Em outubro de 2022, a dupla sertaneja George Henrique e Rodrigo lançou a música“Vai Lá em Casa Hoje”, em parceria com Marília Mendonça. A faixa é um grande sucesso, viralizou na internet e toca nas rádios até hoje, mesmo um ano após a morte da sertaneja (são mais de 210 milhões de acessos no Youtube e no Spotify). Ao iG Gente, George Henrique fez revelações da parceria, contou histórias da amizade com Marília e comentou a dor que sentiu com a morte da amiga.
“Assim que ouvimos 'Vai Lá Em Casa Hoje', gostamos muito. Mas a gente falou: ‘Tem que ter uma mulher nessa música'”, conta George Henrique. Em seguida, ele diz que os cantores consideraram Mari Fernandez e Marília Mendonça para parceria, mas que queriam que a mãe de Léo, que já era amiga dos dois, cantasse a música.
O cantor, então, afirma que eles fizeram o convite para Marília que, de primeira, não se animou muito com a música. “A gente mandou a música para ela, ela gostou de início, não se empolgou com a música. Falou: ‘Legal’”.
No entanto, Marília Mendonça não voltou atrás na parceria. “A gente até pensou: ‘Será que ela não gostou da música?’. Mas como a Marília sempre foi muito carinhosa, muito educada, ela não perguntou se teria outra canção para gravar”, relembra George, empolgado.
Em seguida, o irmão de Rodrigo conta que a gravação foi feita e a dupla percebeu que a cantora gostou gradualmente do hit. “A gente acompanhava a Marília e percebeu que ela foi ouvindo cada vez mais e foi gostando".
O goiano pontua que o feat foi um "divisor de águas" na carreira da dupla e relembra a tragédia. "Pouco mais de um mês do lançamento, a música já tava pipocando, foi quando aconteceu o acidente com ela”.
Morte de Marília Mendonça
Com o semblante mais sério, George relembra o acidente que parou o Brasil e provocou a morte da cantora. Tudo aconteceu no dia 5 de novembro de 2021. Marília estava indo para Piedade de Caratinga, interior de Minas Gerais, onde faria um show, quando o avião que transportava a sertaneja e a equipe caiu. Além dela, o assessor e tio da cantora Abicieli Silveira Dias Filho, o produtor Henrique Bahia, o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana morreram.
Assim que o acidente foi anunciado, não se sabia se Marília havia realmente morrido, o que trouxe ainda mais agonia para os fãs, amigos e família. “A gente tem no Whatsapp um grupo de artistas de amigos. E aí passou na televisão que caiu um avião que era igual o da Marília. Eu vi aquilo ali… E a gente já começou a questionar no grupo”, disse o sertanejo, que já usou a aeronave com a amiga.
George conta que até chamou Juliano, da dupla com Henrique, para conversar já que, além de um amigo mais próximo da cantora, o sertanejo é piloto. “O Juliano é um piloto experiente e estava em contato direto com eles. Quem poderia ter mais informação era ele. Começamos a conversar no privado. Inicialmente, pensávamos que estava todo mundo bem porque, aparentemente, se olhava lá e o avião não estava destroçado”, diz o goiano.
A dúvida não corroeu apenas os mais próximos. No dia do acontecido, a imprensa informou, por comunicados da assessoria da cantora, que o avião tinha caído, mas todos estavam bem, até que, depois, foi confirmada a notícia da morte.
“De repente, o Juliano veio e falou: ‘a notícia não é boa’. Aí eu já pensei: ‘faleceu alguém’. Eu perguntei quem foi, pensei que poderia ter sido o Bahia (produtor da cantora), não pensava que tinha a possibilidade de ter sido a Marília. E ele falou…”, relata George, que interrompeu a recordação com os olhos marejados.
O cantor diz que quando conta a história fica emocionado: “Parece que recebi a notícia de novo”.
“A gente se emocionou, chorava muito, porque a gente já passou isso antes com o Cristiano Araújo. É muito doloroso ver os amigos partirem assim, mas eu acho que o pior é que você se enxerga naquela situação porque a gente compartilha da mesma rotina, a gente compartilha das mesmas possibilidades, dos mesmos riscos”, desabafa.
O cantor sertanejo Cristiano Araújo morreu em 2015, vítima de um acidente de carro, em Goiânia (GO).
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George lembra que também lamentou por Léo, filho de dois anos de Marília. “E o que mais me doeu assim, eu pensava no Léo, pensava no filho dela, eu pensava na família, e pensava no meu aqui [aponta para o filho dele, João, de também dois anos]”, conta emocionado.
O sertanejo, então, recorda a dor de colegas que tinham uma relação mais íntima com Marília Mendonça: “Eu não era um amigo íntimo, mas imagino o que Maiara e Maraísa e Henrique e Juliano passaram, esses, sim, sofreram. Eles dividiram muitas experiências com ela”.
Histórias com Marília
Mesmo com a dor da morte, George Henrique ressalta que Marília Mendonça era pura alegria. O cantor voltou a sorrir quando começou a contar as histórias que viveu com a sertaneja. Ele afirma que a dupla costumava sair para beber com a loira e que ela era boa de copo.
“O Rodrigo, meu irmão, gosta de tomar uma e tem fama no nosso meio sertanejo por causa disso. E aí, ele a Marília ficavam se provocando: ‘Vamos tomar uma juntos, vamos ver quem que derruba quem'. Ela ficava desafiando ele: ‘Vamo ver se você é forte mesmo’. E aí um dia ele foi. Tomaram muita cerveja e ela deu um capote nele, ele foi apagado para casa. Algo inédito”, detalha, aos risos.
George Henrique ainda comenta a carreira da artista. Ele afirma que o maior legado que Marília deixou foi a simplicidade. “Uma artista popular, simples e palpável para as pessoas. A Marília não era inacessível. E ela não queria ser, tanto é que ela se sentia à vontade na multidão, no meio do povo, na praça lá quando ela foi fazer a divulgação do álbum ‘Todos Os Cantos’, fez shows de graça. Isso é uma grande lição”.
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