém triste. "Eu queria mostrar o lado humano, feminino, e também o lado violento do cangaço".
A autora escreveu seu livro em inglês e, depois de ler a primeira versão em português, publicada em 2010, não tocou mais no livro. Ela é brasileira radicada em Chicago e veio ao Brasil para o lançamento do filme. Frances conta que leu o livro novamente em setembro desse ano e acabou vendo que faria algumas alterações na obra. "talvez fizesse um livro um pouquinho mais curto que as 600 páginas que contam essa história (risos). Mas, fora isso, as personagens realmente foram fortes e emocionantes e isso para mim é o mais importante porque são elas que guiam o livro", conta ela.
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Ela continua a inflexão. "Comecei a escrever esse livro com 24 anos, terminei aos 30. Foi uma fase muito forte na minha vida. Agora eu tenho 39 anos e sou uma mulher diferente do que era naquela época. Então eu não mudaria mais nada, mesmo achando que poderia ter feito algumas partes melhor. Esses 'erros' me mostram como eu estou crescendo e melhorando sempre como escritora".
Frances comenta que algumas de suas primeiras memórias foram no Cariri de Taquaritinga do Norte, onde sua família tinha uma fazenda. “. Mesmo vivendo no exterior, eu sempre voltava para a fazenda, morei lá. E é uma parte da minha alma. Eu tive essa vivência e me inspirei nas pessoas que moram nesse ecossistema da caatinga”. Ainda de acordo com a autora, sua dificuldade foi o dia a dia dos cangaceiros porque, mesmo conhecendo, não morou no mato.
Premiações
O melhor prêmio para a autora é o elogio que vem dos leitores, que enviaram e-mails para ela dizendo que adoraram. “Mas não vou dizer que não foi bom ganhar os prêmios também. Eu passei muito tempo trabalhando nesse livro sozinha, sem saber se seria publicado”, explica. Eu tinha uma grande inspiração e queria muito escrever, ninguém ia entrar no meu caminho e me parar. Mesmo se ninguém lesse, eu ia escrever essa história; foi uma necessidade para mim. Ganhar os prêmios foi uma experiência muito bonita porque me mostrou que todo aquele trabalho não foi em vão.
Futuro
Novas obras a caminho? Com certeza “é só achar um tempo para escreve-las”, brinca. “Agora estou terminando meu novo livro, um segundo romance, que deve ser lançado aqui nos Estados Unidos no final de 2018 e, se as editoras no Brasil gostarem, também no Brasil. Também tenho alguns contos a caminho”. Afinal, escrever, para ela, é uma tarefa muito trabalhosa, porém, muito bonita. “posso fazer isso por toda minha vida, não é como um jogador de futebol, por exemplo, que tem uma vida curta no seu trabalho por causa do seu corpo. Se a minha mente estiver boa, até 80, 90 anos eu posso continuar escrevendo e fazendo companhia a muitas outras personagens, compartilhando essas histórias com os leitores não só do Brasil, como do mundo todo. Será meu sonho se realizando”.
Do Vidigal para o mundo
O ator e cantor Tiago Barbosa não nasceu no morro do Vidigal, no Rio de Janeiro, mas morou "nesse terreno fértil", como ele mesmo diz. Atualmente, ele divide seu tempo entre a agenda de shows “Do Vidigal para o mundo” e as grandes montagens da Broadway. Protagoniza o marco da Disney, “O Rei Leão”, dando vida ao Simba no teatro Lope da Veiga em Madrid, Espanha. Disputado pelas principais companhias internacionais o pioneiro, Tiago Barbosa, carimbou outros personagens memoráveis como o primeiro príncipe negro, Topher, em “Cinderella o musical” e o atrapalhado capanga TJ de “Mudança de Hábito”.
Voltando a agenda de shows, agora será possível estar mais próximo de Tiago em sua faceta como cantor, no show “Do Vidigal para o mundo”. Show que traz à tona a veia musical particular do cantor em duas apresentações; dia 17/10 ás 21hrs no teatro União Cultural em São Paulo e dia 21/10 ás 21hrs no Street Lapa, Rio de Janeiro. “Do Vidigal para o mundo” une as influências norte-americanas e brasileiras – uma fusão de Aretha Franklin com Tribalistas - do cantor, tendo como norte criativo o saudosismo que reflete a realidade de um artista que vive em uma terra estrangeira.
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