O ex-presidente da República Jair Bolsonaro fez uma crítica indireta à Lei Rouanet após Fernanda Torres vencer o Globo de Ouro como Melhor Atriz de Drama por "Ainda Estou Aqui".
Em postagem no X, Bolsonaro sugeriu que o governo Lula prioriza incentivos culturais em detrimento de investimentos em infraestrutura. O ex-presidente compartilhou um vídeo de dezembro em que um homem reclama da situação das balsas em Goiânia e escreveu: "O investimento em infraestrutura é rechaçado pela gestão Lula e, coincidentemente, jamais cobrado por outros governantes de outrora. Enquanto isso, a Rouanet?"
A declaração gerou reações nas redes sociais. Simpatizantes de Bolsonaro endossaram as críticas, enquanto apoiadores da atriz usaram fotos de Fernanda comemorando o prêmio para rebater as acusações.
Apesar das insinuações, "Ainda Estou Aqui" não utilizou recursos da Lei Rouanet. A produção não teve autorização para captar verbas públicas por se tratar de um longa-metragem de ficção, o que é proibido pela legislação desde 2007. Segundo a lei atual, apenas documentários, curtas e médias-metragens podem receber financiamento pela Rouanet.
Com 2h19m de duração, o longa estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello aborda temas sensíveis, como tortura e desaparecimentos forçados durante a ditadura.
A narrativa é baseada em fatos reais e conta a história de Eunice Paiva, esposa do deputado cassado Rubens Paiva, que se viu sozinha após o marido desaparecer depois de ser levado por agentes da ditadura militar. Eunice então tenta descobrir se o marido ainda está vivo, enquanto cuida dos cinco filhos do casal e tenta sobreviver ao regime militar brasileiro.
Mario Frias
O deputado federal Mário Frias (PL-SP) também criticou o filme e a premiação. Conhecido por declarações negacionistas sobre a ditadura, Frias questionou a escolha do longa e a repercussão internacional da vitória de Fernanda Torres. Ele afirmou que o cinema brasileiro deveria focar em histórias “positivas” sobre o país.
O deputado afirma: "Todos os políticos da 'direita' que estão dando parabéns a Fernanda Torres, alegando que a posição política dela não impede o reconhecimento, estão apenas emulando falso virtuosismo, não passam de hipócritas tentando passar uma aura de moderação na ânsia de ter algum tipo de reconhecimento da elite esquerdista brasileira, a mesma elite que não perderia dois segundos do seu dia para lhes dar qualquer tipo de atenção ou respeito."
Ele afirma que a oposição enxerga o apoio à Fernanda como uma fraqueza e dispara: "É dever moral, de qualquer cidadão capaz de fazer um juízo de valor são, execrar todo e qualquer colaborador do Estado de Exceção no Brasil. Se você acha normal parabenizar alguém que defende a prisão de mãe de família e idosos, você é um sujeito caricato, uma dessas figuras que babam na própria gravata. Alguém assim jamais deveria ocupar um cargo público, pois não tem ideia de toda extensão e profundidade da dimensão moral da vida humana."
Ele finaliza: "Se você acha legal bajular alguém por ganhar um prêmio da elite artística global, a mesma elite artística que dá sustentação a toda barbárie que acontece no Brasil, então você é um idiota que merece ser um escravo. Servilismo não é moderação, é covardia indigna."