Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan processam deputada bolsonarista

Política teria omitido objetivo do uso de canções dos artistas; ela alegou que iria contar a história da MPB e usou em curso antifeminista

Cantores processam deputada por uso de música sem autorização
Foto: Reprodução
Cantores processam deputada por uso de música sem autorização


Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavam movem ação conjunta por danos morais contra a deputada estadual catarinense Ana Camapgnolo (PSL). Segundo o advogado que representa os cantores, João Tancredo, o processo foi aberto por omissão de Ana sobre o objetivo do pedido de autorização do uso de canções dos artistas. 


João afirma que ela pediu autorização para o uso das músicas em curso sobre a história da MPB, mas utilizou as canções para embasar um curso antifeminista. Além dos artistas, familiares do dramaturgo Augusto Boal, morto em 2009 e do ator e compositor Mario Lago, morto em 2002, também a processam. 

Mas os familiares moveram a ação por não terem recebido sequer o pedido para o uso da obra. A ação corre na 27ª Vara Cível do Rio de Janeiro desde o dia 17 de fevereiro e pede R$ 50 mil de indenização a cada um dos autores. 

João Tancredo diz que os cantores receberam pedido de utilização em nome de uma livraria que tem o sobrenome da deputada. O pedido de autorização, segundo o advogado, nunca mencionou o curso antifeminista. O texto dizia que as canções seriam usadas de forma lúdica, para contar a história da MPB. 

"É uma violência com a obra dos artistas, que se alinham à luta feminista", disse Tancredo para a Globo. Campagnolo usou composições como 'Mulheres de Atenas', de Chico Buarque e Augusto Boal; 'Flor de Lis', de Djavan; 'Super Homem - A Canção', de Gilberto Gil e 'Ai que Saudade da Amélia', composta por Ataufo Alves e Mario Lago. As músicas dependem de autorização por não serem de domínio público. 

Nas redes sociais, Ana publicou nota e diz sofrer "intimidação política". "Há uma tentativa coordenada de intimidação política, cerceamento da liberdade de expressão e supressão da pluralidade de perspectivas de análise sobre temas passíveis de subjetividade, como o feminismo”, diz a nota. 

** Luiza Lemos é jornalista, especializada na cobertura de entretenimento e celebridades. No iG desde 2020, escreve para o iG Gente, mas já passou pelas editorias de Delas, Queer, Receitas e Turismo. Da praia para a serra, é de Santos e formada na Universidade Metodista de São Paulo. Além de escrever, é sommelier de memes, adora televisão e não deixa uma boa fofoca deixar de ser comentada.