O humorista Whindersson Nunes se pronunciou na noite do último domingo (24) para desabafar sobre o caso de Jéssica Vitória, jovem de 22 anos que tirou a vida após ser vítima de fake news que apontava um suposto relacionamento com o comediante. O piauiense está se mobilizando para a responsabilização dos envolvidos no caso e sugeriu a criação de uma lei em nome da garota.
Através do Instagram, Whindersson publicou um vídeo de dez minutos em que comenta desde o surgimento da notícia falsa até a reação após a morte da garota.
Segundo o relato, uma página de fofoca procurou o comediante antes de toda a polêmica para entregar a suposta interação entre ele e a jovem.
"'Olha, tô mandando uns prints de uma conversa sua, mas a gente não vai postar, porque não parece ser você nas conversas. Você quer que eu mande pra você?'. Eu falei: 'Mande, mas quem é a pessoa?' [e falaram]: 'É a Jéssica'. A Jéssica, como se eu conhecesse alguma Jéssica. Então, eu já sabia que não era eu", iniciou.
A página em questão afirmou que não publicaria o conteúdo após a negativa de Whindersson. Entretanto, pouco tempo depois, outro perfil de Instagram divulgou as conversas falsas e o conteúdo foi se disseminando nas redes sociais.
"Eu tava fora do país, tava de férias, e de primeira impressão, o que eu pensei? Sempre acontece isso comigo, as pessoas sempre detonam a menina. Então, o que eu faço pra minimizar? Eu não falo nada, porque eu conheço como são as pessoas. Muitas delas são cruéis", refletiu.
Whindersson explica que o silêncio sobre o caso foi para dissolver os ataques que tanto ele quanto Jéssica estariam recebendo.
"Não conhecia a Jéssica, não sabia quem ela era, nunca tinha visto ela na minha vida. Não sabia se ela tava participando ou não, mas também não acusei. Então, quando eu vi a notícia, já voltei e disse que não conhecia ela, que essa era uma conversa fake, já pra desmentir e deixei quieto, porque eu deixo tudo quieto. Se eu fosse falar qualquer coisa que passei com mulher na minha vida, como eu sei que as pessoas são cruéis, eu sei que elas vão detonar a pessoa. Então, eu prefiro engolir", apontou.
No pronunciamento, o comediante relembrou dramas que viveu após ser famoso e lamentou o modo como foi atacado.
"Prefiro ser o cara que não defendeu na hora que eu tinha que defender. Eu prefiro ser o cara que abandonou a esposa porque perdeu um filho, e aparentemente, se não me der um filho, parece que eu não amo a pessoa. Essas são coisas que leio, que eu sou narcisista, que isso, que aquilo, mas prefiro não falar um A. Sei que se eu falar um A, as pessoas vão fazer da vida das outras pessoas, que já estão vivendo sua vida, um inferno e eu não quero isso" lamentou.
Após ver que o caso estava saindo do controle e que a mãe de Jéssica tinha publicado um vídeo alertando o estado fragilizado da filha, o comediante decidiu que voltaria para o Brasil, onde gravaria um pronunciamento. Entretanto, a jovem morreu pouco tempo depois.
"Eu pensei: 'meu Deus do céu, pelo amor de Deus, que não comece a inventar que eu não tô falando sobre, porque eu não quero falar, pra não ter culpa', porque eu só preciso de um tempo pra poder pensar nisso, que isso é muito novo pra mim também, isso nunca aconteceu comigo", recordou.
Temendo ser acusado e mal julgado, Whindersson se direcionou à mãe de Jéssica, enfatizando que jamais incentivaria alguém a tirar a própria vida.
"Quero falar com a mãe da Jéssica. Eu sou um cara muito problemático, também tento há muito tempo dar sentido à minha vida. Eu tento me curar de abuso psicológico, de abuso sexual na infância. Tô me abrindo aqui de uma forma que eu só me abri pra pessoas que eu me relacionei mesmo, mas pra nesse momento vulnerável aí da senhora eu me mostrar a minha parte mais vulnerável também. Já passei de tudo um pouco na vida, de todo tipo de coisa ruim, mas eu jamais incentivaria ninguém a tirar a própria vida", declarou.
O comediante também refletiu sobre a onda de ataque contra o responsável pelo perfil Choquei, apontando como é perigoso as pessoas espalharem fotos dele no intuito de incentivar o ódio. "Isso pode gerar, às vezes, um ataque no meio da rua. Alguém fazer alguma coisa fisicamente com esse cara e a gente não quer mais vítimas aqui, a gente não queria nenhuma vítima", indicou.
Whindersson finaliza o pronunciamento se comprometendo a auxiliar na investigação do caso e propondo que uma lei seja criada para frear perfis que espalham desinformação nas redes sociais.
"Iniciar um movimento para ver se contribui para a gente criar uma lei chamada Jéssica Vitória para aprimorar a legislação brasileira nesse negócio que está acontecendo agora, que é esse jornalismo não oficial. Que isso é muito perigoso. Tem gente que tem muito seguidor e diz que não é uma coisa oficial, mas é uma coisa que impacta de verdade", analisou.
O humorista também declarou que sua missão é chegar no "topo da pirâmide", que seriam os verdadeiros responsáveis por essa dinâmica de desinformação. Segundo ele, o topo seria pessoas que lucram com o engajamento dos ataques de ódio.