Capa da revista GQ de fevereiro, o ator Juliano Cazarré, interprete do garimpeiro Mariano na novela das 21h, "O Outro Lado do Paraíso" ( TV Globo ), falou sobre a necessidade de um mundo mais sensível e mostra que, tanto na atuação como em sua vida pessoal, é possível desenvolver o equilíbrio exato entre a virilidade e a feminilidade.
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Desde outubro, Juliano Cazarré interpreta o garimpeiro Mariano, um personagem de índole duvidosa que oscila entre o estereótipo de machão ao mesmo tempo em que não esconde traços de sensibilidade, doçura e paixões sinceras. O ator falou um pouco sobre o homem na atuação contemporânea: "Acho que esse é o novo estereótipo do homem nas tramas. Aquele machão sem sentimentos não existe e não há mais interesse em cultivar esse personagem. Na atuação contemporânea, o homem é quase sempre representado com um ser cansado, fraco, débil... E isso não é uma reclamação. O homem está mesmo cansado, mas ele está se permitindo chorar, quebrar, pedir ajuda".
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Ainda sobre o papel do homem nessa mudança, Cazarré também mostrou seu ponto de vista sobre as atitudes machistas na sociedade: "Olha, eu sou filho de uma sociedade machista, e sei que o machismo pode aparecer em mim – não o machismo de agressão, da violência, mas sim os pequenos machismos. Tento identificar e eliminar logo, pedir desculpa. É a piada com os amigos, sacou? Isso pode ser eliminado sem dor. A vida não vai ficar mais sem graça ou pior se você não falar que a mina é uma galinha, que ela fez isso e fez aquilo...".
O ator completou dizendo que o mundo precisa de um maior protagonismo feminino: "Acho que a gente precisa caminhar para um mundo com uma maior presença do feminino, um mundo mais sensível, capaz de amar, perdoar, se expressar. Homens e mulheres são capazes, mas acho que elas vão trazer isso com mais intensidade, conforme o planeta lhes der mais cargos, voz, espaço e visibilidade".
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Quando questionado se ainda existe espaço para rebeldia em sua vida, Juliano Cazarré disse: "Claro, mas com o tempo ela vai ficando mais inteligente, mais profunda e menos pueril. Quando a gente é jovem, tem a nudez, o palavrão, o enfrentamento, mas aí fica mais velho e a rebeldia é contra coisas mais graves. Com tanto Trump, Kim Jong-un, merda no Brasil e no mundo, não dá pra perder tempo com o que é supérfluo".