“É insuportável viver sem democracia”, defende Marieta Severo
Em participação no “Altas Horas”, a atriz falou sobre tempo afastada da tv e o exílio durante a repressão
No sábado (25), a atriz Marieta Severo, no ar como Noca, em “Um Lugar ao Sol”, participou do “Altas Horas” e comentou sobre as dificuldades que ela e o então marido, Chico Buarque, enfrentaram ao viver o período da ditadura brasileira, que durou de 1965 a 1984.
Serginho Groisman questiona de um momento em que a atriz citou que não gostaria de fazer televisão. "Era na época da ditadura, essa época terrível que a gente espera que não volte nada semelhante. Existia uma censura e uma impossibilidade de Chico se apresentar na televisão. Eu achava que não era justo eu me apresentar com ele sendo censurado, então, foi por isso”, explicou.
A grande Marieta Severo explicando no #AltasHoras que ficou 10 anos sem fazer TV durante a ditadura pois ñ achava justo atuar eqto seu então marido, Chico Buarque, era censurado. Ele e ela, grávida, saíram do 🇧🇷 p/ o exílio na 🇮🇹 em Jan/69. “É insuportável viver sem democracia” pic.twitter.com/tmFpdVPDzI
— Jeff Nascimento (@jnascim) December 26, 2021
"Eu estreei no teatro, no cinema e na televisão. Eu comecei nos três. Então, eu fiquei uns dez anos sem fazer televisão e o motivo foi esse. Não foi nenhuma opção profissional. Eu adoro fazer os três. Muitas vezes fiz os três ao mesmo tempo, mas o motivo de eu não ter feito, já que você tocou nisso, foi só esse", contou.
O apresentador então relembrou que em 1968, o AI-5, ato mais duro de toda a ditadura, começou a valer. "Eu tinha acabado de fazer Roda Viva no Rio de Janeiro e estava grávida. Nós saímos do Brasil em janeiro de 1969 para ficar 20 dias e voltar, mas aí teve toda a história, Caetano foi preso, Gil foi preso. A gente recebia muito recado de que se Chico voltasse ele ia ser preso. Eu estava com um barrigão, aí a gente falou que não íamos voltar e Silvinha nasceu na Itália por causa disso", disse.
Severo relembrou também que no período do exílio, ela e Chico Buarque ficaram morando na Itália por mais de um ano e ressaltou a importância da democracia. "Esse período tenebroso que alguns aí clamam de volta, mas eu com a minha experiência, a minha vivência de ter passado por esses períodos todos, eu digo que não tem nada pior. É insuportável você não ter liberdade. É insuportável viver sem democracia", completou.
Marieta aproveitou o momento para desejar um bom Ano Novo e alfinetar quem propaga discursos de ódio. "Que o ano que vai entrar seja o ano em que nós brasileiros possamos lidar com coisas mais alegres, positivas, construtivas, resgatar toda a alegria e positividade que o nosso povo tem. Sem esse discurso tão ruim de violência, de arma, de ódio, de estímulo à briga entre nós. A gente não é assim, não quer ser assim e não seremos assim no ano que vem", terminou.
Presentes no programa também estavam Juliana Paes, Heloísa Périssé, Gkay, Baby do Brasil, Zabelê e Os Barões da Pisadinha. Internautas relembraram que Juliana Paes e Baby do Brasil já fizeram publicações favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro, que defende o regime da ditadura. No Twitter, alguns deles comemoraram as falas de Marieta e criticaram as duas artistas.
Marieta sapateou na cara dos convidados bolsominios
— MarcyellenValerio (@MarcyellenVale2) December 26, 2021
Grande Marieta Severo , esfregou na cara dessa pohaaa de Juliana Paes o quê é uma censura, uma Ditadura, AI-5
— Eliete andrade melhorini (@Elieteandradem2) December 26, 2021
O melhor é a cara de paisagem das que acharam que a ditadura foi um "delírio comunista". Realmente é insuportável viver sem democracia, tanto quanto viver numa democracia onde alguns minimizam a ditadura.
— Rodrigo M. Rossoni (@RodrigoRossoni) December 26, 2021
E a Baby pensando "Ditadura? Que ditadura?" pic.twitter.com/6XUkMy260Y
— Vô Tuitá (@twitteiroamador) December 26, 2021