O "Big Brother Brasil" já é praticamente uma tradição brasileira de começo de ano. Há anos o programa se reinventa para se manter na liderança e, no ano em que comemora sua vigésima edição, parece que o reality show da Globo acertou em cheio nos ingredientes para o sucesso.
Audiência
A primeira edição do " BBB " teve uma média de 40 pontos do Ibope por episódio na região da Grande São Paulo. Com o passar dos anos, no entanto, o formato foi se desgastando e, na última década, a audiência do reality caiu e ficou estagnada.
Mas parece que a edição 20 deu uma remexida nesse cenário. Segundo dados do Ibope , a estreia do "BBB 20" marcou 25 pontos, o que representa um aumento de sete pontos na comparação com a faixa das últimas quatro terças-feiras e três pontos a mais do que a estreia do "BBB 19". E a audiência se mantém com a dinâmica do jogo, que surpreende os telespectadores a todo o momento, e com um elenco de peso.
No dia da eliminação de Guilherme em uma disputa acirradíssima com Pyong Lee, na terça-feira (3), o "BBB 20" alcançou 28 pontos na Grande São Paulo. E, no Twitter, a vigésima edição do reality também alcança cada vez mais pessoas. Em 2019, a hashtag "BBB 19" teve 24,8 milhões de citações. Em duas semanas no ar, o "BBB 20" desbancou o anterior, tendo mais de 28 milhões de tuítes. E contando!
Ingredientes para o sucesso
Não é sempre que a Globo dá essa sorte. Com participantes mornos, algumas edições do programa enfrentaram audiências ruins e fizeram o público quase dormir em frente à telinha, a exemplo do "BBB 19". Segundo Sérgio Santos, especialista em televisão e autor do blog "De Olho nos Detalhes", "um bom elenco com personalidades fortes para embates e rivalidades ao longo do programa" é um elemento bastante importante para o sucesso do "BBB 20".
A ideia é estabelecer narrativas, assim como nas novelas. E isso a vigésima edição do programa teve e tem de sobra. Seja a briga entre as blogueiras Bianca Andrade e Rafa Kalimann, o romance entre Gabi e Guilherme (com Victor Hugo de vela), a briga de egos entre Pyong Lee e Felipe Prior, a trama das "fadas sensatas" versus "chernoboys" ou a reviravolta que ocorreu no "BBB 20" com a chegada dos participantes na casa de vidro.
Pensando em comemorar a marca de 20 edições do " BBB " em grande estilo, a Globo não poupou recursos para isso. Uma das ideias da emissora foi chamar pessoas famosas, com um grande número de seguidores nas redes sociais. Fora várias inovações que surgiram ao longo do programa.
Para Sérgio, isso pode ter dado certo, mas isso não quer dizer que o elenco anônimo deixou a desejar na trama ."A ideia de chamar influenciadores funcionou porque são eles que deram o início ao jogo de fato, mesmo que alguns involuntariamente. Depois os anônimos aderiram e a temperatura esquentou. O ponto alto foi a virada com a chegada da dupla da casa de vidro confirmando que Marcela estava certa na briga com o trio machista. Uma catarse digna de capítulo 100 de um ótimo folhetim."
Sobre uma possível "data de validade", o especialista diz que o programa virou a solução perfeita para a Globo . "Gasta-se muito pouco com o programa e fatura-se muito. Ainda preenche o espaço da programação durante as férias", afirma, confiante de que o programa prossiga por, quem sabe, mais 20 anos.
Sucesso as custas da saúde mental dos brothers?
Para dar certo, o reality tem que contar com um elenco de peso que seja capaz de criar histórias para distrair o público. Mas, enquanto servem de entretenimento, como fica o psicológico dessas pessoas?
Segundo a psicóloga Andréa Ladislau, "são pessoas que perderam sua privacidade, estão sendo monitoradas 24 horas por dia no BBB, estão confinadas e, naturalmente, vão produzir o que o público quer ver: agitação. Uma agitação produzida pelo estresse, pela irritação, pelo medo, angústia, insegurança e pela intimidade devassada. Tudo isso são ingredientes importantes para alimentar e aguçar a curiosidade alheia e assim, prender o telespectador, com uma pitada de tensão e muita inquietude".