Do racismo ao assédio: 'Mulheres Apaixonadas' envelhece mal na Globo

A novela de Manoel Carlos, exibida em 2003 e é reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, não se atualizou e trouxe tramas questionáveis para agora!

Relação de professora e aluna

Uma das tramas mais problemáticas da novela é a de Raquel (Helena Ranaldi), professora da Escola Ribeiro Alves, que foge dos maus-tratos do marido Marcos (Dan Stulbach) e acaba se relacionando com Fred (Pedro Furtado), adolescente e aluno dela. Na época, o caso de amor entre a professora e o aluno era aceito e tinha torcida da audiência.

Zilda%2C empregada de Helena em "Mulheres Apaixonadas"

Obsessão por empregada

O caso de Carlinhos (Daniel Zettel) também é preocupante. O menino do Leblon passa a novela toda assediando a empregada doméstica Zilda (Roberta Rodrigues).

Reprodução/ Globo

Machismo

A novela, que crítica o machismo de diversas formas, acabou difundindo ele. Em uma cena, Helena (Christiane Torloni), fala sobre casos de assédio nas escolas e reclama das alunas que vestem roupas curtas. Ela afirma que isso pode “provocar” os professores.

Reprodução/TV história

Racismo

A novela também refletiu o racismo estrutural da época ao colocar atores negros como empregados e serviçais. Além disso, as empregadas domésticas estavam sempre submissas e prontas para entender as ordens das patroas, mulheres brancas.

Divulgação/ Globo

Relação no ambiente de trabalho

"Mulheres Apaixonadas" ainda romantiza relações no ambiente de trabalho entre chefes e subordinadas. O médico Cézar (José Mayer) se relacionou com as assistentes dele mais de uma vez. Na trama, inclusive, ele dispensa e termina o namoro com uma, que estava de licença, para poder se envolver com a substituta, Luciana (Camila Pitanga). Na época, além da relação ser vista com bons olhos, o personagem era considerado galã.

Zilda%2C empregada de Helena em "Mulheres Apaixonadas"

Elitismo

Por mais que novela debata as dificuldades que as mulheres enfrentavam e enfrentam, ela ainda traz uma visão muito elitista da sociedade. A trama gira apenas em torno de famílias brancas e ricas do Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, e coloca os marginalizados (empregados, funcionários, serviçais) como quase figurantes.

Críticas

Por isso, ao ser reprisada, "Mulheres Apaixonadas" foi criticada na web. "Hoje assisti à novela Mulheres Apaixonadas da Globo (2003). Valeu a pena ver de novo e entender como as novelas da Globo foram nocivas pra nossa sociedade. Elenco quase totalmente branco e os negros como serviçais da classe média e média alta. Racismo estrutural em forma de arte!", disse um usuário do Twitter. "Essa novela Mulheres Apaixonadas é uma sequência de horrores… em menos de 5 minutos vemos pedofilia e assédio no ambiente de trabalho normalizados!! Sinceramente… porque passar de novo!!????", questionou outro.

Reprodução/Globo

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