
Após a cirurgia realizada pela cantora Preta Gil, que retirou a porção mais distal do intestino grosso antes do reto, devido a um câncer de sigmoide, ela passou a usar uma bolsa de colostomia de forma permanente.
A operação e a adaptação à nova realidade trazem desafios significativos para os pacientes, e é essencial entender as implicações desse procedimento, assim como os cuidados necessários.
Em entrevista exclusiva ao Portal IG, o médico Thiago Cornelio, especialista em cirurgia oncológica do aparelho digestivo, explicou que a colostomia é um procedimento cirúrgico que modifica o funcionamento do sistema digestivo.
Durante a cirurgia, uma porção do intestino grosso é exteriorizada através da parede abdominal, criando um estoma por onde as fezes serão eliminadas. Esse procedimento altera o trânsito intestinal, já que o paciente perde o controle voluntário sobre a evacuação.
"O principal impacto é a perda do controle esfincteriano, o que significa que não há mais a regulação da evacuação pelo ânus", afirma o especialista.
Com isso, o uso da bolsa de colostomia é essencial para o paciente após a cirurgia. Sua principal função é coletar as fezes eliminadas pelo estoma de maneira higiênica e funcional, explica.
Segundo Dr. Thiago, a bolsa é indispensável para garantir a qualidade de vida do paciente, especialmente em casos de colostomia permanente, como o de Preta Gil. Mas ele destaca que o uso prolongado da bolsa de colostomia requer cuidados diários para evitar complicações.

Entre as principais dificuldades estão a irritação da pele periestomal, que pode ocorrer devido ao contato constante com fezes e ao uso de adesivos. Além disso, há o risco de hérnias paraestomais, quando o tecido ao redor do estoma se projeta para fora, e de infecções, como dermatites e infecções fúngicas. O médico alerta ainda para a possibilidade de obstrução intestinal, especialmente se houver aderências cicatriciais na cavidade abdominal.
Já a adaptação à colostomia é um processo gradual, que exige tanto ajustes físicos quanto psicológicos.
“O paciente precisa aprender a manejar a bolsa, identificar sinais de complicações e ajustar sua rotina para evitar desconfortos. A parte emocional também é significativa, pois há um impacto na autoimagem e na aceitação da nova condição. O acompanhamento com estomaterapeutas e psicólogos é fundamental nesse processo.”

A troca regular da bolsa é essencial para evitar vazamentos e irritações, assim como o uso de roupas confortáveis que não comprimam a região do estoma. Os cuidados diários incluem manter a pele limpa e seca, além do uso de barreiras protetoras para prevenir danos.
A alimentação também requer ajustes, evitando alimentos que provoquem gases ou possam obstruir o estoma, como sementes e fibras em excesso. Além das adaptações físicas, o apoio emocional e a quebra de tabus são fundamentais para que o paciente retome suas atividades com mais confiança.
Apesar das grandes mudanças que a colostomia impõe à vida de uma pessoa, o Dr. Thiago Cornelio reforça que com o devido acompanhamento médico e psicológico, o paciente pode manter uma rotina ativa e saudável.

“A colostomia, embora seja uma mudança significativa na vida do paciente, não deve ser encarada como uma limitação absoluta. Com os devidos cuidados e acompanhamento especializado, é possível manter uma rotina ativa e saudável.”
“O caso de Preta Gil reforça a importância da informação e da quebra de tabus sobre o tema, encorajando outros pacientes a enfrentarem a condição com mais confiança e dignidade”, conclui.
