Patrícia Poeta no 'Encontro'
Reprodução/TV Globo
Patrícia Poeta no 'Encontro'


Antes de conversar com a Canal Extra, Patrícia Poeta fechava a última caixa com o resto de sua mudança. É que sua troca de programas, do “É de casa” para o novo “Encontro”, que estreia nesta segunda, dia 4 de julho, às 9h30, a fez também trocar de rotina, de casa e até de cidade. A apresentadora passou a última semana organizando a mudança do Rio para São Paulo. Um recomeço simbólico para nossa entrevistada, já que a capital paulista foi onde ela estreou na Globo, em 2000, como garota do tempo, e onde morou por dois anos. O tempo em terras cariocas, aliás, fará falta em seu dia a dia.

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— Havia uns bons anos que eu estava no Rio. Estava, digamos, acomodada, morando bem na cidade. Adoro sol e praia. Amava morar aqui. Quando surgiu esse convite, pensei que teria que começar do zero, procurar apartamento, tudo de novo. Mas confesso que amo São Paulo e todo o cardápio variado que a cidade tem, na gastronomia e culturalmente. São Paulo é muito profissional. Não é à toa que muita gente vai pra lá para realizar os seus sonhos. Estou eu indo, voltando para onde comecei na Globo, automaticamente pensei isso, neste momento da minha vida, aos 45 anos — reflete a apresentadora.


Para a mudança, Patrícia contou com a ajuda de amigos daquela época, que visitaram apartamentos para ela e até ofereceram suas casas, mas ela preferiu encontrar mesmo um cantinho para alugar. No entanto, optou por manter o imóvel que tem no Rio, onde agora vão morar seus pais, Ivo e Maria de Fátima, que saíram do Rio Grande do Sul, estado natal da família.

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— Fizemos esse arranjo. Até para poder visitá-los melhor. Nos fins de semana, eu venho para ficar com eles. Eu vou trabalhar de segunda a sexta. Para viajar para o Sul, ia ficar mais difícil, apesar de eu também amar ir pra lá. Eles são a família que apoia e que acompanha tudo. Vivem em função das filhas. Isso é muito legal. Ainda tem a minha irmã mais nova, que mora no Rio. Meus pais vão ficar perto das duas — explica Patrícia, citando Paloma Poeta, repórter da Record (o trio de irmãs se completa com a advogada Paula Poeta).

Essa costura de quem saiu da terra natal, no Rio Grande do Sul, foi para São Paulo (onde morou de 2000 a 2002), passou por Nova York como correspondente internacional (de 2002 a 2005), veio ao Rio (onde morava desde 2006) e retorna agora para a Terra da Garoa, exatamente 20 anos depois de deixar a capital paulista, traz muitas particularidades. Algumas, com tempero especial. Com a dança das cadeiras nas manhãs da Globo, o novo “Encontro” troca de horário com o “Mais você”, programa que Ana Maria Braga estreou em 1999, um ano antes da então novata chegar aos estúdios Globo paulistas, época que traz lembranças apetitosas para Patrícia.

— O camarim e os estúdios da Ana eram muito próximos ao nosso do “SPTV” (o “RJTV” paulista). Uma das lembranças desse período é que eu comia todas as comidas da Ana Maria, sem ela saber. As cozinheiras passavam e eu perguntava se podia provar. Provava todas (risos)! Disse a ela que vou voltar no tempo e comer todas as suas comidas de novo — conta Patrícia, que lembra outra coincidência: — Ela fica (atualmente) no estúdio em que eu trabalhei (no “SPTV”). Entrei para gravar a chamada das “Supermanhãs” com ela, abri a porta e na hora lembrei dessa fase. E o “Encontro” agora vai para o estúdio do Serginho (Groisman), onde é feito o “Altas horas”.

Encontros e desencontros

Essa fama de gulosa vem acompanhando Patrícia desde então. Entre as recordações que ela leva dos seis anos em que ficou no “É de casa”, maior tempo dela em um mesmo projeto, está por exemplo a vez em que colocou um pedaço inteiro de bolo na boca e esqueceu que precisava dar uma fala para uma publicidade do programa, momento que até hoje é motivo de brincadeira entre a equipe. A apresentadora conta que uma estagiária da atração sempre ficava impressionada com a quantidade de cheeseburguer que ela comia nos bastidores do matutino de sábado (que, a partir do próximo, será comandado por Maria Beltrão, Thiago Oliveira, Rita Batista e Talitha Morete).

