Quem vê Fernanda de Freitas atuando em comédias – seja na televisão, cinema ou teatro – dificilmente imagina que a atriz de 36 anos deixou o balé para trás para seguir no rumo da arte e do entretenimento. “Eu sabia que não ia ser bailarina”, comentou Fernanda em entrevista ao iG . Ela revelou que já estava deixando a dança de lado por causa da faculdade, quando surgiu a oportunidade de entrar para o elenco do programa da Xuxa quando ainda era adolescente. Hoje, já vários anos depois, Fernanda tem um currículo respeitável: ela participou de diversas novelas como "Kubanacan", "Pé na Jaca" e "Bang Bang", atuou no cinema em “Tropa de Elite”, “Zuzu Angel” e “Malu de Bicicleta” e, atualmente, faz parte do elenco das séries “Escolinha do Professor Raimundo” e “Mister Brau”, ambas exibidas pela Rede Globo .
Leia mais: "Tenho orgulho de ter chegado aonde cheguei sem ajuda", diz Cauã Reymond
Teatro
Fernanda de Freitas além de se dar muito bem em frente às câmeras, também faz bonito nos palcos e mostra que, quem sabe, faz ao vivo. Ela contou que de tudo que já fez, um trabalho que foi um divisor de águas na sua carreira foi a peça “ Ensina-me a Viver ”, que ficou em cartaz durante cinco anos. Ela confessou que, à época que estreou, era tão inexperiente que mal sabia por onde entrar, mas que, conforme o tempo foi passando, foi ganhando mais e mais segurança.
Em “Ensina-me a Viver”, Fernanda interpretou logo de cara três personagens simultaneamente. Ela lembra que no começo era uma bagunça e se atrapalhava nos bastidores – principalmente pelas trocas entre os papeis que interpretava. No final da longa temporada que ficou em cartaz, Fernanda já tirava de letra o que, inicialmente, era uma preocupação, mas nem por isso perdeu a paixão e a sensação que sentiu da primeira vez que subiu ao palco. “O teatro é uma eterna escola”, afirmou ela.
Leia mais: Sophia Abrahão faz desabafo sobre imagem vulgar da mulher na música
Entretanto, ela sempre esteve consciente sobre seu trabalho: apesar do sucesso da peça – que, como ela mesma lembrou, agradou muito os críticos e estava com a plateia sempre lotada – ela não poderia perder o foco do que estava fazendo. Para ela, atingir esse patamar tão cedo somente aumentou seu gosto pela atuação, mas que sempre existe o outro lado da história. “O sucesso é um lugar perigoso, a gente fica deslumbrado com aquilo”, disse ela.
Cinema
Uma das facetas da carreira de Fernanda está na sétima arte. A atriz fez parte do elenco de “ Tropa de Elite ”, interpretando a personagem Roberta, um papel de destaque dentro do filme, “ Zuzu Angel ”, como Ana Angel, filha da estilista, e “ Malu de Bicicleta ”, adaptação da obra homônima de Marcelo Rubens Paiva, onde viveu musa do protagonista.
Fernanda fica dividida na hora de escolher qual foi sua participação preferida no cinema. Ela afirma que, de toda sua carreira, “Tropa”, como ela mesma chama, foi o papel que mais lhe deu projeção, mas que, pessoalmente, elegeria “Malu de Bicicleta” como o mais importante.
Sobre “Tropa de Elite” ela comentou que, desde o momento que pegou o roteiro, sabia que seria algo grande – mas que não imaginava a proporção que isso ganharia depois do fim da produção. Mas, ela relembra que, na época, uma coisa que prejudicou muito a obra foi o vazamento do filme antes de sua estreia oficial. Ela acredita que a pirataria tenha afetado negativamente o impacto do filme quando ele foi lançado – mas, ainda assim, admite que nada que tenha feito na televisão ou no teatro gerou o mesmo reconhecimento que “tropa”.
Já “Malu” foi quase um acidente – Fernanda contou que estava cheia de roteiros para ler em casa, e, sem nenhuma pretensão, pegou “Malu de Bicicleta”. Depois da primeira página, ela disse que não viu o tempo passar e terminou tudo em apenas uma noite, e, assim, se viu apaixonada pela história de Marcelo Rubens Paiva e foi nessa hora que ela decidiu que estaria naquele filme. Feliz coincidência que, depois de conquistar o papel na produção, ela ganhou um prêmio como melhor atriz coadjuvante da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro.
