Livro publicado nesta semana revela os bastidores polêmicos da obra de Francis Ford Coppola.
Para dar vida a Don Vito Corleone, Marlon Brando entrou em contato com Russell Bufalino, um mafioso da época. Na ocasião, o ator ligou para Russell, mas quem atendeu foi William “Big Billy” D’Elia, o homem de confiança do criminoso. Ao ficar sabendo da ligação surpresa, o próprio Russell passou a conversar Marlon Brando.
Em 1970, dois anos antes do lançamento, Joe Colombo, integrante de uma das cinco principais famílias da máfia, fundou a Liga Ítalo-Americana de Direitos Civis. Essa tinha como objetivo erradicar o preconceito contra italianos, principalmente através da mídia. No entanto, o grupo utilizava a violência para que fosse respeitado.
O livro de Mario Puzo, que originou 'O Poderoso Chefão', já havia gerado repercussões negativas entre a comunidade italiana. Para garantir que não fosse desrespeitado, o grupo promoveu uma série de ameças contra os executivos do estúdio e atrapalhou o andamento da produção.
Para acalmar a animosidade dos mafiosos, o produtor aceitou ceder. No livro, Big Billy revelou condições para que as filmagens começassem. "Ruddy afirmou que removeria a palavra ‘Máfia’ do filme, daria um milhão de dólares à liga, pararia de vender um jogo de tabuleiro do filme e faria uma première em Nova York".
O produtor Ruddy resolveu o impasse com os criminosos e ganhou a confiança de Russell, que passou a defender a produção. A relação se estreitou e eles ficaram amigos. O produtor chegou a participar de uma reunião ao lado do líder da liga italo-americana e acabou sendo demitido. A Paramount não apoiava o envolvimento da máfia com a produção.
Um dos casos inusitado dos bastidores é a participação de integrantes ligados à máfia no elenco de 'O Poderoso Chefão'. Lenny Montana, o guarda-costas de Andy Russo, garantiu uma vaga ao roubar uma câmera da produção.
A atitude chamou atenção do diretor Francis Coppola, que precisava de alguém daquele porte físico para interpretar Luca Brasi, um dos mais temidos executores e guarda-costas de Vito Corleone. “Ele não precisava falar muito, mas quando precisou, estragou tudo em uma cena com Brando no escritório dele. Mas pareceu tão real que mantiveram no filme. Ele saiu de lá dizendo para todos que era uma estrela de cinema”.
Até o fim de todos os projetos, Marlon Brando e Russell mantiveram contato. Sempre que o ator tinha dúvidas ele ligava para a fonte de inspiração. "Russell mostrou os caminhos para ele, como falar, as manias e seu jeito quieto, que Brando usou no filme", relata Blilly, no livro.