— Uma única coisa que me faz sofrer nesses momentos é deixar as pessoas com as quais eu criei um vínculo. Quando fui para Globo e deixei a Band, minha chefe e ex-professora me pegou chorando no corredor. Lembro que ela me disse que eu estava mudando de emprego, mas meus amigos continuariam existindo. Agora vou trabalhar com colegas de 22 anos atrás, amizades que nunca perdi — vibra Patrícia, que cita amigos que fez no “É de casa”: — Sempre pegava aquele carrinho de golfe com o Ronaldo, que o dirigia. A gente batia vários papos, e ele sempre dizia que tinha o sonho de ser ator. Uma vez ele me ligou para dizer que faria uma participação na novela das sete. Gosto muito de conversar com a galera. Tem um moço do camarim, o Flavinho, volta e meia o gravo cantando. Canta pra caramba!

O período no programa de sábado não trouxe apenas amigos para a vida de Patrícia — como Manoel Soares, que vai apresentar com ela o novo “Encontro” a partir de amanhã. Rendeu também oportunidades diferentes de trabalho. Paralelamente ao “É de casa”, a apresentadora comandou o “Caixa de costura”, reality sobre moda no GNT, e se descobriu uma empreendedora na área. Ela criou a marca PPoeta, que vende roupas, acessórios e maquiagem:

— Fui aprendendo aos poucos a também tocar esse lado, onde também me envolvo, desenho, escolho tudo. Isso foi me dando mais expertise até para propor quadros para o “É de casa”. Pessoas que participaram do reality também tinham suas próprias marcas. Eu conversava com elas e sabia exatamente do que estavam falando — destaca ela, que é ainda modelo da própria marca.

E para fazer bonito nas fotos de maiô e biquíni das linhas, ela pega pesado. Nas suas redes, ela costuma mostrar com frequência a rotina de exercícios físicos e a paixão pelo ciclismo, pedalando por diversos pontos da orla carioca. Agora, ela vai trocar de paisagem, mas promete seguir na linha:

— (O Parque) Ibirapuera sempre foi meu point para caminhadas e corridas quando morei em São Paulo. Vou voltar a me exercitar por lá, com certeza! No fim de semana, mato a saudade das praias cariocas.

Sem saudade do hard news

Gastronomia, moda, comportamento... Tantos assuntos diferentes assim nas pautas dos programas a levaram para longe do jornalismo das notícias quentes, embora ela agora ainda tenha que encarar coberturas especiais quando há um acontecimento urgente que exige uma mobilização de toda a grade da Globo — numa das vezes em que Patrícia substituiu Fátima Bernardes no “Encontro”, a equipe precisou mudar todo o planejamento por conta da morte de Gugu Liberato. Para Patrícia, no entanto, o chamado hard news para por aí.

— Saudade do jornalismo em si, não tenho. Porque quando fecho o ciclo, eu fechei. Não sou de viver do passado — explica ela, que lembra o momento em que deixou a bancada do “Jornal Nacional”, onde entrou em 2011, substituindo Fátima Bernardes, e ficou até 2014, quando embarcou no entretenimento: — Saí do “JN” porque sou de ciclos. Penso que está na hora de mudar, de começar tudo de novo, não tenho preguiça com relação a isso. Não é porque não estava dando certo, tanto que cheguei ao (ponto) máximo. O “JN” é a coroa do jornalismo brasileiro. Naquele momento, depois de quatro anos, pensei que já tinha cumprido minha missão. Fui atrás dos meus sonhos. Ou fazia aquilo naquele momento ou, sei lá, anos depois talvez deixasse pra lá, sabe? Lembro que na época perguntavam por que eu estava deixando. Não falei muito porque era uma coisa minha. Hoje eu posso falar melhor. Sempre foi um desejo ser comunicadora, poder falar de assuntos (diversos) e conversar com pessoas de uma forma que não conseguiria num telejornal normal.

