Pabllo Vittar se revolta após acusações de 'asian fishing'
Fernanda Rayachila
Pabllo Vittar se revolta após acusações de 'asian fishing'

Pabllo Vittar soltou o verbo após sofrer acusações de estar fazendo ' asian fishign' , termo usado para designar pessoas brancas que tentam se apropriar da cultura asiática, por exemplo, usando maquiagem para imitar traços asiáticos, como os "olhos puxados".

A cantora tem reagido aos comentários dos internautas mandando eles "lavarem uma louça" e classificando as acusações que vem recebendo como uma "obsessão" ou "necessidade de atenção".

Um fã de Pabllo fez um alerta à cantora sobre o porquê a prática é considerada problemática — sobretudo, por questões de estética ou de fetichização ou sexualização dos corpos asiáticos. Ele disse acreditar que a artista não tem intenção de ofender ninguém, mas que "o momento é de se responsabilizar e pedir desculpas".

"Oi, Pabllo! Sou muito fã do seu trabalho e agradeço por você existir e por tudo o que tem feito pela população LGBTQIA+ com o seu trabalho e sua visibilidade. Mas preciso comentar sobre a "polêmica" do que chamamos de asianfishing. Sou uma pessoa amarela brasileira de ascendência japonesa. Durante toda a minha infância e adolescência, meus traços foram considerados estranhos, exóticos e, por muitas vezes, feios. Tive que construir, aos poucos, uma autoestima que ainda é frágil, por conta disso. A discriminação racial pela qual pessoas amarelas brasileiras passam em nosso país se dá por micro-agressões e, sobretudo, pelo que chamamos de "racismo recreativo". Nossos traços e nossa cultura são, constantemente, ridicularizados e transformados em piada", começou ele.

"Essa dinâmica nos desenha enquanto corpos risíveis e, portanto, constrói níveis de respeitabilidade e, logo, de humanidade que nos coloca abaixo de pessoas brancas. Somos, no Brasil, caricaturas ambulantes, exóticas e entendidas como estrangeiras. No entanto, com o fenômeno dos animes e, posteriormente, do K-Pop, nossos traços e culturas passam a ser valorizados, de um ponto de vista mercadológico. Ou seja, nossos corpos e ancestralidades viram mercadoria, acessórios estéticos e adereços a serem usados e descartados. Com isso, se "orientalizar" tornou-se uma tendência estética. Identidades étnico-raciais, entretanto, não são fantasias ou adereços. São traços, culturas e ancestralidades que carregamos com muito orgulho e respeito pelos que vieram antes de nós e pelos que estão por vir", continuou.

"Eu realmente acredito, de verdade, que você não teve a intenção de ofender ninguém. Entendo que, às vezes, acabamos assumindo uma postura defensiva quando somos acusadas de algo que não tínhamos a intenção de fazer. No entanto, o momento é de se responsabilizar e se desculpar. Repito que tenho o maior respeito por você, Pabllo Vittar. Você é importante e merece tudo de melhor. E é justamente em respeito a tudo o que você tem feito pelas pessoas LGBTQIA+ que eu me disponibilizo, caso você queira, a conversar sobre isso da melhor maneira possível", finalizou ele.

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