A atriz Erika Januza completa 10 anos de carreira neste mês. No dia primeiro de novembro de 2012, Januza estreava na profissão como Conceição, a protagonista da minissérie "Suburbia", da TV Globo. De lá para cá, a profissional acumula um vasto currículo com novelas, filmes, séries e peças de teatro.
Em conversa exclusiva com o iG Gente, a artista abriu o coração ao celebrar o marco na carreira e analisou a representatividade negra na televisão. "Eu confesso que dia primeiro [de novembro] eu acordei chorando. Um turbilhão de emoções que eu estava e pensei 'nessa trajetória, será que eu fui bem? O que eu alcancei? O que eu ainda quero alcançar?'. Eu acordei bem reflexiva no dia primeiro", relembra.
Apesar dos questionamentos, a atriz consegue enxergar que o caminho até aqui foi uma conquista através do talento. "A confiança que eu tive. De acreditar em mim, que não tinha experiência. Eu sou muito grata a tudo isso e acho que é isso que dá norte para o restante da minha carreira. Eu estou hoje aqui por méritos meus, não foi por favor de ninguém, não comprei ninguém", comenta Januza, que participou de novelas como "Em Família", "Sol Nascente", "Amor de Mãe e "Verdades Secretas II"
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Como artista negra, Erika entende que muitas vezes os atores e atrizes pretos são colocados em caixinhas padronizadas, onde eles já têm os papeis específicos definidos. Januza celebra as oportunidades que teve longe dos esteriótipos. "Eu fiz tantos personagens tão significativos, tive tantas oportunidades que eu sei que, para mim, como atriz negra, não é nada fácil. Eu aprendi isso ao longo da minha trajetória, mas ainda assim fui muito agraciada com personagens ótimos, muitas vezes livre de esteriótipos", afirma ela.
Além do físico já ser uma forma de representatividade, a atriz conta que o tópico faz parte do seu dia a dia. "Eu consegui fazer uma carreira que transita por vários lugares, e permeando muito por onde eu gosto de estar, falando da representatividade, desse 'nós podemos', que, para mim, é muito isso. A gente pode tudo quando a gente corre atrás, porque eu comecei estudando muito. Suburbia foi dedicação total e tudo que eu faço até hoje não é só mais um. Cada um é único", reflete.
Além disso, ela compreende o papel dela como inspiração para outras mulheres negras que a assistem na televisão. "Eu não tinha na TV e nem na publicidade alguém para me inspirar, alguém para olhar e dizer que meu cabelo parece com o daquela pessoa. E o meu cabelo é bonito também, o meu cabelo é igual da televisão, eu não tive isso", disse, citando a atriz Isabel Fillardis como uma das suas inspirações distantes na televisão.
Erika ainda reflete como as mulheres negras sofrem com elementos da mídia que as distanciam do que elas são, mas percebe que gradualmente há uma mudança e comemora por fazer parte dos artistas que são representativos.
"A mulher preta tem essa questão toda com a autoestima, está sempre fora dos estereótipos de beleza. Isso antes, porque acho que hoje vem mudando muito graças a Deus. E aí a representatividade não está mais só na TV ou só com os artistas. Eu acho que mulher potente que se aceita como é também está no seu espaço. O papel de quem está na mídia é muito importante também para mostrar isso e eu, o pouco que eu consigo fazer, eu faço com muito amor que eu queria muito ter tido isso", declara a atriz.
Januza sabe o que quer para os próximos dez anos de sucesso. Sem titubear, a atriz entrega que tem vontade de interpretar Xica da Silva, outra protagonista e uma vilã. Longe de qualquer caixa estereotipada, Erika quer ser referência para mais pessoas.
"Quando um autor pensar: 'A gente precisa de uma boa atriz para fazer tal coisa'. Boa atriz? A Erika'. Eu quero ser sempre vista como uma boa atriz. Não a atriz negra ou atriz jovem, ou atriz que dança. Quero ser lembrada sempre como uma boa atriz. Então eu espero que daqui a dez anos eu esteja neste momento. Ganhando um prêmio, fazendo muitos trabalhos", admite.
"Pensei em pedir para a patroa me deixar voltar"
Ao olhar para o início da carreira de atriz, Erika Januza se emociona e conta que pensou em voltar para o antigo emprego. Ela era secretária de uma escola em Minas Gerais e temeu o desemprego na carreira artística.
"Eu tinha muito medo quando eu saí do trabalho. Pensei em pedir para a patroa me deixar voltar. Eu vou lá gravar, deixa eu voltar para o meu emprego. Achava que não ia dar certo, ninguém mais ia me dar chance. Então, eu tinha medo de ficar desempregada, porque estava indo para algo totalmente novo, que eu não tinha experiência", disse a atriz, que ressalta a importância de acreditar nos sonhos.
Não foi necessário pedir para voltar a ser secretária em uma escola. Atualmente, Erika está na série "Arcanjo Renegado", do Globoplay, que estreia a terceira temporada em 2023, e na série "Magia de Aruna", da Disney+, que também chega ao catálogo no próximo ano. Adaptada ao mundo das plataformas de streaming, a atriz também tem participação garantida no filme "Biônicos", da Netflix.
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