Mesmo já tendo ido longe com os filmes que participou, Fernanda de Freitas não quer parar por ai: ela revelou que sonha em trabalhar com diretores Walter Salles , que levou o Brasil para o Oscar com “Central do Brasil”, Fernando Meirelles , de “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”, e Karim Aïnouz , responsável por “Madame Satã”. Durante a conversa, Fernanda não escondeu a admiração pelos três – sobretudo por Aïnouz, por ser um exímio roteirista, além de diretor.
Otimista, ela não poupa elogios na hora de falar sobre o cinema verde e amarelo, principalmente quando o assunto são diretores, atores e roteiristas, mas enxerga a falta de investimento na área. Ela provou falando da ausência de filmes nacionais em cartaz se comparado com filmes estrangeiros – para ela, quando sobra uma “salinha” no fundo dos cinemas já é uma vitória. “A concorrência é desleal. Hollywood manda”, desabafou a atriz.
Televisão
Fernanda de Freitas já está há nove anos longe das novelas – mas nem por isso está fora da televisão. A atriz participou de várias séries como “ Tapas & Beijos ” – e agora ela faz parte do elenco de “ Escolinha do Professor Raimundo ” e “ Mister Brau ”. Quando questiona se tinha preferência por comédia, ela disse que não, que as coisas apenas foram acontecendo e ainda defendeu o gênero – que muitas pessoas julgam que seja menor ou mais fácil. “ Comédia é pura matemática” disse ela sobre esse tipo de atuação e, ainda, admitiu que fazer as pessoas rirem é tão difícil quanto se emocionar. O “tempo da comédia”, segundo ela, é muito importante e é algo mais complexo do que se imagina de atingir.
Leia mais: "Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood" é para fãs dos Trapalhões e Didi
Em “Mister Brau” – ainda que a série tenha um tom descontraído – Fernanda vive Andrea, uma personagem no mínimo delicada de se encarar. “Essa personagem é um desafio”, contou ela quando falava sobre ter de interpretar alguém tão diferente de si e com a qual não se identifica. Andrea é racista, preconceituosa, homofóbica e elitista – nas palavras da própria atriz – e vive destilando seu ódio nos outros personagens.
Fernanda relevou que, em determinado episódio, pediu para alterar o roteiro porque achou que as ofensas que Andrea falaria eram pesadas demais – inclusive por se tratar de uma cena com crianças. “Fiquei chocada com o que teria de falar ali”, disse. Mas ainda assim ela enxerga a malvada Andrea com bons olhos, porque, apesar de todos os seus defeitos, ainda é uma pessoa com paixões e sentimentos e ela acredita que seja muito positivo para o público ter contato com essas características. Ela disse que acredita que os telespectadores entendem a crítica por trás da Andrea e precisam ter noção de que esse tipo de pessoa ainda existe aos montes por aí – e, por isso, vê a relevância dela estar ali.
Na terceira temporada da série ela precisou usar um acessório meio inusitado: uma barriga falsa. Em “Mister Brau”, Fernanda teve de interpretar Andrea grávida e disse que, apesar da emoção e do impacto que isso teve para ela, não mudou sua decisão sobre não ter filhos. “Nunca foi o grande sonho da minha vida”, admitiu.
Saúde invejável
A natureza favoreceu a atriz – baixinha, magrela e com traços finos, como ela mesma se descreveu. Mas isso não significa descuidar da saúde. O balé ainda faz parte do seu dia-a-dia, mas, agora, está na sua rotina de exercícios para manter a forma. “Não fico parada nunca”, disse ela em tom de brincadeira ao falar de sua rotina que, entre ensaios e gravações, sempre tem espaço para a saúde. Além disso, ela preza por uma boa alimentação e pela qualidade do seu sono e acredita que essas atitudes sejam fundamentais para manter seu estilo de vida. Entretanto, Fernanda de Freitas abriu o jogo e admitiu que faz massagens para melhorar a circulação. “Aos 36, as celulites começam a brotar”, comentou rindo.