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'Me via como carrasca': influencer discute maternidade e atrai famosas

Isabelli Gonçalves, dona do 'Depois que Pari Duas', virou referência para mães e famosas após discutir 'parentalidade respeitosa'

Foto: Reprodução/Instagram @depoisquepariduas
‘Me via como carrasca’: influencer discute maternidade e atrai famosas

Isabelli Gonçalves, dona do canal "Depois que Pari Duas" no YouTube, percebeu no afastamento da filha mais velha a necessidade de repensar a criação das pequenas. Com mais de um milhão de seguidores nas redes sociais, a gaúcha atrai atenção de pais e mães que buscam a prática da "educação respeitosa", método que estimula uma comunicação gentil com os filhos para um desenvolvimento positivo e menos traumático. 

Com um diálogo acessível e ilustrativo, Belli passou a ser seguida por famosas que também são mães atentas, como Tatá Weneck, mãe de Clara, e Andrea Sadi, mãe dos gêmeos Pedro e João. No TikTok ela conta com mais de um milhão de fãs, enquanto no Instagram Belli conta com quase 400 mil fãs. Ao iG Gente, a influenciadora revela a trajetória da carreira inimaginável nas redes sociais como educadora parental.


A maternidade

Aos 19 anos, recém-aprovada no curso de odontologia, Isabelli descobriu estar grávida de Helena. Mesmo com a pouca idade, a jovem seguiu a gestação com o apoio de Henrique, o atual marido. “Foi um momento muito difícil para eu aceitar a gravidez, porque naquele momento a galera está na fase de sair, de fazer festa e eu também estava nessa fase”, relembra.

Com 21 anos, ainda cursando a graduação, a influenciadora descobriu estar grávida novamente, desta vez, de Lívia, a filha caçula. Com dois bebes para cuidar, Belli teve que se desdobrar para atender a demanda da maternidade.

Ela, assim como muitas mães jovens, passou a frequentar a universidade com a filha. Entre o estudo e a maternidade, a influenciadora lembra ter que amamentar as pequenas durante as aulas. “A mais velha ia para a escolinha, que ficava na frente da minha universidade e a mais nova ia, no bebê conforto, comigo para a aula. Nessa época, eu saía a cada 2 horas para amamentar”, explicou.

Com a chegada da filha caçula, Belli percebeu precisar repensar a educação que queria passar para as crianças. “Eu estava grávida da Lívia quando eu tive um estalo. Eu percebi que a Helena não recorria a mim nos momentos em que ela estava frustrada, em que ela estava chateada com algo”, conta.

“A gente estava com uma desconexão muito grande e eu não queria mais ser a versão que eu estava sendo para ela, eu me via o tempo todo como uma carrasca”, desabafa Belli, que relatou ter o costume de gritar, xingar e descontar o estresse na filha.

“Ela era um bebê de 1 ano e pouco, eu pensava ‘se agora, nesse momento, eu estou muito desconectada dela, o que vai ser quando nascer a irmã?' Porque a gente sabe que o bebê recém-nascido demanda muita atenção da mãe”.

Sem saber como expor a frustração, Helena passou a ter comportamentos explosivos. “Ela me chutava, me empurrava, negava todas as formas de afeição que eu tentava. Às vezes, eu chegava perto dela, tentando beijar e abraçar e ela não queria, então foi isso que me fez virar a chave para pensar ‘poxa, tem algo de errado’”,  entrega.

A influenciadora conta que já havia se deparado com conteúdos sobre educação respeitosa na web, mas, perseguida pelo sentimento de descaso, acreditava que aquele método não surtia efeito e julgava ser ‘coisa de mãe Nutella’.

“Quem vê de fora está na defensiva, porque não quer aceitar que de repente, está fazendo de uma forma que vai gerar consequências negativas para o filho. Dói muito admitir que tu tá fazendo algo que não é tão legal”, explica.

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A influência

A partir deste momento, a atitude de Belli passou a ser diferente. A influenciadora revela que começou a buscar conteúdos sobre educação respeitosa e, com o auxílio de livros e pesquisas, passou a compartilhar os novos conhecimentos.

“Quando eu estava grávida da Lívia eu adentrei nesse mundo de parentalidade consciente, parentalidade positiva, de me conectar mais com os com as minhas filhas, de ensinar sobre inteligência emocional, comecei a falar um pouquinho sobre educação sexual na infância, como isso é importante, a prevenção de abuso sexual, comecei a trazer todos esses tópicos da infância, porque eu realmente achava muito interessante”.

Da rotina com as duas filhas, Isabelli achou o cenário ideal para colocar o método em prática. “Eu consumia esse tipo de conteúdo, lia muito desses livros e ficava, ‘caraca, eu preciso compartilhar isso com as pessoas, porque essas ideias são muito maneiras’ e eu sempre trouxe isso de forma que eu colocasse as ferramentas, as questões de disciplina positiva dentro da minha rotina, por exemplo".

