Claudia Leitte comemorou seus 39 anos, na semana passada, bem caseira. Mãe de Davi (10 anos) e Rafael (6), ela está no último mês da gestação de Bela, sua primeira filha, todos do casamento com o empresário Márcio Pedreira, que ajuda a gerir sua carreira.
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E foi nesse clima íntimo, que Claudia Leitte
lançou na última sexta-feira o single romântico Saudade de você, cujo clipe conta com a participações do cônjuge e dos filhos — incluindo Bela, já que filmou quando completava o quinto mês de gravidez.
Nesta entrevista, foram muitas as vezes em que a cantora gonçalense radicada em Salvador exaltou a importância da família, mesmo quando a conversa caminhava para outro lado. Quando perguntada se é feminista, responde: “Sou uma mulher”. Mas diz lutar pelos direitos femininos, e acreditar que a geração dos filhos “vem com um chip diferente” na discussão de gênero.
Ela também esclarece declarações polêmicas do passado e fala dos planos para a carreira internacional.
Depois do lançamento de “Carnaval”, em 2018, ficou a impressão de que você apostaria no seu primeiro álbum internacional. Esse projeto foi meio deixado de lado? Ou ainda é um objetivo?
É meu objetivo. A gestação pede uma dedicação, até para falar tem que ser devagar porque o diafragma aperta aqui (risos) . Acho que tudo tem seu tempo. Vou vivendo agora a minha gestação, mas tenho meus projetos, uma turnê para ser lançada no dia 26 de outubro, pouquinho depois de eu parir ( risos ).
Já estou acostumada, é coisa da mulher independente, gestora do próprio negócio, mas estou superengajada. Esse ócio agora de esperar a Bela nascer está sendo um presente para mim, porque estou compondo muito, focada na minha parada.
Foi a primeira vez que seus filhos participaram de um clipe seu?
Foi a primeira vez com os três, porque eu estava grávida de cinco meses. E eu achava que a minha barriga estava enorme, que não ia dar para disfarçar no figurino, ou que eu não ia caber na roupa. Tudo cooperou para esse momento. Achei que cabia a participação dos meus filhos, sentia na música um desfecho de intimidade, de amor, e foi acontecendo. E eles se divertiram! Foi até natural demais.
Seu último lançamento, além de singles e participações, foi o EP “Sette”, em 2014, mesmo ano em que pôs na rua o DVD ao vivo “Axemusic”. Está descrente do formato álbum? Prefere os singles?
Eu acredito no álbum e sinto falta. Não estava conseguindo encaixar o álbum no meu esquema. E aí a gente fez uma coisa de single a single, até porque o consumo está diferente e é uma adaptação para todo mundo no mercado, a não ser para quem está começando agora. Para mim é uma readaptação.
Mas estou sentindo falta de construir uma história. Sou uma artista do palco, gosto do ao vivo. Me dá agonia, parece que é muito solto quando é só single. Tenho muitas músicas, estou doida para fazer um álbum.
Que mundo você espera que Bela encontre? Conversa com os meninos sobre questões de gênero?
A gente conversa muito sobre tudo, e os meninos são muito vivos. Essa nova geração, eu tenho muita fé nela. Acredito que são diferentes, têm um chip mais avançado. Acho que minha filha vai ser mais respeitada como mulher. Tenho um marido incrível que é meu parceiro, divide funções domésticas e é meu empresário, trabalha comigo. O homem tem que ser parceiro da mulher e vice-versa.
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Você se considera uma mulher feminista?
Eu sou uma mulher. Uma mulher forte. E, como toda mulher, quero respeito, que reconheçam meus direitos, a minha luta, eu prezo por igualdade, independente de qualquer circunstância. Acredito na liberdade do outro e eu sou engajada nesse sentido.
Por falar nisso, ano que vem você completa 40 anos. Como lida com o passar do tempo?
Eu acabei de fazer 39 anos! É engraçado. Meu marido vai fazer 40 esse ano, e eu acho isso supersexy. Eu adoraria que a coisa fosse mais fácil para todo mundo quando se tratasse de mulher. É uma coisa machista, essa história de novinha…
Parece uma bobagenzinha, a gente precisa falar mais sobre isso. Eu me sinto muito mais mulher, mais madura, disposta, desplugada de tudo, hoje, com 39 anos, do que lá na Praia de Copacabana há dez anos com 28 (no DVD “Ao vivo em Copacabana”, de 2008, quando se apresentou para 700 mil pessoas) . Acho que nenhum indivíduo na face da Terra sabe de alguma coisa antes dos 40 anos. A minha vida vai estar começando aos 40.
Hoje você é querida pela comunidade LGBTQ+. Mas, em 2008, causou polêmica ao falar “adoro os gays, mas prefiro que meu filho seja macho”. Pensa diferente hoje?
Todo mundo fala besteira uma vez na vida, todo mundo se expressa de forma equivocada, e aí rola má interpretação. E óbvio que, algumas vezes, eu falei alguma bobagem. Normal, né? Faz 11 anos, isso.
Você muitas vezes opta por não abordar questões políticas. Por quê?
Eu sou muito relax em relação a isso hoje em dia, graças a Deus. Existe um pensamento sobre artistas, sobre pessoas públicas, como se nós fôssemos personagens de uma trama que existe na cabeça do público. Sou uma mulher, posso falar que tenho três filhos, uma família, então eu procuro sempre pensar primeiro na minha família. Minha bandeira são os meus filhos.
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Óbvio que penso no próximo, sou uma profissional, mas minha família é o mais importante. A minha atitude é sempre baseada nisso. O que demais falam não pode me pressionar. Não pode me tirar do meu foco. Eu sei que vim aqui para fazer o que faço, e dentro disso busco fazer o bem pelo outro, faço campanhas, participo de causas sociais, porque sei que posso chamar atenção para certas questões.
Ademais, eu honestamente não me sinto pressionada, não me importuno que falem ou tentem me induzir a fazer qualquer coisa, a me posicionar. Eu estou disposta a fazer o bem, lembrando que sou mãe e cantora.