Produção teme que recuperação na audiência do reality se esvaia com ausência de intrigas, enfrentamentos e personagens realmente interessantes
Aquelas duas primeiras semanas foram intensas. Barracos, triangulo amoroso, redes sociais convulsionadas com denúncias de pedofilia e assédio, articulação e combinação de votos logo na largada e acirramento entre participantes com visões de mundo bem distintas. O "BBB 18"
prometia ser o "BBB" mais explosivo e inflado em algum tempo. Talvez tenha sido só uma ilusão.
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Completando um mês no ar nesta quinta-feira (22), o programa parece ter estagnado. Não há intrigas, as articulações são rasas e pontuais e não há protagonistas formais do programa. Parecer haver um movimento contra Gleici e Mahmoud, mas ele não surge convicto e parece mais desenhado por um grupo que se formou com inafeição a eles, caso de Caruso, Diego e companhia. A produção do "BBB" dá pistas de seu descontentamento com o elenco. Na última tarça-feira (20), Tiago Leifert ostentou inesperada dureza no trato com Nayara, que passou a se insinuar - ainda que desajeitadamente - mais no jogo depois de uma primeira intervenção no jogo do apresentador convidando os jogadores "a se jogar mais" no reality.
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A fala de Leifert, de que ninguém está preocupado com representatividade, pegou mal do lado de fora da casa e parece não ter surtido o efeito desejado dentro da casa. É sabido que a produção se preocupa sim em espelhar diversidade e representatividade no elenco, assim como congregar visões e experiências de mundo distintas. O plentel dessa 18ª edição reflete isso com clareza ímpar. No entanto, em um reality tão longevo esse estranhamento entre produção e participantes é um sinal de desgaste, apesar da recuperação de audiência.
Vícios antigos
O brasileiro continua votando mal do ponto de vista do jogo. Nesse sentido, com exceção da eliminação de Mara na primeira semana, todas as outras eleminiações - Jaqueline, Ana Clara e Nayara - se mostraram potencialmente ruins para a evolução do jogo. Principalmente de Jaqueline, que parecia disposta a partir para o embate com qualquer um e fazia um jogo, no sentido de que tudo que faz dentro da casa pode ser percebido como tal, franco e aberto. Nayara vestia a carapuça da representatividade e atuava como ombudsman dentro da casa e pagou o preço por ser "chata".
Articular votos continua sendo mal visto e justamente por isso figuras como Diego, Viegas, Caruso e Patrícia devem ser eliminados tão logo apareçam em um paredão. Já Kaysar, Breno, Paula, Jessica, Wagner e Gleici podem assumir favoritismo absoluto a qualquer momento do jogo, justamente porque evitam se comprometer ao extremo. Lucas pensa que faz o mesmo, mas o "fiel de Taubaté", como é chamado carinhosamente pelas redes sociais, não conseguiu ser "planta" direito na casa.
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O reinado das plantas
Espere por mais dinâmicas de jogo da discórdia, disputas de liderança com provas de resistência, punições mais frequentes por infrações e outras intervenções da produção para rearranjar um jogo que parece plenamente arrefecido. A estratégia de ser planta é válida e precisa ser respeitada, do ponto de vista do jogador e da audiência, mas para a produção este é o pior dos cenários.
O antagonismo que está posto no "BBB 18" é que a maior parte dos jogadores sabe que bancar a planta pode significar uma proximidade maior da final do reality e do prêmio de R$ 1,5 milhão, enquanto que Boninho e sua trupe sabem que planta faz fotossíntese, mas não dá audiência.