O crescimento

Durante a pandemia, Isabelli, que já atuava na área da odontologia, assim como milhões de brasileiros, acabou perdendo o emprego. Sem saber, a influenciadora daria um salto para uma mudança brusca de rotina pessoal e profissional.

“Na pandemia eu perdi meu emprego, fiquei 24 horas com as crianças, com elas dentro de casa e como válvula de escape eu queria compartilhar minha rotina. Eu acredito que eu usei, talvez, até como fuga da minha realidade. Então eu compartilhava lá na minha rede social alguns perrengues, a vida durante a pandemia, algumas receitas, porque eu gosto muito de cozinhar com as meninas, e tomou uma proporção que eu não esperava, eu nem imaginava que algum dia eu estaria trabalhando com isso. Eu jamais imaginei”, revela.

No radar das famosas

Os números da influenciadora cresceram tanto, que o conteúdo de Belli passou a alcançar os famosos. Durante esse salto, a gaúcha foi surpreendida quando viu que o conteúdo foi compartilhado por Tata Werneck.

A apresentadora, mãe de Clara Maria, fruto do relacionamento com Rafa Vitti, parece ser adepta do estilo de educação parental que Isabelli compartilha.

“No dia que as seguidoras vieram me contar que ela estava me seguindo eu fui no Instagram dela e pensei ‘ela tem 52 milhões de seguidores e segue cerca de mil e pouco, caraca, eu tô no meio dessas mil e poucas pessoas’. Me senti amiga dela”, brinca, revelando ter conversado por mensagens particulares com a artista.

“Ela tem um engajamento do caramba lá, ela está te compartilhando de graça para as pessoas verem porque ela realmente quer e gosta, ela consome o conteúdo. Eu achei incrível essa parte, principalmente, porque são pessoas que estão semeando esse assunto com outras milhares”.

Além de Tata Werneck, a jornalista Andrea Sadi, mãe de gêmeos, também consome e curte o conteúdo de Isabelli.


O julgamento

Indo contra o tradicionalismo e conservador método de criação parental, Isabelli passou a receber muitas mensagens de ódio a criticando. A influenciadora conta que teve de buscar apoio psicológico para aprender a trabalhar com a web.  

“Eu acredito que ainda não aprendi a lidar com a visibilidade, sendo bem sincera, não aprendi a lidar de uma forma que seja saudável para mim. Inclusive eu levo isso para terapia. Minha terapia é focada no trabalho em rede social, porque ultimamente, o que mais me desestabiliza é, principalmente, levar macetada de graça. Por mais que eu tenha a consciência do trabalho maneiro que eu estou fazendo”, desabafa.

Com mais de um 1 milhão de seguidores no TikTok, rede social em que mais possui fãs, Isabelli revela não se sentir confortável na plataforma. 

“O TikTok é um lugar que eu posto vídeo e eu não volto para ler os comentários. Eu produzo conteúdo para lá, mas lá é uma rede social que eu não me sinto tão conectada com os seguidores. Eu não consigo voltar para responder, porque me faz muito mal a gente encontra vários comentários que vão deixar a gente para baixo. Acabei tomando essa decisão justamente para manter a minha saúde mental”, relata.

Para aprender a lidar com os críticos, a influenciadora teve que repensar a importância que dava para os comentários de ódio. “Eu percebi que iria ser mais comum do que eu imaginava e é muito triste. A gente tem que se acostumar com isso. Eu não posso me preocupar com coisas das quais eu não tenho controle, principalmente com as pessoas que não querem mudar, não estão buscando por essa mudança, não querem consumir o meu conteúdo para aprender. Quem quer vem junto, vem, seja muito bem-vindo que a gente vai caminhar. A gente vai lutar por uma infância mais respeitada , mas quem não quer? Sinto muito”, pondera.

Esperança

De leiga a educadora parental, cursando pós-graduação em neurociência e desenvolvimento infantil, Isabelli Gonçalves afirma que há sempre  tempo para repensar as próprias atitudes e dá dicas para outros pais. 

Para a influenciadora, o processo de rompimento de ciclos não acontece de um dia para o outro. Educar com respeito não é para funcionar e nem ver resultado a curto prazo. “É muito mais do que buscar a mudança do meu filho, é eu buscar mudança em mim primeiro. Muito antes de buscar melhorar o comportamento, que meu filho faça menos birra, chore menos, que ele seja obediente, a educação respeitosa é para focarmos na gente”.

“A mudança acontece quando nós aceitamos que não precisamos ser super-heroína, que podemos chorar na frente dos nossos filhos, que podemos, sim, pedir desculpa, porque nós somos passíveis de erro. A gente precisa descer desse patamar que nos colocaram, de superioridade em relação aos nossos filhos”, diz Belli, que finaliza: “Respeite esse processo”.