Para Patrícia, o “Encontro” possibilita justamente esse formato, em que uma notícia dada inicialmente pelos telejornais pode ser abordada com mais tempo, por outros especialistas e outras vozes no estúdio, que agora vai contar com uma plateia de 80 pessoas, câmeras com nova tecnologia e a já conhecida nuvem de palavras (com os termos que mais estão repercutindo nas redes sociais no horário do programa) em três dimensões. Na nova grade, que começa amanhã, ele entra no ar logo após os jornais da manhã e passa o bastão para o “Mais você”:

— Se levar em consideração o DNA do “Encontro”, ele combina muito com o telejornal. A missão é: “Você viu aí no jornal sobre o preço da gasolina. Então, vamos falar mais sobre o assunto para você entender”. É uma forma de continuar, com uma transição suave. Vai seguir com o noticiário de uma forma diferente. Depois vai para a diversão e passa para a Ana Maria, que tem como ponto forte a culinária e estará mais perto do almoço. Foi uma ideia bem pensada.

As entrevistas também estarão presentes. Ao longo de tantos anos no jornalismo, muitas marcaram a carreira e também a vida de Patrícia.

— Em todas as que eu fiz, nunca saí sem tirar algo para mim. Sempre saio com alguma frase. É injusto falar de uma (entrevista marcante). Mas me lembro de pessoas que em momentos delicados me deram entrevista, como foi o caso do Fábio Assunção (que tem uma luta contra a dependência química pública) e do Reynaldo Gianecchini (diagnosticado com um câncer no passado). Quando entrevisto alguém, vou acompanhando e torcendo pela pessoa. Se é algo ruim, (torço) mais ainda. Quando vejo o Gianecchini bem hoje, fico muito feliz — explica Patrícia sobre essa espécie de vínculo que cria nas entrevistas, citando na sequência aquela que foi a mais arrebatadora pessoalmente: — Acho que, por ser mãe e mulher, nunca vou me esquecer da que fiz com a Ana Carolina, mãe da Isabella Nardoni (menina de 5 anos que morreu em 2008 ao cair do sexto andar de um prédio; as investigações apontam que ela foi agredida pela madrasta e jogada pelo pai da janela). Achei tão bonito quando ela me mandou mensagem para avisar que estava grávida (anos após a perda da filha mais nova). Torci tanto, vibrei como se fosse comigo. Isabella, na época (da morte), tinha a idade do meu filho, e a entrevista foi na véspera do Dia das Mães.

Mãe coruja

O filho em questão é Felipe Poeta, hoje com 19 anos, fruto de seu casamento com o diretor de programação da Globo Amauri Soares, de quem se separou em 2017. Produtor musical, compositor e cantor, o rapaz também ajuda a mãe a conhecer novos artistas do cenário do rap e do hip hop, gêneros em que atua. Atualmente, Felipe estuda nos Estados Unidos e vem esporadicamente ao Brasil.

— Ele se vira superbem. Gosta de ser independente. Eu era assim quando era jovem. Na produtora dele (Tha House Company), tenta dar oportunidade para quem não teria. Esse é o sonho dele. Felipe lança vários cantores, pessoas supertalentosas. Antes de acabar a escola, já sabia que queria isso. Eu também sabia do que gostava e o que me dava prazer, desde muito jovem. Eu valorizo isso — compara a mãe orgulhosa.

E entre tantos encontros, reencontros e alguns desencontros também pelo caminho, Patrícia não pode se esquecer de um que já está marcado para depois da estreia do programa, amanhã. Este, com Fátima Bernardes.

— Depois que ela gravou aquele vídeo para mim no “Domingão”, mandei uma mensagem para ela. Fátima é sempre fofa e muito querida. Combinamos de almoçar para botar o papo em dia. Vamos nos próximos dias. São nossos caminhos se cruzando mais uma vez (além do “JN”, as duas também foram apresentadoras, em épocas distintas, do “Fantástico”). Vai ser especial assumir o programa que ela tocou com muito carinho e que também era um sonho dela — celebra Patrícia, pronta para amanhecer amanhã com um encontro marcado com o público.

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