"O funk é uma cultura rica e deve ser respeitada", diz Baby Perigosa

Recentemente cantora lançou música inspirada em Señorita de Shawn Mendes; em entrevista ao iG Gente, ela falou do novo single, carreira, assédio e muito mais

Empoderada, sensual e talentosa, Baby Perigosa é um estouro. A funkeira, que ficou conhecida por cantar Grelinho de Diamante , recentemente lançou sua segunda música. Batizada de Saudade , a canção carrega o beat de Señorita de Shawn Mendes, mas aborda o romantismo de uma maneira mais explícita.

Leia também: Que tiro foi esse? A viralização do funk e as polêmicas em torno das músicas

Foto: Reprodução / Instagram
Baby Perigosa

“Recebi a letra e resolvi cantar porque tinha tudo a ver comigo no momento, eu estava gostando de um boy que estava longe, então tudo se encaixou”, inicia Baby Perigosa sobre a pré-produção do single. 

Leia também: Do baile às baladas, o funk atravessa gerações e conquistas novos seguidores

Questionada sobre o motivo de usar o sample de Shawn Mendes , ela responde com bom humor: “Foi intencional, queria dar uma pegada de paródia, brincar com o romantismo misturado com putaria”. 

Mulher no funk

Foto: Reprodução / Instagram
Baby Perigosa

Conhecida por utilizar uma linguagem explícita em suas canções, Baby não esconde que é alvo frequente de críticas. “Como qualquer cantora de funk e cantor também, falar de maneira explícita sempre resulta em feedbacks ruins, porque tem gente que não gosta. Por outro lado, tem gente que gosta e eu estou do lado dessas pessoas”.

A funkeira ainda fez questão de ressaltar que não se incomoda em ser criticada. “Não tenho problemas com isso porque não é só comigo, não é só com a minha música, mas sim com o funk no geral”.

Indagada sobre o motivo para adotar esse vocabulário, ela fala sobre sua perspectiva do gênero: “Eu acho que o funk é mais rude, que ele [o estilo] têm a ver com isso”.

Apesar de serem numericamente maioria, historicamente as mulheres são consideradas minoria. Para Baby, homens que adotam o funk probidão como estilo musical já costumam ser criticados, mas não tanto quanto as mulheres que decidem seguir o mesmo caminho.

Sobre o motivo disso acontecer, ela disserta: “O pessoal está acostumado com o homem falando da visão dele, da perspectiva dele, e não está habituado a ver uma mulher falar de como ela vê o sexo”.

Assédio na internet (e fora dela)

Foto: Reprodução / Instagram
Baby Perigosa

Detentora de grande presença nas redes, a cantora mantém contato frequente com seus admiradores. Questionada sobre o assédio, ela fala sobre os dois lados da moeda. 

“Acontece na rua, principalmente, nos shows que eu faço, mas de maneira tranquila. As pessoas são sempre bastante respeitosas”, declarou ela sobre ser reconhecida na rua por fãs.

Porém, ao falar sobre abusos e infrações, como assédio moral, sexual, ela não se esquiva. “Têm certos fãs que são muito invasivos, querem saber onde moro… e isso eu acho tenso”.

“[também] têm o assédio sexual. Por eu ser uma mulher que fala de sexo, muitos acham que têm direito de me assediar… isso acontece e não só pela internet”, acrescentou. 

Empoderada e militante

Foto: Reprodução / Instagram
Baby Perigosa

Com uma postura desconstruída, a intérprete de Grelinho de Diamante não esconde que levanta algumas bandeiras. “Primeiramente a do feminismo, da mulher poder falar do prazer dela. Conheço muitas mulheres que têm mais idade que eu (19 anos) e nunca gozaram, não conhecem o próprio corpo, só fazem sexo da maneira que o homem gosta de fazer”.

“É uma bandeira que eu levanto, a mulher tem que conhecer e respeitar seu próprio corpo. Também [levanto] a bandeira de que o funk não é bagunça. O funk é uma cultura muito rica e deve ser respeitada”, completa ela. 

De Passo Fundo para o mundo!

Foto: Reprodução / Instagram
Baby Perigosa e integrante do Heavy Baile

Nascida e criada em Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul, Baby mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar em seus sonhos. Intencionada desde criança em trabalhar com música e arte, ela não nega que a carreira de cantora caiu de paraquedas em sua vida.

“Sempre quis trabalhar com algo relacionado a música e arte, e eu sempre gostei muito de funk. [Aqui no Rio] eu encontrei o Heavy Baile e assim que conheci eu fiquei louca para cantar. Não foi proposital, foi algo que rolou naturalmente”. 

Ao falar sobre como sua família encara sua carreira, que envolve funk, sensualidade e exposição, a MC é assertiva: “Minha família é mais a minha mãe e ela super me apoia… ela, inclusive, acabou virando minha assessora pessoal. Sempre me acompanha nos shows que eu faço”. 

“No começo ela ficou meio assim de compartilhar com os outros porque não é todo mundo que ia entender, afinal, eu sou de uma cidade do Rio Grande do Sul e as pessoas são bem conservadoras, mas o que importa é opinião dela”, disse.

Apesar de Saudade não ter alcançado (ainda) o mesmo nível de Grelinho , a funkeira terminou 2019 com muitas conquistas. Por exemplo, segundo o Spotify, ela foi ouvida em mais de 70 países, obteve mais de 3.4 milhões de streams na plataforma e teve suas músicas executadas por mais de 107 mil horas.

Leia também: No passinho do abençoado! 10 músicas do funk gospel para cantar, dançar e louvar

Com grandes planos para 2020, Baby Perigosa adianta que novas músicas estão no forno, mas que pretende explorar outros gêneros: “eu sou muito flexível, gosto de muitos estilos e não queria ficar só no funk, quem sabe algo mais pop?”. Para finalizar, ela é questionada sobre qual é o lugar da mulher no funk. Sucinta, ela responde com vigor: “No topo!”.

Ouça Saudade, novo single da cantora:


Ouça Grelinho de Diamante, grande hit da cantora: