Marcela Porto foi anunciada, na última semana, como a Rainha da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego, no Rio de Janeiro. A musa, com passagens por diversas agremiações, comemorou o convite, principalmente pela escola ser localizada em Niterói, onde mora. Com exclusividade ao iG Gente, Marcela contou do convite da escola, falou da transição de gênero e o futuro da "Mulher Abacaxi".
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Em meados de 2010, o cenário musical brasileiro viu surgir as famosas mulheres-frutas. Elas eram funkeiras que adotavam o nome de alguma fruta para evidenciar os seus atributos físicos. É nesse cenário que Marcela Porto, a Mulher Abacaxi, ganhou fama. Na época, Marcela ainda não tinha feito a transição de gênero e revela que apenas se travestia para compor a personagem.
“Ela [Mulher Abacaxi] foi a minha porta para a transição. Eu colocava sempre a culpa nela. Eu justificava para a família e os amigos que eu ia fazer um procedimento por causa dela, que ia fazer as unhas por causa dela”, relembra.
Ao adotar a figura feminina para compor a funkeira, Marcela se encontrou e não teve mais vontade de voltar a usar roupas masculinas. “Eu deixei de ir nas festas de família ou de amigos que me conheceram enquanto menino, eu deixei de ter vida social. Se eu precisasse voltar para a roupa de homem eu não ia. Não me sentia bem”, conta.
A musa concluiu a transição de gênero em 2016, e contou que o motivo dessa “demora” foi a violência frequente contra a comunidade trans no Brasil. A musa, que é empresária e comanda uma frota de caminhões, abandou a carreira musical após a morte da mãe.
“Eu perdi minha inspiração. Minha mãe sempre gostou de música, mas quando ela se foi eu não tive mais motivos”, explica. Sobre o ofício como caminhoneira, Marcela descartou preconceito por ser uma mulher trans: “Eles foram os que mais me abraçaram”.
Carnaval
Com passagem por diferentes escolas de samba, Marcela Porto já é uma figura reconhecida no carnaval carioca. Neste ano, a empresária foi madrinha da Unidos da Ponte e, na última semana, foi nomeada como rainha na Acadêmicos do Sossego.
Marcela, que mora em Niterói, afirma que essa é a realização de um sonho, já que sempre quis estar em uma escola com sede na cidade onde vive. “Era muito difícil os ensaios lá [na Unidos da Ponte]. Eu moro em Niterói e a escola fica em São João de Miriti. Então, eu precisava cruzar a cidade, na madrugada, passando por regiões perigosas”, analisa.
“Aqui em Niterói estão meus amigos, minhas irmãs, as travas, as gays, o meu povo”, brinca. “Estou realizada. Se me convidassem para ocupar o cargo da Paola Oliveira, de rainha da bateria da Grande Rio, eu recusaria”, pontua.
O convite para o reinado se deu pelo presidente da agremiação, Hugo Júnior, que telefonou para Marcela após o fim do último carnaval. “Ele me convidou sem nem dizer o cargo e eu aceitei de primeira. Quando ele disse rainha, então, eu até fiquei surpresa: ‘To com tudo’”, celebra. A mulher-fruta descartou qualquer tipo pagamento pelo cargo.
“É claro que a gente sempre ajuda no dia a dia, compra uma água ali nos ensaios para os componentes, mas nunca precisei pagar por posto não”, garante. Sobre o enredo da Acadêmicos do Sossego para o próximo carnaval, Marcela assume que já existe um tema, mas preferiu guardar segredo, assim como o suposto convite para um reality show de alcance nacional.